24 de setembro de 2017

aTuAaUsÊnCiA

A tua ausência morde-me o tempo e já não sei muito bem contar. Contar os dias que faltam ou contar os passos obrigatórios. Sabes que o meu caminho é feito de embriagados gritos e de ti. Mas a tua ausência morde-me...
A tua ausência consome-me o ar e já não consigo muito bem respirar. Respirar as flores que pinto ou os beijos das mãos. Sabes que o meu caminho é feito de pele e de ti. Mas a tua ausência consome-me...
A tua ausência rouba-me os sonhos e já não sei muito bem das histórias. Histórias de mentiras e de verdades, de pequenas viagens ou eternas falésias. Sabes que o meu caminho é feito de versos e de ti. Mas a tua ausência rouba-me os sonhos...
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A tua ausência é um lago parado na planície. E as suas águas não se renovam. Não existem algas nem marés nem pés descalços nem pedrinhas a saltitar nem reflexos nem o chilrear de um filho ou o suor dos amantes...
A tua ausência, por ser tua, também me afasta de mim.

12 maio 2011

23 de setembro de 2017

AsSiM

Partir na saudade vagabunda e solitária
Encontrar as marés todas
Arrancar do coração as ervas secas
Escorrer sangue na ponta dos dedos
Caminhar turvo
Ter os olhos abertos
Cantar
Escrever também
Porque nada se foi nem nada morreu:
Assim estou eu.

21 de setembro de 2017

hIsTóRiAbAnAl

Existe no campo de batalha, bem no meio do campo de batalha, uma pequena raiz, marcada pelo tempo. É rija e experiente, a pequena raiz. O campo de batalha é, como todos os campos de batalha: um local de mortes e moribundos, mentiras e gritos, raivas e sonhos, lama e vazios. Aquela pequena raiz bem no meio do campo de batalha vai resistindo às inúmeras guerras que por ali passam. Guerras sem sentido e guerras de amor. Guerras de cegos e de loucos. Guerras. A pequena raiz dará flor, como sempre deu. Não se sabe por quanto tempo haverá cor e cheiro no campo de batalha, mas esses momentos serão únicos e mágicos. É sempre uma bênção o nascimento de uma flor. Quando ela sorri ao sol ou dança ao vento, a flor do campo de batalha parece ainda maior e mais única e mais mágica. Mas de novo regressará à pequena raiz, enterrada bem no meio do campo de batalha. Ficará à espera. E de novo será flor. E é sempre assim. Não acabarão os campos de batalha nem as raízes. Por isso esta é uma história banal.

11 de setembro de 2017

rEgReSs0a2012...

As palavras que perdem o sentido no vento são como pequenas pétalas de fino papel: tremendamente belas, parecem eternas, mas acabam por morrer como uma borboleta.

17 setembro 2012

oTeMp0

O tempo que passa Leva uma flor ao vento Que se faz poesia e raça Fonte, porta e lamento Curva-se o peregrino Sem ter medo da desgra...