30 de julho de 2015

dEcIsÃo

Pego na tua mão e o cheiro invade-me. Sinto a pele efevrescente e carregada de história. Ainda sei do aconchego nos meus cabelos, da voz na minha saudade e do passo certo. Porque é que a vida teima em lembranças? Diriam que é bom, que cura, que é uma forma de eternidade... Não me convenço muito. Porque o teu estar ou não estar era uma decisão tua; não minha.

28 de julho de 2015

nEgRo

Clara a manhã pesada do presente. Rasgo de lágrima, pele ausente. Silêncio o tempo negro do futuro. Liberdade presa atrás do muro. Jardim de amor forte de sorrir os dias? As minhas mãos estão vazias... O teu corpo é-me desejo suado. O teu abraço saudade em tom cansado. A tua voz, sangue corrente. Eu, torrente. Entre brisas e ventanias. E as minhas mãos vazias...

17 de julho de 2015

iNuNdAçÃo

Não há volta a dar. Existem demasiadas palavras para tão pouco coração. Serve-nos de consolo e ilusória felicidade. Temos de entender os silêncios: saber de cada respirado sopro o seu aroma. Só assim saberemos regressar da inundação.

15 de julho de 2015

SaBeDoRiA?

Já os meus passos me cansam
Já a minha voz se não ouve
E neste respirar se sufoca o presente
Para que um futuro endoideça!

8 de julho de 2015

nÃoDiA

Quando a madrugada vem no silêncio dos teus passos, o ar fica-me em sufoco; a alma numa chama viva. Onde está o sol, se não me dás o teu sorriso? De que vale nascer para logo morrer?

7 de julho de 2015

oNdEm0rAaEtRnIdAdE?


Onde mora a eternidade?
No peito dos poetas...
Na alma dos amantes...
Na calçada mais sensata da cidade?
Onde mora a eternidade?
Na agenda do sol...
No volante urgente...
Na memória de cada idade?
Onde mora a eternidade?
Nos gritos soltos...
Nas canções...
No desejo forte, na vontade?
Onde mora a eternidade?
Na faxina de olhos fechados...
No labor de um orçamento...
No peso louco da realidade?
Onde mora a eternidade?
No amor que se faz...
Nos leitos carregados...
No abraço de cá da felicidade?
Onde mora a eternidade?
No que faço...
No que penso...
No que quero...
No que sinto...
No que encontro...
No que procuro...
No que perco...
No que conquisto...
No que cuido...
No que invento...
No que passa...
No que fica...
No que existe...
(mesmo que triste)
No que os meus lábios derretem para construir paredes e castelos por entre os canteiros que surgem mesmo que por vezes não se tenha a devida atenção de perceber que para além, muito para além de cada segundo da identidade mora toda a minha eternidade!


8 setembro 2011

SuFoCo

Ousa entrar no meu corpo e dançar
Procura um cantinho doce e abraça
Se for preciso, fá-lo a gritar.
Mas entra. O tempo é um rio que nunca fica. Passa.

Arrisca pegar na minha pele e morder
Abrir e arrancar cada poro do meu grito
Se puderes, chega também de mansinho ao amanhecer
Para que acorde leve e me perca em tudo o que acredito.

Volta se fores. Não leves nada contigo
Sabes que este leito é verdade
Se entenderes, poderás abrir finalmente o abrigo
Com que a minha vida respira a eternidade

6 de julho de 2015

GrAnDe

Ai tão grande é o meu senhor
Que tantas coisas já fez!
- Será que já conheceu o amor
E que entendeu a sua pequenez?

Ai tão grande é o meu senhor
Que maravilha a sua presença!
- Será que se dá bem com o sabor
Da não tolerada indiferença?

Ai tão grande é o meu senhor
Que honra tê-lo aqui comigo!
- Será que se dá bem quando o clamor
Lhe lembra algum pensar antigo?

Ai tão grande é o meu senhor
Que simples o seu abraço!
- Será que sabe o real valor
De tão cego cansaço?

Ai senhor, é mesmo grande a tua grandeza
E já nem sei mais adjetivo
- Olha diz-lhe que seria bom ter a certeza
Que o nosso tamanho é relativo!

1 de julho de 2015

LáGrImA

Pode ser que um dia as nuvens me tragam o teu sorriso, branco e puro, numa qualquer brisa junto ao mar e à vida. Espero-te. Com todo este olhar aberto e atento, para te mostrar o mundo todo. Em amor, canto e poesia. Existir é isso. Saber olhar o céu e sonhar. Conseguir pisar o chão e rir e chorar e ser.

oTeMp0

O tempo que passa Leva uma flor ao vento Que se faz poesia e raça Fonte, porta e lamento Curva-se o peregrino Sem ter medo da desgra...