27 de outubro de 2011

mAnIfEsTo

Se respiro a eternidade nos sonhos que tenho
Se me visto de mim, deste ou do outro lado
Nunca me deixarei a dormir sobre a terra a sorrir
Nos olhos de um punho que se quer calado!
Vagabundeando serei grito, fonte e tudo o mais
E cantando ouviremos os passos de tanto querer
Que não se iludam os revolucionários!
O meu sangue é estar sempre a nascer!

26 de outubro de 2011

FiCo

Regresso ao cais de pés molhados e nus
A minha história rompe-se a cada tempestade
Corre como o rio da eternidade
No bater de um coração que me prende e seduz
Seus olhos azuis de mar
Sorriso cheio de tempo e vontade
Carregam-me no colo a verdade
De toda a ternura que a noite me faz chorar
Chama-se saudade, desejo, tudo
E o meu peito brota como terra de jardim
Flores postas ao vento em nuvens de cetim
Ou em lençóis que espalham sussurros de veludo
Regresso a este canto meu no abraço apertado
Na respiração que se faz verso e canção
Secreto canteiro no meu coração
Onde descansa o meu corpo cansado

23 de outubro de 2011

oFuTuRo

Vento que me levas os olhos
Diz-me do sossego da casa
Canta-me uma história de sonho
Que no meu peito se demora e não se atrasa...

Vento que me levas o sorriso
Diz-me do silêncio das dores
Segreda-me os beijos molhados
Que me levam para onde tu fores

Vento que descansas em paz
Na vigilância dos abraços por dar
Dorme na mão estendida sempre e sempre
Que o futuro é esta forma de já cá estar

12 de outubro de 2011

oTeMp0dEmIm

Sobre as águas passa o tempo de mim
Num rio que corre tranquilo e silencioso
Manto de me tapar a alma assim
Junto ao peito de um grito tão precioso
Espelho de uma voz que canta cega
Cada tempero deste caminho que não sossega
Poeta de olhos abertos e vagabundo
Que carrega cada minuto do mundo
Para existir louco e sabe-se lá se moribundo:
O enterro é seguro. No abraço cansado
Às voltas nas viagens do passado
Que me consome ainda por todo o lado
E o meu sangue parece não ter fim
Sobre as águas deste tempo de mim...

5 de outubro de 2011

jÁbAsTaTuDo

Não digas nada. Deixa que o silêncio traga a noite e a noite me devolva o rio. As minhas lágrimas são fontes desta minha inquietude. Nas margens de todos os sonhos. No sussurro da paixão. Na intranquila maré do meu grito. Não digas nada. Por favor. O dia tem demasiada luz... Talvez encontre um tempo vazio onde consiga finalmente adormecer. Ou simplesmente ficar para sempre. Já basta tudo!

3 de outubro de 2011

oScAmInHoSdAfLoReStA

Nos  caminhos da floresta encontram-se os medos e os segredos todos da alma. Pequenas histórias e enormes sonhos. Os silêncios da saudade estrada acima na ânsia da porta aberta. Os sussurros que pedem calma. Os heróis todos metidos num só gesto. Surpreendentemente como o tempo: umas vezes sim; outras sabe-se lá! Ai, os caminhos da floresta que recolhem a minha vida toda como um pote onde germinam os cânticos, os beijos, os sorrisos, a plenitude de SER!

1 de outubro de 2011

eMtAnTo

Num sussurro de vento, pleno de alegria
Num silêncio de sol, aberto enquanto é dia
Num olhar vagabundo, que na minha boca se anuncia
Numas mãos de poeta... e o meu corpo se alumia!

Num rasgo de sonho, eterno amor ardente
Numa trémula vertigem de sangue, misturada na corrente
Num cantar imenso, aberto e permanente
Numas mãos de poeta... nunca o tempo ausente!

Num instante apenas, soluço do coração
No mar que é meu, no medo que é chão
Num grito, num salto, num lugar feito ondulação
Numas mãos de poeta... ternura deitada na inquietação!

No fogo que me afoga nas noites de estar a sós
Nas memórias de mim, como um rio à deriva na foz
No labirinto da vida, cheia de jardins, cheia de nós
Numas mãos de poeta... rouco, cansado e sem voz!

oTeMp0

O tempo que passa Leva uma flor ao vento Que se faz poesia e raça Fonte, porta e lamento Curva-se o peregrino Sem ter medo da desgra...