29 de junho de 2011

oDaNçAnTeEmBaLaRd0mEd0


Risco no céu perdido sobre o passado Canção em tom forte, doce e magoado Que treme nas mãos, em segredo Eis o dançante embalar do medo... Frente tempestade sob o corpo cansado Em negras cores de um jardim amaldiçoado Que nos passos, se perde do enredo Eis o dançante embalar do medo... Rouquidão sôfrega de uma voz num tempo silenciado Tudo grita as correntes deste rio que corre parado Que a alma se asfixia por entre o areal e o penedo Eis o dançante embalar do medo... Regresso da inquieta ternura num corte ensanguentado Como nas ausências vertigem de um punho quente e suado Que nas lutas nunca há tarde e nunca há cedo Eis o dançante embalar do medo...

28 de junho de 2011

mArÉ


São sombras voltadas do avesso
Pedras do rio que me inunda de tanto
Minha voz é muito mais do que pareço
Deste chão que piso, cheiro e levanto

São silêncios em cada aragem que passa
Pelas águas que turvam sonhos e gritos
Minha dor é muito mais do que a ameaça
Dos secretos passos nos dias aflitos

São vazios no calor, almas sedentas
Nas margens da inquietação fervente
Minha história, nuvens brancas e cinzentas
Do tempo reinventado forte e ardente!

24 de junho de 2011

dEsTeSiLêNcIo

Deste silêncio que o dia levantou
Inquietação que o meu sangue derramou
Junto ao forte mar que se abre em mim
Perto do tempo que desejo sem fim
Como uma gravidez de passos loucos
Ou um embriagado vagabundo
Que se deita pelos gritos roucos
Com que chora todas as dores do mundo!

Deste silêncio atirado ao meu peito
Flor que brilha no seu amor imperfeito
Junto ao vazio mais completo da memória
Rente ao voo noturno que rasa a minha história
Raiva, fome, salto na eternidade
Deste corpo fraco, pronto a morrer
Que se perde pelos mantos da cidade
Para que este dia passe sem se ver...

23 de junho de 2011

CiDaDe


Trago a história toda no peito.
Uma janela aberta sobre o meu sorriso.

Uma canção. O chão que piso.

O sonho onde me deito.

.
Trago a saudade toda em paixão.

Uma floresta de segredos.
Baú de desenhos e medos.

Que o meu nome se fez eterno na tua mão...

19 de junho de 2011

eXiStEuMtEmPo

É nas margens que o meu braço pousa. Perto das pedras. Os meus olhos espelham-se no rio que corre eterno. Nas lembranças do que a noite me traz. Forte tronco da guerra e da paz plantado num canteiro junto à cidade. Deitado na relva que cheira a paixão. E os sons ecoam como um sussurro, um conto de fadas, um encontro, outra canção. Danço descalço nas águas. O meu corpo faz-se ternura e foz. Não estaremos sós. Existe um tempo em cada solidão!

17 de junho de 2011

fAlO-tE

Falo-te da morte em forma de beijo
Na espuma da memória
Que nos fica, que sempre vejo
Às vezes perto demais, na minha história...
Falo-te da morte em onda calada
Das que chegam à praia e mais nada
Ficam. Desaparecem tatuadas no areal
Falo-te da morte e não me leves a mal
Que nestes silêncios pinto demais a tua voz ainda
Como uma eterna respiração mais que tudo, mais que linda
Onde o meu sangue circula e se alimenta
Falo-te de mim, desta pele que explode e fermenta
Por entre os dedais do teu caminhar
Tão perto do futuro, tão perto do mar...
Simplesmente em mais um momento em que, chorando, me faço forte.
Falo-te do mundo. Da vida e da morte.

16 de junho de 2011

aPaLaVrAgUeRrA

Diz-me da palavra GUERRA,

do seu cheiro, poeira e tempo sempre forte

dos trovões que se sonham entre a vida e a morte

no tintilar de tudo o que a pele ainda encerra.

Diz-me dos seus trilhos, mistérios e desgraças,

as rouquidões dos silêncios que consomem as janelas

as chagas feitas borrões em mantos de aguarelas

no rugido dos teus passos de cada vez que por mim passas.

Diz-me das canções da luta eterna,

verso raiva incrivelmente perdida nas noites guardada

turbilhão de memórias que na alma se deixa afogada

na escuridão deste sol que em fúrias de gritos se alterna,

Diz-me qualquer coisa: o mar, o homem, o céu, o amor, a terra...

Onde tudo cabe a palavra GUERRA

14 de junho de 2011

aLt0


Que os dias cantem sem parar!
Soltem-se as vozes da liberdade e do amor.
Abram-se as estrelas em versos de silêncios, frutos deste andor
Fontes de rios que correm soltos com sede do mar.
Que as memórias fiquem fontes deste tempo de rasgar
Paredes inquietas das construções do frio e do calor
Cantem-se os hinos de todas as viagens ao fundo da dor
É chegado o momento de abrir as janelas, sorrir e ficar!

12 de junho de 2011


Já o tempo se fez mar aberto no leito
Já os silêncios canção e gargalhada

Mergulho bom nas águas deste sonho imperfeito

Que da plenitude faz eterna a madrugada!
Já o corpo pede mais no cheiro de nós

Já a saudade corre verso, inquietação e alegria

Porque existe este toque, corrente límpida e veloz

Na beleza livre de contigo abraçar mais um dia!

Já o sangue pinta as formas de uma janela sempre aberta

Já os silêncios são viagens e abraços sempre por dar

Rasgo em mim todos os sonhos da canção mais incerta

Que nos teus olhos um dia soube encontrar!

Já o futuro só existe por entre os tons da tua mão

Já a fome é fartura de uma vida forte e feliz

E não acalmo, nem um segundo, este fogo em ebulição

Nas profundezas do que faço e do que fiz!

Já a alma é um fado que se canta sereno

Já as luzes, pequenas e quentes...

Por isso meu passo é muito mais do que me condeno

De cada vez que os caminhos se cruzam pendentes!

Já o tudo é grito na autoestrada
Já a lágrima, a magia, o poema, a ternura que há

E não desejo mais nada.
Na imensidão deste já!

10 de junho de 2011

p0tE

Percorro as memórias paradas aceleradas guinadas para a esquerda e para a direita. Pelas estradas que se fazem pão. Pelos canteiros da inquietação. Rumo a um jardim escondido quem sabe perdido nos sonhos de um qualquer amante, poeta ou canção. Percorro-os assim e o meu sangue desperta. Adormece por entre os silêncios que todas as vozes juntas entoam nos reflexos da alma. O meu palco é um segundo apenas. Orgasmo que se perpetua no calor dos abraços. No que fica por sentir. No que se disse ao calar. Voltar atrás é, por isso, o dedo espetado para a censura. O grito rasgado da ternura. A rima nascida do acaso. E os meus passos pesam. No olhar maroto de uma noite fugidia. Pelos trilhos das falésias. Perto da ondulação forte. Do rochedo inerte. Das campas dos abrigos. Dos leitos mais antigos. Risco no céu que as andorinhas transportam de lar em lar. Pelas janelas abertas e fechadas. Pelas dores já caladas. Tricotadas nas mantas que cobrem as mães. Fértil embriaguez que há-de parir nesse dia o amanhecer eterno! Fome gula e raiva. Tudo me cabe hoje. Como nas contadas histórias. Onde cabem todas as minhas memórias...

7 de junho de 2011

eSc0mBr0s

Deixo-me livre pelos escombros deste jardim.

Ruínas e memórias que se abrem. Sem fim.

Rios dos suores ainda quentes em mim

Que planto numa dança à beira-mar...

E um orgasmo de sangue se faz fonte

Em passos de bailarino;

E uma lágrima brilhante cai defronte

Do sorriso maroto de menino.

Esse que te canta e chama,

Te sustenta poeta vagabundo sempre em chama

Eternamente num abraço assim.

Nos escombros do meu jardim...

5 de junho de 2011

TrAg0aSoLiDã0nAv0z


Trago a solidão na voz Neste chão que me ferve o peito Nestes versos que me rasgam a direito Neste rio que se faz nascente e foz Por isso os meus passos São flores de amor São pedaços de tanto mar e marés São as ondas dos olhares que chegam Vertigens que se perdem Momentos únicos de silêncios e abraços... Que nos trazem de encontro às lágrimas Rente a estas emoções de não estarmos sós. Na solidão que trago na voz...

3 de junho de 2011

eNtRe0cEuEaTeRrA


Entre o céu e a terra
Há um espaço secreto;
Um lugar de cortar a respiração.
Talvez uma montanha pintada de guerra
Ou um lago de paz incompleto
Rente a cada pedaço da minha inquietação.

Entre o céu e a terra
Mora aquele minuto mágico e preciso;
Uma planície de lágrimas e canção.
Talvez quem sabe o meu nome que nada encerra
Ou toda a poesia que se faz morte e aviso
Rente a cada casebre da minha inquietação.

Entre o céu e a terra
Encontro uma flor a sorrir
De cada vez que me perco sem tempo nem atenção.
Talvez o eco deste vazio que a alma enterra
Nas profundezas de cada novo partir
Rente a todas as esquinas da minha inquietação.

oTeMp0

O tempo que passa Leva uma flor ao vento Que se faz poesia e raça Fonte, porta e lamento Curva-se o peregrino Sem ter medo da desgra...