30 de setembro de 2011

DiAnTeDoSiLêNcIo

Diante do silêncio, surge a palavra. Eterniza-se na parede mais uma vez. Como tijolo ou cimento. Num edifício que fica e tapa o mar. De um lado, a escuridão de tanta gente a passar. Do outro, um campo de sonhos plantados desde sempre. Por cima, um céu todo cobre-o e abraça-o potente. Por baixo, o estrume que faz germinar todas as sensações. Ninguém dança. Ninguém canta. Nada se mexe em tamanha velocidade que não deixa perceber o que se vai passando. Nem os gritos aflitos da besta ou o choro terrível da solidão se perde. Tudo se encontra diante do silêncio. Palavra a palavra...

29 de setembro de 2011

0mEuLuGaR

Não me devolvas o silêncio se tens um grito no peito
Não corras na praia para longe, não.
Há um caminho de flores que nunca será desfeito
Nem no azul do mar, nem no tudo da solidão.

Não me entregues a dúvida se tanto há a dizer
Em cada esquina de um casulo pintado p'la nossa mão.
Deixa que chova na terra e que nunca pare de ferver
Nem no azul do mar, nem no tudo da solidão.

Regressa pelo tempo dos sorrisos... só assim vale a pena
A jaula dos sonhos é uma viagem em contramão
Por isso o meu lugar é esse, junto ao Sena
Perto do azul do mar e do tudo da solidão!




25 de setembro de 2011

AsCoReSdEMiM

Escrevo as noites e os cheiros
Entranhados no meu corpo macio
Como quem navega os sonhos primeiros
Nas águas claras de um rio

Dou à margem beijos e abraços
Tão fortes em sorrisos de liberdade
E canto a ternura em todos os passos
Que me levam até ao mais fundo da cidade

Deixo na foz sementes de ternura e prazer
Só porque existo nesta essência de ser jardim
Quando o tempo me faz voltar a nascer
Sempre que regresso de novo a mim

Mais um toque, uma gargalhada
A minha vida é um poema eterno que se canta
Entre este tudo inventado numa estrada
Que me cobre no seu rendilhado e me espanta

São cores de azul nos labirintos onde descobri
Nesta paisagem de ir e vir ainda
As certezas que me fazem estar aqui
Dentro, sem medo, na história mais linda!




22 de setembro de 2011

EsTeLaDo

Segreda-me o teu nome no mais fundo de mim
Faz de conta que existe mesmo um tempo forte
Depois, deixa-me voar num qualquer rio sem fim
Só para poder dizer que não sei da morte...

Canta-me o teu segredo no canteiro da minha vida
Como se fosse uma flor apenas, novamente a nascer
Depois, faz ecoar essa tua dor cansada e perdida
Que um dia cobriu todo o céu que havia por viver...

Rompe-me no peito as chagas vermelhas do amor
Que o meu amanhecer é um sorriso. Mesmo ao passado.
Por isso, na voz que se pinta na infinita cor
Há o eu, o tu, o nós que fica sempre deste lado!

18 de setembro de 2011

pArTiDaDeChEgArPaRaFiCaR

Espera-me na margem do rio, junto ao cais. Sabes que é lá que me encontro. De olhos pousados nos sonhos. De mãos fortes. O corpo ainda quente... Não te esqueças de que o rio - aquele rio - é onde moro. Mesmo longe do mar e no meio da grande cidade luz os silêncios são as marés que respiro. Encontra-me na margem do rio, junto ao cais. Vento meu que danças na pele das viagens. Existem noites que cobrem todas as palavras e dias que se inquietam em todas as ausências. As águas, a terra que faz florir os reflexos. Os barcos, os sorrisos e as lágrimas que a vida tem. Os passos adiante. O descanso encostado à parede. Os olhos que ficam... Nesta partida de chegar para ficar.

16 de setembro de 2011

SeR-tE

Vamos cantar um abraço Guardado para sempre na nossa mão E juntando pedaço a pedaço Dessa saudade irmão O mar irá abrir-se como sempre em nós E os rios doidos, numa dança perto da foz, Como um manto de nos cobrir Esse canto abraço ainda por vir...
Vamos abraçar uma cantiga Que trazemos no peito eternamente Na ternura que é a nossa mais antiga Forma de caminharmos para a frente O Bailarino, Valdemar ou Secreta Aguarela De novo pintados nesta nossa tela Onde tudo tenho, tudo posso Neste canto abraço sempre nosso!

14 de setembro de 2011

cHaVe

A porta vai bater!
Como quem atira um suspiro...
O meu peito, esse, só sabe arder
Em cada segundo que, mesmo chorando, respiro.

Ficam os gritos,
Tombam os sonhos,
Cantam as aves,
Ouvem-se os cacos aflitos
Que rompem os sorrisos medonhos
No desassossego dos gestos suaves
Que talvez saibam acontecer...
A porta vai bater! 

O ramo vai partir!
Como quem morre outra vez...
O meu sangue não quer mentir
Pintado numa tela que já se desfez.

Guardam-se os passos,
Chama-se o veludo,
Carrega-se o manto da vida,
Entoam-se os poemas  dos estilhaços
Que navegam perdidos entre o nada e o tudo
E não se juntarão à deriva
Só para de novo existir...
O ramo vai partir!

12 de setembro de 2011

c0nTa-Me!

Conta-me do sonho
Conta-me da ilusão
Não me contes da realidade
Da realidade, não!

Sei do tempo que me escapa
Em cada silêncio medonho
Por isso me inquieto em cada etapa
Conta-me do sonho...

Sei da morte e da vida que escorre
No poder da minha respiração
Por isso me entrego e nada me socorre
Conta-me da ilusão...

Sei da pele que os caminhos cantam
Nos labirintos da noite na cidade
Por isso há ventos que ainda me espantam
Não me contes da realidade...

Sei que um dia serei feliz
Sei mesmo, sem hesitação!
Por isso vivo na busca do que sempre quis
Da realidade, não!

Conta-me tu agora e sempre
Conta-me sem nunca (me) hesitar
Não percas o tempo nas palavras ditas
Pela ilusão que ainda te faz sonhar!

8 de setembro de 2011

oNdEm0rAaEtRnIdAdE?

Onde mora a eternidade?
No peito dos poetas...
Na alma dos amantes...
Na calçada mais sensata da cidade?
Onde mora a eternidade?
Na agenda do sol...
No volante urgente...
Na memória de cada idade?
Onde mora a eternidade?
Nos gritos soltos...
Nas canções...
No desejo forte, na vontade?
Onde mora a eternidade?
Na fascina de olhos fechados...
No labor de um orçamento...
No peso louco da realidade?
Onde mora a eternidade?
No amor que se faz...
Nos leitos carregados...
No abraço de cá da felicidade?
Onde mora a eternidade?
No que faço...
No que penso...
No que quero...
No que sinto...
No que encontro...
No que procuro...
No que perco...
No que conquisto...
No que cuido...
No que invento...
No que passa...
No que fica...
No que existe...
(mesmo que triste)
No que os meus lábios derretem para construir paredes e castelos por entre os canteiros que surgem mesmo que por vezes não se tenha a devida atenção de perceber que para além, muito para além de cada segundo da identidade mora toda a minha eternidade!

6 de setembro de 2011

PeRfEiToDiA

Talvez do outro lado uma voz a chamar
"Encontra-me. Devolve-me a noite e o vento desfeito."
Então o salto. Outra vez nos silêncios do meu cantar
Consigam transformar o infinito num dia perfeito!

Talvez do lado de lá a espera da eternidade
Assim como um mel que nos escorre na pele a eito.
Então o verso. A lágrima que se inunda em felicidade
De tudo se transformar no infinito de um dia perfeito!

Talvez do lado de cá a ternura que vai e vem
Pela autoestrada que às vezes me sangra no peito.
Então o grito. A solidão de uma saudade que ainda não tem
Todas as cores com que se pinta o infinito de um dia perfeito!

2 de setembro de 2011

No0lHoDoSoNh0

No olho do sonho vê-se tudo:
.
.
Cada pequeno pedaço da imensidão
O mar aberto em tamanho coração
Os versos todos de uma canção
Os sabores que se inventam na paixão
Os rios que correm soltos em sorrisos de veludo...
.
.
No olho do sonho vê-se tudo!

oTeMp0

O tempo que passa Leva uma flor ao vento Que se faz poesia e raça Fonte, porta e lamento Curva-se o peregrino Sem ter medo da desgra...