29 de janeiro de 2012

LáGrImAs0lTa

Levo nas águas cada minuto
O tempo é todo o meu respirar
Lágrima de um manto colorido e enxuto
Que cobre o meu peito só por amar

Os passeios, cais de viagens de mão dada
As janelas, abertos sonhos de nos pintar
Lágrima de sorrir os poros da madrugada
Que cantam a força que traz este acordar

Bom dia, novo dia a ferver já
Como um bailarino que se perde só por dançar
Lágrima minha, és o sangue que corre de cá para lá
Solto e quente, roda gigante sobre o nosso olhar!

25 de janeiro de 2012

SoLiDã0

Encontrei a solidão na palma do meu canto
Rumei ao inferno atrás de um rio escuro
Nada me implicou assim, por mais que tanto
No fervilhar mágico de um toque tão puro


Roubei o infinito às estrelas
Escrevi o céu em sangue solto e quente
O meu nome, perdido por entre as flores mais belas
Trai-me o sonho que ainda me alimenta este presente


Chorei as horas do tempo assim tricotado
Janelas e encruzilhadas de encontro ao teu olhar
Grito a parede suja, nesse beco abandonado
Aberto ao parto sofrido de uma onda do mar


Parei a morte no prenúncio do vento frio
Estremeço na vida vagabunda da inquietação
Todas as voltas nas cores de um forte e frágil arrepio
Brotam dos momentos em que de novo encontro a solidão

24 de janeiro de 2012

vIaGeM

Não quero acordar. Fico-me no embalo da serpente que me viu nascer. No tempo que passa junto à pele para tatuar o seu cheiro. Refúgio do amor mais puro. Na dança perto do azul das árvores como se brincasse junto numa pista de gelo. Labirintos, carreiros, largos olhares sempre a passar... O meu sangue respira cada pedaço dessa alegria funda.

17 de janeiro de 2012

qUe

Que o tempo entra por mim eu sei!
Cobre-me o ventre e fecunda outra vez
Todas as memórias que ainda não matei
E me deixa moribundo perto do que já se fez...
Que o sangue queima o rosto por sorrir!
Lambe-me as lágrimas e depois desaparece
Cada canção outra faz-se ao mar sem se ir
E depois ferve no manto que a minha alma tece...
Que os versos se pintem cá dentro fortes e loucos!
Julga-me as voltas que o mundo dá em mim
E os abraços sempre tantos, sempre poucos
Como flores que se inventam em mais um jardim...
Que as vozes da paixão sejam marchas de beijos ao vento!
Grita-me os sussurros em palavras de amor
Pode ser que se faça trova em cada momento
Nas curvas que nos meus passos me fazem cantor...
Que as histórias te chamem aos labirintos para renascer!
Caminho-me por fora dos aromas que na minha pele se deitam
E as curvas dos lábios são partos que renascem ao nascer
Por entre os pequenos passos que na minha vida se enfeitam...

15 de janeiro de 2012

fAz-tE

Faz-te ao mar! Existem as tempestades... Que gritam ao teu passar Mentiras, fantasmas, verdades... Tudo o que a vida balança Faz-te ao mar da esperança! Faz-te ao mar! Existem as praias belas... Que pousam na rede do teu cantar Fogos, poemas, aguarelas... Tudo o que a vida deixa a nu Faz-te ao mar, que o teu futuro és tu!
 
6 fevereiro 2011

13 de janeiro de 2012

CaNçÃo

Será vento, será mar
A janela que abro em ti
Forte o tempo que faço chegar
Mesmo quando não estou aqui

Sirvo um cálice de paixão
Por entre versos que a noite traz
Encho o leito em cada chão
E no amor que a gente faz

Canto a dor que dói e chora
Quando os rios ficam calados
Porque o medo de te ires embora
Sangra os meus passos já pesados

Será vento será mar
A janela que abro em ti
Forte o tempo que faço chegar
Mesmo quando não estou aqui

Pinto um sol e todo este céu
Nas planícies do abraço mais profundo
Que tudo pode ser teu e pode ser meu
Quando nos damos assim ao mundo

Danço-te o corpo como quem beija
Praias de viagens que nunca têm fim
Porque tudo o que um homem quer e deseja
É deixar-se ir quando se é amado assim

Será vento será mar
A janela que abro em ti
Forte o tempo que faço chegar
Mesmo quando não estou aqui






9 de janeiro de 2012

cArLoS

Deixa que o mar te leve, irmão
Ao som dançante de uma viola
Nos calos que os dedos pintaram na tua camisola
Forte como tu, ao sabor da tua paixão!
Deixa que o mar te leve e te marque para sempre no meu coração.

8 de janeiro de 2012

m0rReRtAnTo

Sentada no cais da tua viagem, ficas a olhar 
Calas o sofrimento e sussurras mais uma lágrima tua
Sangras o passado por entre cada barco a passar
E nessa hora desejas-te livre, embriagada e nua

Gritas o seu nome no alto da tua cidade
Mas nunca gastas o destino de tanto amar assim
No toque do bailarino corres pelos tons da tua idade
Encontras outra solidão, de novo, perto do fim

Não vale a pena morrer tanto, dizem-te ao ouvido
A vida é feita de ti e das migalhas que cada sorriso tem
Chega! Entra no porão desse navio vadio e perdido
E no embalo desse nada que fica, encontra um tudo que vem!

7 de janeiro de 2012

a0pAsSaR

Onde está a nossa alma? Sim. A nossa alma. A que se cansa nas palavras e se atormenta nas memórias
nas saudades
nas vontades
e
verdades.
A que se move dentro de nós consumindo-nos o sangue e as veias de tanto girar.
Como o mundo nas mãos de alguém? Talvez.
Nas carregadas mãos da enxada ou da foice que a caneta também pesa e faz calos.
Porque é que a alma anda assim? Forte e pequenina ao virar de cada lágrima do tempo a passar entre os que ficam e os que vão.
Perto.
Tão perto de nós que nos queima!
 
 
 
25 de setembro de 2007

5 de janeiro de 2012

(t)(m)Eu

Leve como um desejo,
Perto como este sonho,
Aromas de um manto que se teceu!
Cada pedaço deste dia é um olhar teu...

Forte como uma árvore,
Feliz como o vento,
Cantos do alto do amor que nasceu!
Cada pedaço desta noite é um toque teu...

Inquieto como uma onda,
Fundo como a água a correr,
Versos que o meu toque amanheceu!
Cada pedaço deste dia é um sabor teu...

Grande como o mundo,
Deslumbrante como um amante,
Caminhos que se pintam nos jardins do querer meu!
Cada pedaço desta noite é um beijo teu!

Pouco, muito, tudo, tanto...
Solto, rente, louco, livre...
Cada pedaço do quanto ainda não se escreveu
Será este respirar que se faz meu e teu! 

4 de janeiro de 2012

LaBiRiNt0

Que a força dos meus sonhos me traga a paz
Na cintura de um vagabundear embriagado.
Valsa de um tempo de céu dançado
Onde o meu pulso tudo constrói de tanto ser capaz!

Que o ritmo dos meus cantos ardam em cores
No olhar que a corrente da minha pele me dá.
Cada rio inventa outras fontes entre cá e lá
E o meu pulso funde-se nos degraus dos seus próprios tremores!

Que os abraços contem histórias de encantar
Dos segredos da floresta e tudo o mais.
O meu peito brilha consigo os seus sinais
E eu, no pulso de mim, faço-me vento, jardim e mar!

Que os poemas se rompam em ecos de tudo ou nada
Leves troncos pesados deste chão quente que arde.
Alma de um coração que ferve sempre que se fazendo tarde
Deixa que cada noite acorde o pulso com que recebe a madrugada!

Que a minha voz não se cale! Estou cansado e preciso de um grito
Com que se pintem as vontades que o meu corpo seduz.
Sedento de mel, espaço de aconchego e luz
Onde o meu pulso adormece os silêncios de um navegar ainda aflito!

Que nunca me pesem os dedos na procura dos versos meus
Rouquidão feita tempestade e lagoa de flores coloridas.
Ávido na inquietação das palavras soltas e perdidas
O meu pulso renova-se e germina na pele dos toques teus!
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São apenas letras que se juntam ao acaso ou um labirinto de fuga?

1 de janeiro de 2012

DiA1

Deixaste uma lágrima na onda do mar.
Fizeste do tempo um canteiro sem flores
E depois, nunca mais te ouvi cantar
A liberdade e as suas tantas cores...

Perdeste na memória os versos do caminho.
Ventos, tempestades, silêncios e os ecos dos sonhos teus
E depois, nunca mais chegaste de mansinho
Sem medo de um dia me dizeres adeus...

Calaste no toque do leito os gritos da aflição.
Correntes de um rio que teima em se perder
E depois, quem sabe, nas margens da tua eterna solidão
Consigas encontrar o verdadeiro tom do teu parecer...

Largaste no monte a voz, a pele... toda a tua essência.
Como quem pega num filho na hora do primeiro abraço
E depois, choras cada minuto da tua própria ausência
Nos partos que te pintam os sabores no teu cansaço...

Quiseste a vida, numa morte rouca tão presente.
Pedra a pedra, erguendo os soluços da tua morada
E depois, na embriaguez de tudo o que ainda se sente
Explodem fogos pela noite e ternuras pela madrugada...

Corre, vagabundo, pelas ruas desertas que inventas!
Sangra-te outra chaga para de novo conseguires:
A paz e o amor, que procuras e sempre tentas
Mesmo quando sofres assim sem nunca te ires...

oTeMp0

O tempo que passa Leva uma flor ao vento Que se faz poesia e raça Fonte, porta e lamento Curva-se o peregrino Sem ter medo da desgra...