28 de junho de 2010

0mEuSiLêNcIo


O meu silêncio marca o passo do meu andar Corrente que se escorre pelo tempo sem desaguar Leito de lágrimas e de paixões por encontrar
Talvez um corpo mais. Este segredo onde te esvais...
O meu silêncio chora cada segundo deste cantar
Tempestade a norte, no sul do vento sempre a passar
Reflexo de águas em mágoas de assim me aproximar
De um corpo mais. Este segredo onde te esvais...
O meu silêncio, sangue de veias a apertar, a apertar
Saudades de tudo em monte de ir e ficar
Mapa feito rosto de tanto se encantar
Por um corpo mais. Este segredo onde te esvais...
O meu silêncio dói-me no seu vagabundear
Réstia de vida e morte, de mão dada a namorar
Fogo no toque de fugir para de novo voltar
Num corpo mais. Este segredo onde te esvais...

26 de junho de 2010

fAz-Me


Conta-me o tempo nos teus dedos

Um beijo só pode chegar

Se tudo é vida sempre a passar

Vómitos, sonhos, enredos...

Abraça-me a saudade nos teus versos

Um grito só pode ser

Se tudo é vida sempre a acontecer

Lágrimas, cantares dispersos...

Abriga-me a inquietação no teu sorriso

Um silêncio só pode guardar

Se tudo é vida sempre sem parar

Terra, mar, inferno, paraíso...

Faz-me.

20 de junho de 2010

r0tAs


Qual o caminho das ondas sempre perto de chegar?
Leve. Solto. De fome à solta no seu passar...
Qual o caminho das marés sempre dentro da inquietação?
Forte. Fundo. De sangue a ferver a cada novo pão...
Qual o caminho das algas sempre vigilantes entre os cantos da saudade?
Livre. Inprovável. De cores cegantes e sem idade...
Qual o caminho das águas sempre pele sempre amor sem pedir licença?
Ávido. Brutal. De tudo o que em nós se acontece e pensa...
Qual o caminho das viagens, dos eternos mapas do Sul e do Norte?
Solidão. Abraço. De encontro à vida... de encontro à morte...

vEm

Vem. Perde-te em mim vezes sem conta

Inventa um oceano de nós

Faz do tempo uma obra que se desmonta

Como um rio que se perde ao chegar à foz.

Vem. Adormece em mim para além do sonho mais nobre

Inventa o vento e os cheiros da terra

Da pele que se transforma em tudo que se dá e cobre

Como um rio que em paz, dorme na guerra.

Vem. Repete o meu nome e chama, chama, chama...

Inventa um novo hino e poema e caminho e parapeito

Abandona-te presa e tudo, ao sabor da minha cama

Como quem perde, adormece e repete o grito que leva no peito!

17 de junho de 2010

0s0rRiSo


Este sorriso que o teu olhar abraça

Faz-se rio nesse rosto que me acena

Sou-te amor e tempo que não passa

Porque te amo e só isso vale a pena

.

Este sorriso que assim me fala

Faz-se estrada, falésia, vida que me corta!

Sou-te vagabundo que nunca se cala

Porque te amo e só isso me importa

.

Este sorriso que o teu olhar chama

Faz-se canto doce de paixão que não sossega

Sou-te tanto em mim e tudo me inflama

Porque te amo e só isso nunca chega

.

Este sorriso que o teu olhar quer

Faz-se tudo que tudo nunca é demais

Sou-te mundo no teu corpo de mulher

Porque te amo e isso é ser-nos sempre mais!


15 de junho de 2010

pAsSa


Devolves-me o tempo? Perguntou o pequeno rapaz ao sábio. Não posso... o tempo é como as águas do rio. Ia respondendo o velho. Saberás, no entanto, encontrar o teu caminho assim que mergulhares nas profundezas de ti, como nos mergulhos ao fim da tarde junto à cascata. E depois poderei ser de novo o que quiser? Tu já és o que queres, pequenote. Só que ainda não percebeste. Porquê? Talvez porque estejas entretido a contar o tempo que passa...

14 de junho de 2010

pAtAmAr



Um dia hei-de chegar. Quando finalmente as minhas dores se calarem. Nesse dia, as mãos que me seguram aos abraços cantarão os seus suores. Por isso louco e doente ainda me perco em mim...

12 de junho de 2010

vAgAbUnDoDaCiDaDe


Saía solto sem se demorar
Levava histórias em cada passo seu
O vagabundo só sabia olhar
Pra dentro do que (não) era seu
.
Pedia em jeito de janela aberta
Fechado que estava sempre para a vida
O vagabundo não tinha nunca hora certa
Na chegada que era sempre despedida
.
Cantava às vezes como quem fugia
Por entre as ruas e luzes da cidade
O vagabundo de noite ou de dia
Tinha as mãos em chaga de amor e saudade
.
Às vezes quando se calava
No grito forte de nova morte
O vagabundo tinha quem olhava
Com pena para a sua sorte
.
Talvez eu seja só mais um
Que um dia já bateu no fundo
Mas creio que é muito comum
Termos em nós, um certo vagabundo...

9 de junho de 2010

vAzIo

As palavras não me bastam. Arrastam-me na escuridão. Perto desse abismo que hoje me deixa sem ar. Porque querer-te é também não te ter. É sim. E não. Muito mais que solidão. As palavras não me completam. Sangram-me nas saudades e na distância. Fico pequenino e sem voz. Rouco de um silêncio que me rompe a ânsia. Em lágrimas que se perdem sós por entre os sonhos. As palavras porque teimam em ficar? Se hoje, meu amor, o vazio é o tanto que me faz chorar?

7 de junho de 2010

SeMpReMuLhEr


Pobre camponesa da terra ardente
Perdes-te no silêncio das searas

Consomes sonhos e luas raras

De esperas vivas mesmo à tua frente...

Pobre peixeira do mar furioso
Carregas a vida entre as mãos e a pele escura

Cantas a dor em forma de ternura
E esperas inquieta no teu coração ansioso...
Pobre mãe dos dias que nunca mais acabam
Recomeças a toda a hora a tua vida
Sentes o cansaço numa respiração perdida
Esperas tanto, no fundo dos olhos que desabam...

Pobre amante deixada ao abandono

No seio do tempo que não é teu

Caída no leito que nunca faz seu

Onde esperas como folha em solidão de Outono...
.

Que o universo se levante e se ponha de joelhos!

Que se incline na divina existência!

Somos pó no meio de todos os espelhos!

Somos sangue que jorra a sua própria clemência!

Quero-te sempre em mim, vigilante em tudo o que fizer.

Sei-te natureza e gravidez
Por isso, te encontro, te espero, te desejo outra vez

Por isso e por tudo, sempre MULHER!

5 de junho de 2010

c0m0sEf0sSe


Como se fosse uma pequena flor nos meus dedos
Ou uma lágrima de alegria.
Quem sabe um toque de melancolia
Pequenos cantos, fogos e enredos
Que me pintam a alma e me traçam o dia...
Como se fosse apenas grão de areia
Ou um grito que ninguém queria.
Que a dor também se faz arritmia
Em todos os tempos quando passeia
Pelo meu corpo que sangra a cada dia...
Como se fosse um beijo ou uma palavra só
Ou um calor feito solidão e companhia.
Qualquer coisa de sussurro, de poesia
Largado em mim entre o horizonte e o nó
Nos labirintos com que pinto cada dia...
Como se fosse nada!
Construção sem rosto, abadia.
Pó de dentro em espasmo e sangria
Este querer foge de mim nesta estrada
Por onde me perco de novo, quando raia o dia...

3 de junho de 2010

v0o(U)


No suor das tardes de sol
Abismo feito amor que invento

Carrego ainda o cheiro do lençol

De te ter assim, entre o mar e o vento
No olhar que tudo dá e cobre
Lago feito intervalo ou alento

Desfaço-me e talvez nada sobre

Nem mesmo o mar, quem sabe o vento

Nos sorrisos ardentes e cansados
De um tempo de fome e acolhimento

Levo as memórias e os medos acorrentados

Para que tudo fique em sossego, mar e vento.

1 de junho de 2010

lEnGaLeNgA

Roda roda roda
Cada roda é um sorriso
Canta canta canta
Muito mais do que é preciso
Corre corre corre
Livre e grande como és
Ser criança é ser vida
Da cabeça até aos pés!
Gira gira gira
Alegria em botão
Salta salta salta
Com a ternura sempre à mão
Foge foge foge
Livre e grande como és
És criança e és livre
Da cabeça até aos pés!
Conta conta conta
Cada sonho é magia
Brinca brinca brinca
Faz do mundo fantasia
Corre corre corre
Livre e grande como és
Ser criança é ser vida
Da cabeça até aos pés
Vem vem vem
Nunca pares de chegar
Dá dá dá
Mais um abraço só por dar
Foge foge foge
Livre e grande como és
És criança e és livre
Da cabeça até aos pés!
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A todas as crianças do mundo. Em todos os dias.

oTeMp0

O tempo que passa Leva uma flor ao vento Que se faz poesia e raça Fonte, porta e lamento Curva-se o peregrino Sem ter medo da desgra...