30 de julho de 2011

65

Porque os dias correm mais vazios
Porque os rios se encheram de saudade
Porque em cada pétala do meu jardim há uma lágrima quente
Porque trago a pele trémula
Porque os meus olhos se turvam nos caminhos
Porque continuo a amar
E a cantar
E a sonhar
E tudo o mais que me deste, mãe...
Lembras-te?
Nunca sabia se fazias anos a 30 ou a 31 e por isso te ligava a 30...
E acertava sempre!
Já não tenho essas dúvidas.
Fazes-me muita falta. Ergo o meu copo ao céu!
Parabéns.

Faria hoje 65 anos.

29 de julho de 2011

nAiMeNsIdÃoDoScAmInHoS


Passamos o portão para o lado de lá.
Ficamos no portão do lado de cá.
Espreitamos o lado de lá do portão.
Temos saudades no lado de cá do portão.
Sentimos medo do lado de lá do portão.
Choramos no lado de cá do portão.
Sonhamos com o lado de lá do portão.
Esperamos no lado de cá do portão.
Andamos de cá para lá, do portão.
Parados na imensidão dos caminhos...
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24 de dezembro de 2007


27 de julho de 2011

aCuRvAdAeStRaDa


Na curva da estrada Há um leito vazio Um sonho cheio de tudo e de nada Um amparo, solidão, arrepio Murros na mesa e tudo o mais A curva da estrada feita cais De partida? De vida? De despedida? De lágrima contida? Quem sabe um silêncio sôfrego onde cego E dos meus olhos o desassossego E da minha pele as lembranças Ondas de esperanças No areal da inquietação... Pobre coração Em fome desvairada Que procuras a curva da tua estrada!

26 de julho de 2011

sAbEd0rIa

Que dos passos se abriram sorrisos

Novos caminhos e flores

Encontros e amores

Lágrimas, fomes... temores

Carregados de tempos imprecisos



Existe um jardim em todas as mágoas

Canções que resiram eternidade

Cheiros e histórias sem idade

Fontes de um leito na cidade

Que me afoga e lava nas suas águas


Que dos passos feitos gritos ou aflição

Em silêncios ou ternuras

Nas esquinas mais seguras

Ou nas terríveis amarguras

Se abra sempre o mar do meu coração!

25 de julho de 2011

cAnTa-Me





Canta-me um sonho. Pode ser para além do infinito. Uma pétala de grito largada na raiva ou no rio. Uma explosão de sangue que se perde no desvario e se larga na autoestrada. Canta-me um sonho. Mais nada... Canta-me uma dor. Pode ser aquela a que se chama amor. Sim. Existe sempre a inquietação no vento forte. Seja na doce vertigem da vida ou no sossego do que se chama morte. Voltam-se depois os areais e as ondas e tudo o mais que o poeta escorre dos seus passos. Sorrisos e cansaços. Inteiro e aos pedaços. Nas histórias e nas memórias que as palavras conservam e teimam em pintar-se em fonte. Por isso a fome. Tudo o que consome. Pequenos e enormes personagens que ficam e vão. Panteras, amantes, vagabundos, príncipes... E tudo porque os olhos também sabem falar. E os meus... só te pedem para cantar...

24 de julho de 2011

0sSiLêNcIoS

Pequena Pantera, o que é o silêncio?
Qual, Pequeno Príncipe?
O teu.
Tanta coisa...
E os outros?
Tanta coisa...
Por exemplo?
Um grito.
Um suspiro?
Sim. Um suspiro.
Um sorriso?
Talvez muitos.
Uma canção?
Claro!
Lágrimas?
Também.
O silêncio é tanto, Pequena Pantera!!! E demora sempre muito tempo...
Eu sei, Pequeno Príncipe.
É bom?
Pode ser.
Mas pode ser mau, é?
Depende.
Depende? Ai, não percebo nada!
Nem eu, querido. Nem eu.
Tu tens silêncios?
Tenho. E tu?
Eu?!!! Eu grito! Eu suspiro! Eu sorrio! Eu canto! Eu choro!
Então afinal também tens silêncios...
Sim. Tenho. Mas os meus ouvem-se. Por isso doem muito menos...

21 de julho de 2011

LiBeRdAdE


Nada se desenha no colorido da vida
Nem o sossego das árvores
Nem o sorriso das estrelas
O colorido da vida é hoje um vazio
Preso entre margens, como um rio...

Nada se ouve no silêncio das flores
Talvez os gritos da inquietação
Talvez as marés da saudade
O silêncio das flores é um enorme mar
Preso pelas ondas que nunca têm hora de voltar...

Nada me completa nas horas da noite
Nem o vagabundo que chora
Nem a palavra imprevista
As horas da noite são um farol sempre aceso
Nos delicadíssimos fios com que me sinto preso...

Nada se tem, se tudo se quer ter
Talvez só a morte.
Sim, a morte é certa.
E um dia, ao acordar, olho para trás
E vejo o tempo que passou
Cada cheiro que ficou
Os escombros da minha cidade...
Desesperadamente à procura de liberdade!

18 de julho de 2011

mEnInAdAs0nDaS


Conta-me uma história mais
Pode ser de pés descalços
Ou de mão lançada no meu olhar
Menina das ondas
Poeta do vento
No rendilhado do teu contar...

Conta-me uma história sempre
Pode ser de amor para além do infinito
Ou um mar cheio de canções
Menina das ondas
Poeta do vento
No bater dos corações...

Conta-me uma história perdida
Pode ser a tua vida
Ou das lágrimas de todos os amantes
Menina das ondas
Poeta do vento
Só quero que cantes...

Conta-me uma história aqui
Pode ser no escuro
Ou num sonho em forma de Lua
Menina das ondas
Poeta do vento
Esta respiração tua...

13 de julho de 2011

p0rQuEoVeNt0


Porque o vento me atormenta e inquieta
As ondas do mar se revoltam loucas e vadias
A minha alma, amante e poeta
Vai pintando os minutos que passam nos meus dias
Porque o tempo se fez cruel e forte
Sem a hora marcada de chegar ou partir
A minha alma, tela de cores, amor e morte
Ainda vagueia perdida nesse ir-e-vir
São assim as marés que respiro ainda
Pelos areais da minha existência
A minha alma, sempre tudo, sempre finda
Continua a respirar a pele da sua essência!

11 de julho de 2011

oAlToDaMiNaHaJaNeLa


Do alto da minha janela vejo o mar. Ao longe, os sonhos dos amantes. O sol. Deixo o ar entrar no meu leito e respiro. Afinal de contas, o alto da minha janela são os meus olhos...


7 de julho de 2011

oLhAr


Leva-me ao fundo da montanha: Quero ver o mar. De lá consigo que os meus pés se encontrem. Para depois me perder na dança das ondas. No meio das conchas e das pedras do acaso. A seguir, construo um jardim onde todos possam rir. No fundo da montanha, perto do teu olhar.

3 de julho de 2011

sEmPrEoNdA

Rebentam-me ausências e dores
Por entre o tempo que passa
Fomes, silêncios e calores
Que a minha alma aconchega e abraça

És tu, maior pele do meu caminhar
Sempre pronta a nascer como vento
Ventre à espera de um novo acordar
Lágrima maior que inunda o meu pensamento

Um dia, por entre os gritos de alegria
De me ver chegar mas até já cá estava
Paris minha, fonte desta enorme sinfonia
Poesia louca, livre e escrava!

Um dia, o sabor da tua mão
A acarinhar este trémulo respirar
Que de mim, respiro inquietação
E de ti, esta impossibilidade de voltar...

1 de julho de 2011

f0rTe


Quero soltar a voz por entre as tábuas da noite.
.
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Colorir as mãos
e
cobrir o corpo de cinzas
e
talvez flores.
.
.
Já não aguento as ausências.

oTeMp0

O tempo que passa Leva uma flor ao vento Que se faz poesia e raça Fonte, porta e lamento Curva-se o peregrino Sem ter medo da desgra...