27 de fevereiro de 2010

oSiLêNcIoDeMiM

Só na minha voz consigo guardar todo o peso da saudade. Carregada de fortes ventos inquietos e de um perfume solto que dentro de mim se deita. Só a minha voz me devolve o sofrimento e a lágrima. Cansada desta espera com que a minha madrugada se enfeita. Só na minha voz transporto o brilho deste sorriso, desta ternura. Carregada de ti, como um manto, um berço, um abraço. Só a minha voz me canta esta história incompleta e desassossegada. Veia que do meu corpo se escapa para desaguar na solidão pedaço a pedaço. Só na minha voz aconchego vagabundo cada gota do meu respirar. Carregado de um sabor quente, rouco, novelo de tantos amores por fazer ou descobrir. Só a minha voz me sabe devolver o silêncio de mim. Porque em tudo que existe, há muito mais para existir!

26 de fevereiro de 2010

d0mEuLuGaR

O meu lugar é o mundo
Cheio de histórias de encantar
Sofrimentos, procuras
Beijos agarrados, abraços sem lar
Amantes e cores, sangue e ternuras
Por onde me perco, vagabundo.
O meu lugar é um poço de espelhos e sonho
Cheio de versos em desalinho
Mantos, janelas
Uma estrada que percorro contigo e sozinho
Fome de tudo, mares e estrelas
Por onde me perco e disponho.
O meu lugar também é a morte
Cheia de lágrimas e perfume
Aromas, rio
Por isso me afogo entre o sal e o lume
O calor e o frio
Para que a inquieta saudade me dê à luz e conforte.

23 de fevereiro de 2010

oMeUrIo


Forte o meu rio quando corre
Inquieto na pele selvagem e quente.
Margens de uma vida que nunca morre
De um querer vagabundo em fome ardente!

Sangue o meu rio quando chama
Em verso a saudade e o vento.
Nascente de ternura, desejo que reclama
Cada novo abraço de cada novo momento!

Triste o meu rio quando chora
No espelho que separa a solidão e o leito.
Foz assim cantada, sonho que fica e se demora
Porque este rio é o manto onde me deito!

21 de fevereiro de 2010

c0m0uMaPoRtAqUeSeFeChA

Como uma porta que se fecha lembro o tempo do ar livre. Em que cada sufoco era mais que um grito: uma fonte a jorrar em nós! Como uma porta que se fecha lembro todos os reflexos que me cegaram. Pontes e barquinhos na corrente e risos e cantigas e fomes puras. Como uma porta que se fecha lembro as viagens. Os passos e os caminhos por entre as falésias e os montes e os pequenos secretos horizontes. Como uma porta que se fecha lembro as janelas. O cheiro dos mantos e as suas cores... Como uma porta que se fecha lembro os sonhos. Carregados ainda dos abraços da leveza infantil dos desenhos. Como uma porta que se fecha não pergunto pelo escuro. Que não tenho medo. Contigo não sinto o medo.

18 de fevereiro de 2010

sEm

Hoje não sou nada. Nem uma migalha nem um sopro. Talvez o grito que ecoa nas chagas dos silêncios.

17 de fevereiro de 2010

sEmPrEeU

Os meus passos marcam forte o areal
Esperam os sonhos e os gritos
Cantam os amores impossíveis e infinitos
Que misturam água, espuma e sal

Os meus passos, de encontro à saudade
Assim como uma flor a gritar
Vento que em mim me faz cantar
Todas as fomes sem dono nem idade

Os meus passos levam-me, perfume e sementeira
Vagabundo que teima em se perder
Como uma onda, sempre a querer correr
Como lua que reflecte as marcas na areia

15 de fevereiro de 2010

eSpEr0-tE

Espero-te neste tempo de silêncio e grito
Que passa tão devagar, sem fim...
Solto-me em lágrimas de um poema ainda não dito
De um sofrer interdito
Um sangue maldito
Só porque ainda te tenho em mim...
.
Espero-te, mãe. Com um sorriso e uma flor de Primavera
E fico tão nu, perdido no meio do teu jardim...
Ansioso como quem se dilacera
Aos poucos em forte quimera
Um sossego que não se gera
Só porque ainda te tenho em mim...
.
Espero-te e rouco me deixo vagabundo perto de uma qualquer ponte
Que me levará em fugas sem dono ou Alecrim...
Na ilusão que me consome de fronte
Eterno e turvo horizonte
Secura entre a foz e a fonte
Só porque ainda te tenho em mim...
.
Queria dizer-te adeus ou quem sabe cantar
Chorar tudo e deixar-me assim...
Para que consiga de novo chegar
Ao teu ventre para outra vez me gerar
E tudo recomeçar.
Só porque ainda te tenho em mim...

oTeUmAnTo


O teu manto, uma praia cheia de marcas na areia.
Na solidão de todas as noites, de todos os cansaços.
O teu manto, uma onda que ao chegar semeia
As flores de que são feitos os abraços.
.
O teu manto, um jardim colorido com o teu olhar.
Na fonte de todos os rios, de todos os passos.
O teu manto, o cheiro de nos cobrir e aconchegar
O leito onde se perdem os abraços.
.
O teu manto, gravidez de tamanha ternura
No tricotar da memória, ainda desfeita em pedaços
O teu manto, uma lágrima que sempre cheia perdura
Dentro de mim, como quem só vive nos teus abraços!

14 de fevereiro de 2010

DaRàLuZ

Aquele grito sou eu. Uma labareda pronta a tudo queimar. Por isso, o teu abraço foi como se me desses à luz!

13 de fevereiro de 2010

rIsCo

Rente ao coração, forte tempestade
Uma gota embriagada, uma maré inteira.
Rente a mim, esta eterna saudade
Andarilho da minha cegueira.
Sirvo cada verso numa nova viagem
Caminhando me refaço e traço outra vez
Serei vagabundo em fome de vertigem
Encontro em ti, talvez...
Marcado no peito. Tatuado.
Colado e forte. A norte. Sempre a norte.
Que o meu berço é como o meu olhar:
Lágrima maior de tanto ser e tudo desejar.

12 de fevereiro de 2010

eNc0nTr0

O Poeta e o Músico encontram-se. No corpo. No olhar. Na voz. No silêncio. Nas palavras que de dentro vão desaguar nos corações. Um rio em leito de sonhar e em leito de correr. Até ao mar. Nas mãos que procuram o abraço. No Pedro e no Zé Manel…

Recital de poesia e canções. Da obra de Pedro Branco.

Pedro Branco e Zé Manel dos Santos

11 de fevereiro de 2010

tUd0v0aR


Sei da saudade colada no corpo
Do beijo na memória como um botão de flor
Do sorriso e da cor da pele quente
Do tempo que nunca passa
Da vontade louca de tudo voar
Sei de ti, de nós, a cada passo deste passar

Sei do desejo ardente em mim
Do abraço eterno, sempre em vento norte
De todos os versos pousados, cantados, sei lá!
Dos labirintos do impossível
Dos olhos, sempre no fundo do olhar
Sei de ti, de nós, a cada passo deste passar

8 de fevereiro de 2010

eTeRnOsEmBrIõEs


São as ondas de abraços em nós aos tropeções. São almas e sangue a brotar dentro dos corações. Fugas aos milhões. Somos muito mais do que dizem as canções. Pétalas e areal, entre os sonhos e as emoções. Versos ditados, deitados ao acaso, como beijos lançados aos pavões. Cores e flores de tantas inquietações. Ventos e marés de viagens eternas de fomes e paixões. Somos assim, na impossibilidade dos silêncios roucos das exactidões. Eternos embriões...

7 de fevereiro de 2010

cHeIoSdEtAnTo

Sabem-me bem estes nós dentro da minha vida. Cheios de tanto!
Fortes laços e abraços de um vagabundo solto no mundo.
Cores, segredos e enredos de aconchegar os medos e te ter dentro de mim. Na eterna construção do nosso jardim carregado de flores e pequenos andores de histórias e memórias onde me perco todos os dias. Como quem se aninha debaixo da pele, num manto. Assim são os nós dentro da minha vida. Cheios de tanto!

4 de fevereiro de 2010

oTeUbEiJo


São ventos no meu peito
Correntes de todos os sabores
O teu beijo é uma janela aberta em mim
Coberta de mel e flores

São sonhos e sorrisos de ternura
Um cofre pintado e um verso que nos sele
O teu beijo é respiração
Coberta de lágrima e pele

São poemas na minha inquietação
Uma ponte de unir e sem idade
O teu beijo é a alma dos meus passos
Coberta do abraço da saudade

2 de fevereiro de 2010

RoSaLoBaToFaRiA

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Qualquer coisa passou por mim hoje
Uma brisa doce, quente e formosa
Um beijo de despedida, simples como tu
O teu sorriso, em forma de Rosa.
Qualquer coisa ficou mais um pouco
Como o tempo, na sua estrada sinuosa
Da saudade já brotada em cheiro de ti
O teu sorriso, em forma de Rosa.
Qualquer coisa vai nesta paz
A sedução de uma vida bela e airosa
O perfume feminino que dança
O teu sorriso, em forma de Rosa.
Descansas, eu sei, tranquilamente
E do olhar, saberás tomar conta desta prosa
Perto de cada palavra tua, verso sempre em flor
O teu sorriso, em forma de Rosa.
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1 de fevereiro de 2010

oTeMp0

O tempo que passa Leva uma flor ao vento Que se faz poesia e raça Fonte, porta e lamento Curva-se o peregrino Sem ter medo da desgra...