30 de março de 2010

tAnTo


Porque sou eu tanto na solidão de mim?
No desencontro das horas por entre os braços que se estendem sedentos... Histórias, percursos e labirintos perdidos no meu peito em infinitos alentos...
Porque sou eu tanto no silêncio dos teus gritos?
No cansaço das esperas e das correntes de fomes e tormentos... Apenas vagabundo preso nos seus próprios pensamentos...
Porque sou eu tanto tanto na vida desta maré?
No calor sufocante de todos os lamentos... Sou eu, sim, e cativo me mato por todos os momentos...

28 de março de 2010

DeMiMaTi

Dos teus olhos tristes levo o silêncio. O cansaço. E deixo-te a palma da mão a acenar-te.
Do corpo envelhecido as saudades. A voz rouca. E deixo-te um poema; toda a arte!
Do teu passo pesado choro em ti. O vazio de tanto. E deixo-te o meu leito aberto.
Dos teus sonhos sei também! A vida. E deixo-te a mim, assim, sempre perto!

27 de março de 2010

aCoRdArEmCaDaDiA

Se a tua mão voasse pintava um rio de Sol no meu olhar. De cheiros a pele florida pelo toque do nosso sangue sempre quente. Se a tua mão voasse, no meu corpo a cantar... Como um pequeno colibri ou borboleta a sorrir a toda a gente. Se o teu sorriso fosse um verso cada poema uma nova paixão. De novos sonhos e trilhos de abraços que nos unem em eterna magia. Se o teu sorriso fosse um verso, no meu peito feito leito desfeito refeito a direito em vulcão... Que desta vida, meu amor, gosto de te acordar em cada dia!

25 de março de 2010

oVeNt0éStU

Grito mais um sufoco de mim
Sempre que me penetras os versos
Afogo todas as cores do meu jardim
Em memórias e sonhos adversos
Não te quero de véu ou mesmo nua
Sabes bem que o meu trilho é canção
Mesmo forte, cada beijo atenua
O sangue que me ferve na inquietação
Solto depois o mesmo perfume, a nota musical
De voz rouca, sorriso em doce desassossego
Volto a história do avesso, o bem e o mal
Cada novo poema que assim carrego
Vão as marés à tua procura, na certeza da despedida
Qual Deusa do desejo, fera ou belzebu
Nada é tão importante nesta medida
De saber que o vento és tu!

23 de março de 2010

uMaPaLaVrAeOuTrA


Roubo-te uma palavra debaixo do vento Que o meu sangue embriagado chora A minha alma adormece, empobrece e demora Em cada segundo do teu passo ainda lento Corres em mim como rio e tempestade Um trilho secreto, sem tempo nem idade Com que me consomes todos os dias Entre as dores e as correrias... Canto-te outra palavra dentro do olhar Profundamente em brasa como uma onda que fica Tatuada na areia para sempre, pobre e rica Na lágrima brilhante que reflecte todo o mar Marcas o teu beijo, íris do abraço Um verso mais que descubro e desfaço Que me cobre o corpo e invento Dentro do olhar, debaixo do vento...

21 de março de 2010

eXiStE

Existe um amor em cada passo. Em cada olhar.
O meu corpo é marinheiro. O teu sabe navegar.
Existe um beijo em cada mão. Em cada procura.
O meu sangue é fogo. O teu ternura.

Existe uma voz em cada silêncio. Em cada solidão.

O meu caminho é peregrino. O teu apenas chão.
Existe um sopro em cada grito. Em cada salto.
O meu manto é pele. O teu asfalto.
Existe um poema em cada abraço. E assim persiste.

Por isso eu sou tudo isto. E tudo isto existe!

19 de março de 2010

m0íNh0


Sei do vento ao adormecer. O meu rosto é um manto que os teus beijos abraçam. Como se fossemos moinhos da mesma paisagem...
.
.
.
.
.
.
.
.
.
.
.
.
.
.
.
.
.
Imagem oferecida por uma amiga.

17 de março de 2010

rEsTa-Me


Resta-me este silêncio para te gritar
Um fogo que me queima de saudade em saudade
E me deixa perdido no meio deste esperar
E me tenta um novo poema rompido e sem idade
Porque este silêncio que me resta assim
É o que transforma as flores em jardim...

Resta-me este silêncio para te ter
Um sonho mais que vivido e sempre presente
Que me deixa morto ainda sem morrer
Que me tenta uma outra vida em ardor quente
Porque este silêncio é um nó que me abre até ti
E que em jardim, fica em vento, sempre por aí..

15 de março de 2010

c0(a)NtA-mE

Conta-me dessa morte outra vez. Desse instante que passou e ficou. Tatuado no futuro eterno. Canta-me os sons das lágrimas e do sangue a ferver. Do abraço fecundo e do beijo sempre terno. Conta-me essa nova vida desses dias que passam aprisionados num corpo ainda ferido. Canta-me o rosto o sorriso o mel com que me invento só por te ter perdido. Conta-me o nome das coisas como se tudo fosse outra fome que não é. Canta-me ao ouvido, porque a tua partida, ainda me dói neste vai-e-vém. Como uma maré.

12 de março de 2010

eMcHaMaEmNóS

O meu beijo é o mar.
O meu abraço um pouco de tanto!
Percorro-me nesta estrada de ir e ficar,
De volta a cada onda que invento e canto.
O meu beijo é um rio.
O meu abraço margens de aconchegar ternura!
Adormeço em versos de vento vadio,
Só por amor e paixão, encontro e procura.
O meu beijo é um poço de nós entrelaçados.
O meu abraço um sonho de vida aberta!
Por isso te chamo nesta voz dos caminhos já cansados,
Porque em chama, toda a hora, é mais-que-certa.

10 de março de 2010

sEmEnTe


Sirvo a minha noite num silêncio tão forte
Uma saudade e mais outra e nenhuma
Viajo perdido entre a vida e a morte
Entre a onda e a espuma
Uma espécie de embriaguez em passo lento...
Só porque sou um pouco de ti, de mim e do vento.

Solto a minha voz em gritos tão doces
Uma solidão de amor, poeta vagabundo
Percorro todas as flores como se fosses
O abraço todo do mundo
Aroma de pele, vinho e alimento...
Só porque sou um pouco de ti, de mim e do vento.

Carrego-me assim sem medo, com prazer
Entre o poema e as distâncias de nós
Porque tudo é semente por florescer
Porque tudo é vento, eu, tu e nós!

8 de março de 2010

ExIsTeUmSiLêNcIo


Existe um silêncio no meu grito
Uma onda que pousa numa lágrima de abraço
Trago na voz e no olhar de ontem
Todas as cores de um calor que ainda hoje traço
Existe um silêncio no meu grito
suado sufocado mais que predicado
Porque sempre que te espero e não vens
É como se o meu grito fosse de novo um silêncio calado...

3 de março de 2010

eStAsAuDaDeQuEjÁnÃoAgUeNt0


Se o meu olhar pousasse em ti
Aconchegado e inquieto...
Um pouco de mim em ti,
Um canto de amor secreto,
Voaria pela corrente do vento
Gritando esta saudade que já não aguento...
Se a minha voz pintasse em ti
O calor do tempo a passar...
Um pouco de mim em ti,
Uma tela reflectida nos silêncios do mar,
Choraria cada solidão, cada sofrimento
Gritando esta saudade que já não aguento...
Se o meu nome chegasse a ti
De novo e a cada instante,
Um pouco de mim em ti,
Apenas um abraço, o mais importante
Me serviria de alimento
Para esta saudade que já não aguento...

2 de março de 2010

aVeNiDaAbAiXo

Percorro a avenida deserta na manhã de nevoeiro. Não vou a lado nenhum. O tempo não existe. Sei que do outro lado da estrada não estás. Pouco me inquieta mais que o silêncio dos meus passos perdidos. Procuro o leito do rio para me abrigar. Nada melhor que a certeza das margens para perder o medo. Também não interessa. Não o sinto. Deixo-me simplesmente avenida abaixo, grito sufocado e sem nada no corpo. Não estou nu. Existo apenas avenida abaixo. Vagabundo nos sonhos que passam ou ficam. Talvez um chilrear me acorde. E aí consiga voltar a olhar-te nos olhos e dizer-te que um dia te desejei mais que o próprio caminho!

1 de março de 2010

DeIxA-mEcHoRaR-Te

.
.
.
.
.
.
.
.
.
.
.
.
.
.
.
Deixa-me chorar-te até inundar todo o mundo!
E depois cair e morrer.
Saberei de novo cantar para renascer
A cada lágrima com que me alimento e inundo.

Deixa-me chorar-te sem ter medo de nada!
E depois ao cair, adormecer.
Saberei de novo pintar um sonho e perder
Cada lágrima com que enfeito a noite silenciada.

Deixa-me chorar-te e gritar até queimar a rouquidão!
E depois adormecer e morrer.
Saberei de novo que a vida se refaz ao refazer
A cada passo cruel desta forte imensidão.

Deixa-me chorar-te e não me tenhas pena nem dó!
E depois ao adormecer, acordar.
Saberei de novo o fogo de te querer abraçar
Cada passo com que me entretenho tão só.

Deixa-me chorar-te, simplesmente.
Sem perguntas nem outras ternuras.
Só te quero chorar...

oTeMp0

O tempo que passa Leva uma flor ao vento Que se faz poesia e raça Fonte, porta e lamento Curva-se o peregrino Sem ter medo da desgra...