30 de dezembro de 2016

aLv0

Quando acordei, senti-me estranho por tal sensação. Um repentino cansaço e vontade de correr. Uma euforia suada sem destino. Foi quando acendi a luz no quarto e reparei que ainda era de noite. Afinal o tempo está também cá fora, pensei. E foi nesse concluo fantástico que me levantei e bebi um copo de água na cozinha. Afinal de contas somos animais. Quis telefonar ao meu irmão mas não encontrei o telefone. Quis escrever-te mas não vi a caneta. Quis obviamente cantar mas a voz saia-me demasiadamente aguda. Quis então simplesmente olhar à minha volta e era de noite. Regressar de onde viera não estaria nos meus planos e assaltava-me a ansiedade de fazer qualquer coisa. Uma desbunda na vizinha de baixo ou uma conversa de bêbados algures na cidade. Quem sabe um passeio pelo rio simplesmente. Sentia-me estranho ainda e mal conseguia sossego para sequer pensar. Estaria com pressa?

29 de dezembro de 2016

vEnHaAtEmPeStAdE

Da lápide solitária que se estende no horizonte
Do sossego inquieto em silêncios perturbados
Venha a água, maior sémen do monte
Venha a tempestade.

Do romper da queimada antiga
Do cheiro nauseabundo e velho
Venha a paz, em peregrinação amiga
Venha a tempestade.

Da viagem cega, às voltas de regresso
Do tambor alvo no coração duro
Venha a mesa, em eterno recomeço
Venha a tempestade. 

28 de dezembro de 2016

NaScEr

Para o novo Charraz, que se fez em amor lindo!

 

Quando chega a madrugada
Quando o sol sorri p´rá gente
Não sobra tempo nem nada
Acontece a chuva abençoada
E a terra mostra o rosto da semente

Quando o céu se cobre de flor
Quando o canto é emoção e vida
Sou mais teu, mais tudo e amor
Muito mais, em sangue, sem dor
Minha hora tão querida

Estou aqui, dentro de nós
Sou rio, mar e foz
Tudo sou para existir
Estou forte, muito eu
E o menino que hoje nasceu
É a luz que faltava vir


27 de dezembro de 2016

PeDiDo

Leva-me ao preciso momento onde tudo se desfaz em tempo
Acaricia-me o desassossego e permite-me chorar
Talvez sorrir, também.
Depois,
Em sussurros prudentes de amor
Abandona-me num abraço quente fértil e seguro
Onde a minha vida abra os olhos.

24 de dezembro de 2016

NaTaL

Foi daquele lugar vazio certo
Em mortes longas e anunciadas
Que me fiz só, tão longe e tão perto
Das ceias de todas as madrugadas

Criei as memórias, fantasmas e cores
Em cânticos de paz e felicidade
No lugar vazio dos meus amores
Onde não há nem tempo nem verdade

Somos as narrativas de cada momento
Em fortes angústias e todos em cio
E eu, sem nada. Nem acerto nem alento
Quase que me desejo naquele lugar vazio...

9 de dezembro de 2016

dEfInIçÃoDeAm0r

Uma flor caiu-me nos olhos. Vagueou o seu cheiro pela minha pele. Ancorou-se no coração e ficou. Eis o amor.

oTeMp0

O tempo que passa Leva uma flor ao vento Que se faz poesia e raça Fonte, porta e lamento Curva-se o peregrino Sem ter medo da desgra...