29 de abril de 2010

sAuDaDeSóÉsAuDaDe


A saudade é um pedaço de pele que fica marcado
Sempre que os olhos se fazem mar
Pequeno incerto, mais que o tempo passado
Que faz tremer os beijos e os abraços
Que choram por todo o lado
Soltos aos ventos, aos lagos, mas sempre aos pedaços
Só para correr sem nunca se afastar...

A saudade é um poema que se faz vulcão
Nas lágrimas que pintam cada onda que vem
Aninhar-se no manto da solidão
Que veste de gala só para se cantar
Que chora um rio sem nunca desaguar
Na corrente de tudo o que peito tem.

Cada saudade assim cantada, no tricotear solto de uma amarra
Fica para sempre no tempo sem fim
Porque saudade só é saudade quando se agarra
Nos passos que um dia se fizeram jardim!

26 de abril de 2010

n0fUnDoDoLaGo


Guarda-me no fundo do lago como se fosse alga. Rega-me todos os dias com o cheiro da saudade. Sente-me as águas, lágrimas carregadas dos meus olhos. Horizontes de memórias feitas vida sem idade. Guarda-me no fundo do lago como se fosse vento. Respira-me ainda todas as noites de solidão com a voz de um grito mudo. Abraça-me e tem-me assim pequenino e vagabundo. Entre o nada que sou eu e tu que és tudo.

25 de abril de 2010

aCoRdAr!

Devolve-nos a força do punho erguido.
Os gritos de dentro do teu peito.
Que andamos de cravo murcho e esquecido.
Convencidos que já temos tudo mais que feito...

Devolve-nos o canto, as lágrimas dessa madrugada.
Os passos e as mãos ao teu jeito.
Que andamos de alma vazia e cansada.
Convencidos que já temos tudo mais que feito...

Devolve-nos as perguntas.
O olhar, a fome, a ternura da luta que em ti pomos.
Que andamos enganados com este encontro de coisas mais que muitas.
Sem saber quantos é que nós somos...

Devolve-nos o tempo de sermos gente.
Nesta solidão com que nos depomos.
Que andamos de futuro preso e ausente.
Sem saber quantos é que nós somos...
Devolve-nos o sangue a ferver.
Um novo acordar de paixão amena.
Que temos de nos voltar a querer!
Porque a liberdade ainda vale a pena!


23 de abril de 2010

qUaTr0eStAçÕeSnUmDiA



Do teu silêncio o grito tamanhoFeito no leito vazio e seco da esperaO tempo, um tronco forte e castanhoDesta árvore que chora na Primavera...Do teu silêncio o desesperoFeito no colo agarrado no suor da solidãoO ventre, uma flor colorida e com temperoDeste olhar que brilho no Verão...Do teu silêncio o beijo de tremerFeito um vagabundo solto ao abandonoO sangue, chama da paixão a arderDesta pele que se renova no Outono...Do teu cheiro a magiaFeita ponto cruz perfeito e ternoA voz, sorrindo de novo ao diaDeste desejo que se aquece no Inverno...
Bom dia!

16 de abril de 2010

SoLtEi

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Soltei um grito infinito rio fora
Rouco, percorri cada reflexo da cidade
Chamei por ti a toda a hora
Desejei ficar, ir embora
Abraçar a eternidade...
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Soltei um grito afogado em mim
Cansado, moribundo, quem sabe até feliz
Chamei-te minha só por seres Paris
Desejei ficar mas não quis
Eternamente assim...
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...
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13 de abril de 2010

EsTeLaGoDeMiM


Sabemos das marcas que nos ficaram na pele. As amarras do tempo em corrente e leito. Sabemos sempre as canções todas de cor. A dor de ter tanta dor a escorrer no peito. O vento mais-que-perfeito. E em ti faço amor, me desfaço em amor e me deito...
Sabemos das fechaduras da história. As esquinas todas que o corpo nos deixou. Sabemos sempre tudo quanto em nós passou. E não ficou. Pousou. Arriscou ser e se transformou. Lágrima a lágrima e o rio transbordou. Sabemos tudo deste caminho que nos juntou...
Sabemos das dores do passado entre os dedos. Os passos andantes de um vagabundo dentro de si próprio. Cada nova rima outra paisagem. Cada verso, prisão e miragem. Cada memória uma nova viagem. Cada grito, sangue que inflama!
E é assim que a minha voz te chama. Quero morrer em ti. Sobre os pedaços da tua raiz. Entre o ventre que te trouxe petiz. Na tua voz doce de contos infantis. Neste parto de vir e ficar matriz. Cicatriz. Imperatriz. Eterna e sempre, Paris! Este lago de mim onde me sorris. Para outra vez nascer e ser feliz!

11 de abril de 2010

s0bReAsTuAsÁgUaS


Sobre as tuas águas, a cidade.
A ternura e a calma sempre a sorrir...
Plena de histórias e sem idade
Por onde navega o meu corpo só para te descobrir!
Sobre as tuas águas, o amor.
Leito de reflexos que o tempo inventa...
Pleno de lágrimas sémen e ardor
Por onde me perco em ti e o coração não aguenta!
Sobre as tuas águas, a minha vida.
De janela inteira em abraço que assim se diz...
Pleno de tanta luz cega e florida
Com que te tenho eterna... em Paris!

8 de abril de 2010

SeFoReSaPaRiS


Se fores a Paris
Diz ao Sena da minha tristeza.
Conta-lhe as coisas que fiz
Mostra-lhe a cor da minha mesa
Do meu leito ou regaço.
Se fores a Paris
Conta-lhe que as coisas que faço
São da magia do nosso amor
Do ventre e do teu calor
Onde choro e rio também.
Se fores a Paris
Lembra-te da minha mãe.

Se fores a Paris
Diz ao Sena da minha voz.
Conta-lhe que ainda sei ser feliz
Como um rio junto da foz
Da margem ou da fonte.
Se fores a Paris
Deixa-te ficar numa ponte
E lança os teus olhos na corrente.
Cada lágrima passará junto dos cais
Para te cantar mais e mais
Aquela dor que ainda se sente e sente
E que teima em não ser cicatriz...
Se fores a Paris
Procura a minha morte no passeio junto ao rio
Essa é a minha história, o meu fio.
A passagem entre o cá e o lá
Essa terra que não há
Ou a que teimosamente me diz:
Pára de chorar e canta
Deixa que quando for a Paris
Deitarei o teu sangue como uma manta
Sobre o espelho do teu passado
Esse que te consome por todo o lado
Que te fala verdade e que te mente
Que se confunde com o presente
Ou que te fecha os punhos em luto puro
Só porque ainda não alcançou ou futuro
Ou tudo o mais que se pode dizer de quem
Traz no ventre a sua própria mãe
E grávido de muito, te grita num beijo doce
Vai a Paris como se fosse
Fazer amor por todo o lado
E depois, de mansinho e sem perguntar
Adormece o meu desassossego acordado
Para finalmente eu poder regressar...
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Tinha de ser magia. Porque Paris é magia. Obrigado, Andreia, pela fotografia.


5 de abril de 2010

bRiLh0

Não me roubes este silêncio de tanto que tenho para te dizer
Neste sufoco entre o acordar e o amanhecer
Em que me perco, no vendaval de um vulcão...
Não me cegues nem me arranques mais os minutos do meu beijo
Neste caminhar inquieto rasgado em fogo de poema e desejo
Em que me encontro, de cada vez que te faço canção...
Não me peças nada. Que a minha vida é um céu aberto
Nesta fome de ti, entre o berço e o sonho incerto
Em que me perco, sem saber qual a minha razão...
Não me tires o mel se o vento é tão breve e tão forte
Neste mar em que navegamos e onde não existe Sul ou Norte
Em que me encontro, nas marés do meu coração...

2 de abril de 2010

eStEaMaR

Não me prendas na paixão
Só solto saberei voar
Só voando saberei amar...
Não me leves no teu regaço
Só livre saberei cantar
Só cantando saberei amar...
Não me cales no teu beijo
Só caminhando saberei desejar
Só desejando saberei amar...
Uma maré. Ter-te e não ter-te
Mas mesmo assim, meu amor,
Prefiro estar preso a perder-te.

oTeMp0

O tempo que passa Leva uma flor ao vento Que se faz poesia e raça Fonte, porta e lamento Curva-se o peregrino Sem ter medo da desgra...