28 de abril de 2007

tRoNc0

Podias lembrar-te que um beijo desagua em mim de cada vez que uma lágrima tua me envolve.
Podias desejar-me mais do que isso, é verdade.
Mas simplesmente deixa que o meu abraço te segure e te devolva as margens.
Talvez assim o teu sorriso regresse aos teus olhos.
Talvez assim o silêncio se pinte de novo.
E por fim, tudo possa recomeçar, ao som do teu coração...

27 de abril de 2007

cArRoÇa

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Não serei eu mais tela de um jardim por inventar...
Não serei eu mais palavras de cada vez que o amor me for visitar...
Não serei eu embriaguez dentro de mim, aos tropeções...
Não serei eu, de novo, poeta, no perfume das tuas canções...
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Não terei eu o vento, se me dás o perfume e as cores...
Não terei eu as ondas, às voltas na corrente dos rios, se tu fores...
Não terei eu a voz, nos caminhos da nossa procura...
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Não terei eu o salto, o fogo, o crime, a ternura...
Serei, sim, o meu nome em cada verso.
Terei, sim, todas as lembranças do universo...
Serei, terei, sempre... o sorriso com que me atravesso!
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CoMiChÃo

Volto na inquietação que me trazes de cada vez que me olhas... ou me esqueces.

Procuro-te no turbilhão de todas as palavras de ti... ou de mim.

Revolto-me na solidão dos caminhos longínquos de mais... ou de menos.

Cubro-me de danças e aromas mais que perfeitos... ou de loucura.

Canto as armas de todas as batalhas da vida... ou da morte.

Regresso à minha casa de mãos vazias... ou cheias.

Porque eu aqui...

Volto

Procuro-te

Revolto-me

Cubro-me

Canto

Regresso

lOuCuRa?


De nada a minha loucura será paciência. Da paciência serena de mais uma espera. Na espera de te ver de novo, talvez novo. Novo de mim, de ti, enfim... de todos os tempos da aprendizagem. Pela aprendizagem que vamos tendo sempre que nos embriagamos na solidão. Pela solidão que me trazes sempre que penso em ti. Porque de ti, talvez não sinta mesmo nada. De nada a minha loucura será paciência.

25 de abril de 2007

DeTiEdEmiM

Talvez. Quem sabe o meu livro se fechasse
Ao odor da tua pele, tempestade voraz
Talvez. No vento que em mim te cobre a face
No olhar mais alto que da tua janela se faz

Pouco. Quem sabe as palavras serão fome
Ao risco dos trilhos da nossa casa
Pouco. Na corrente que mais uma vez me consome
Sempre que o teu olhar de novo se atrasa

Fico. Quem sabe fico perdido sem saber
Ao virar de cada nova maré
Fico. Assim, devagar, sem nada me deter
Porque em ti, serei o que ninguém é

lIbErDaDe


Foste tu que me gritaste do cimo daquela fonte?Então fica sabendo que as suas águas fizeram um rio que me serviu para a vida inteira!

24 de abril de 2007

FuGa

Calar-me-ei então para sempre, meu amor...
Nos silêncios de te ouvir a cada dia que passa.
Sentado, perdido ou fugidio sem sequer ser cantor
Poeta, talvez, da ternura que vês na minha desgraça...
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Ficarei de viola em punho, na luta de mais um grito...
Nos altos montes das estrelas de cada um de nós.
Desmaiado, ferido, como tu, talvez morto e assim finalmente bonito
Forte cavaleiro que se suicida na sua essência frágil e feroz.

23 de abril de 2007

àTuaJaNeLa

Nunca o silêncio me acordou. Talvez até nem mesmo me tenha alguma vez adormecido... Não sei. O silêncio é o meu canto de luta. Que vai e vem, como as marés. Ser silêncio sem calar as ondas é possível? Ser onda sem canto é morrer...E eu vou adormecendo e acordando no bailar destes embalos...



À tua janela.

22 de abril de 2007

tEmPoDeNóS

Tempo. Tudo no tempo se poisou. A espera. A ternura. Solidões. Muros. Palavras...Tempo. Da respiração das margens. Da corrente turbulenta na foz. Das ondas (claro, das ondas). Das palavras...Tempo. É pensar que existimos. Saber que temos uma voz. Mesmo rouca a voz cantará sempre. Porque os cantos são os gritos de dentro. No maior grito das palavras... As palavras...Tempo. Onde nos descobrimos outra vez. Como se tudo fossem caminhos para descobrir. Onde nos entendemos e nos perdemos de novo. A cada novo sopro da paciência.

Teremos tempo?

21 de abril de 2007

fUiEs0uSoUeFuI

Entrei em casa e esqueci-me da luz. Esqueci-me da luz mas entrei em casa.

Pousei a pasta e perdi-me em ti. Perdi-me em ti mas pousei a pasta.
Cheirei-te, linda, de olhos fechados e calei-me. Calei-me mas cheirei-te, linda, de olhos fechados.
Foste tudo naquele momento e quis morrer. Quis morrer mas tu foste tudo naquele momento.
Reparei então que tinhas cor e cantei mais alto. Cantei mais alto mas reparei então que tinhas cor.
Fui rio na corrente e assim fiquei. Assim fiquei mas fui rio na corrente.

Entrei em casa.

Esqueci-me da luz.
Pousei a pasta.
Perdi-me em ti.
Cheirei-te, linda, de olhos fechados.
Calei-me.
Foste tudo naquele momento.
Quis morrer.
Reparei então que tinhas cor.
Cantei mais alto.
Fui rio na corrente.

Assim fiquei.

19 de abril de 2007

aRc0-íRiS

Tu não me vês. Não me ouves. Existes apenas. E isso é a minha maior dor. Os passos perdidos às voltas na fuga. As ondas nas sombras das paixões. As gaivotas sussurrando beijos. Tu não me vês. Nem me ouves. Porque apenas existes...

18 de abril de 2007

s0MbRaS


DDee qquuee ssoommbbrraass ssããoo ppiinnttaaddaass aass mmiinnhhaass ppééttaallaass?? QQuuee ppoonntteess,, ttoorrnnaaddaass ffiinnaallmmeennttee ssóólliiddaass,, mmee ccoobbrreemm?? PPeeddaaççooss ddee mmiimm,, ppoorr aaíí.. TTaallvveezz ppoorr ddeennttrroo,, ttaallvveezz vveerrddaaddee...... TTrriillhhooss ddee uumm ccaammiinnhhaannttee ssoollttoo nnaa ssuuaa pprróópprriiaa prisão......

17 de abril de 2007

ReGrEsSo

Tanto tempo passara desde a última vez! Tantos silêncios ecoaram dentro do peito da bela amante, quieta talvez.


Foram dias e noites em que as palavras morriam só por nascer. Foram as páginas marcadas por negras feridas sem se ver. Foram ruínas emersas nas ondulações dos cabelos ao vento, sabe-se lá com que nós. Foram lágrimas correntes nos rios de margens secas, de perpétuo abandono na foz. Foram pedras, calçadas nunca pisadas de pontes de nada ligar. Foram desertos de futuros de nunca mais pousar.


Tanto tempo passara desde a última vez! Mas quando de novo o viu, a bela amante de novo se desfez...




0uTrAvEz0nDa

Volta da onda na espuma branca e suja
Perto demais, apagando os silêncios sem dó
No vai-e-vém eterno das marés sem que ninguém fuja
No bailante cintilar dos espelhos de nos vermos sós.

Não me apagues, meu amor, que os poetas se calarão
Longe de tanto, o ninho de uma alma que responda
Ao vai-e-vém que vai a ti e vem ao meu coração
Apenas para me dizer: Serei sempre onda!

16 de abril de 2007

jAmAiS!

Jamais morrerão as minhas palavras perdidas num qualquer jardim!
Jamais se entregarão aos amores eternos que se afogam em mim...
Jamais terão cor e cheiro ou sabor, mesmo em pele de doce carmim.
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Jamais serei fogo, outra vez, em ti ou de costas voltadas!
Jamais cantarei de novo as marés que nos anunciavam as correntes paradas...
Jamais teu tronco cairá de pé, nas tuas rugas, de novo cansadas...
Jamais, meu amor, os tempos alcançarão as margens das estradas.
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Saberemos para onde vais?

Jamais...

15 de abril de 2007

ApEnAsNóS

Perdidos num quarto onde o sol se fazia convidado, onde o vento se fazia cobertor, onde as cores e os aromas dos corpos se faziam tijolo e telhado... Perdidos nessa paixão bailante dos olhos fechados, dos olhares para dentro de dentro, das lágrimas de nos banhar e de construir o chão... Perdidos no tempo, num tempo de não existir mais nada. Nem o sol nem o vento. Apenas nós. E o quarto cheiro de luz que entrava através da janela que tinha deixado propositadamente aberta à tua chegada.

13 de abril de 2007

sAbErEi?

Saberei de ti se nada existe?
Se perto de nós um porto único resiste,
Por entre os trilhos de um cantar mais que triste
Onde cada gaivota me traz tudo o que pediste?


Saberei do nada se de ti tudo quero?
Se parto no navegar de um abraço sincero,
Por entre as marés bailantes de um bolero
Onde cada onda é só mais um beijo em que espero?


Saberei, saberemos?
Quem sou, quem somos?

AtEnDe!

Foi quando me olhaste que a minha boca se tornou maior que o meu espelho e logo decidiu ser conto de fadas.
Foi quando me olhaste que cantei em silêncio todas as paredes aquecidas dos nossos lares.
Foi quando me olhaste que deixei a minha mão junto aos teus cabelos sem te poder tocar.
Foi quando me olhaste que cada foguete da festa anunciou mais um arraial de ternura.
Foi quando me olhaste que caí morto nas correntes dos trilhos de não levar de volta.
Foi quando me olhaste que parei. E também olhei.

Finalmente olhei.


Para de novo cegar...

12 de abril de 2007

PeRtEnCi-Te?

Pertenci-te por momentos
Perto de mim em cada recordação
Longe de todos os beijos sedentos
Os gestos certeiros de mais um canhão

Pertenci-te assim apenas
Às voltas em cada palavra desenhada
Tombado no perfume das assucenas
Onde nos deitámos em mais uma madrugada

Pertenci-te mesmo sem saber
Por dentro de mim, solto de tudo
Gritei de dor, sem nunca esquecer
Que o teu orgasmo foi sempre mudo

Pertenci-te e quis-te outra vez
Quem sabe perdida em tons de mar
Onde pudesse num só mergulho talvez
Fazer-te maré de nunca parar





Pertenci-te?

DeCá

Não me dês palavras vãs

Ao chegar ou ao partir

Encontra-me apenas, a sorrir,

Pelas noites, pelas manhãs

Onde cada olhar se faz cedo

Onda cada tempo se torna segredo

Onde cada vontade é nosso brinquedo

Perdido nas mãos que se chamam...

OnDa

Foi na praia limpa que ele a procurou, perdendo-se por entre cada grão de areia. De duna se fez e se deixou vigiante. À espera dela. Veio uma onda e perguntou-lhe "És tu?", ao que ela respondeu "Não. Mas posso ser...". Virou as costas às águas e assobiou ao vento. "Quem é?", perguntou-lhe ele de seguida. "Sou eu. Procuro-a... Sabes onde está?". Não obteve resposta. Só um leve sopro que o devolveu ao mar e o transportou pelas marés. Até hoje.

11 de abril de 2007

ToQuE

Percorre-me as mãos em silêncio que o teu toque diz tudo. Depois deixa-te ficar em mim como se um só respirar bastasse para construir tudo o que duas mãos sabem: a vida!

10 de abril de 2007


Noutros tempos talvez tivesse ficado... Hoje, a cada palavra de te ter vou sabendo que afinal as distâncias são o nosso maior nó. Daqueles que atam PARA SEMPRE no embalo cada vez melhor dos silêncios e das ilusões. As palavras poupam-nos ao cruel olhar. Talvez assim saibamos outra vez de nós. Para já...

9 de abril de 2007

oLhArEsDeVoLtA

Percorri todas as distâncias pelas planícies do tempo. Parei nas muralhas dos corações. Vagueei pelas cores das janelas. Os aromas dos telhados. O brilho dos olhares suspeitos. Percorri todas as distâncias sem saber porquê. Afinal, nunca precisei de fugir...
Encontrei as turvas ondas de marés pequenas. As tempestades dos amores eternos. As folias das procissões que não passam. Percorri as distâncias em silêncio. Porque só em silêncio saberemos voltar...

8 de abril de 2007

aDoIs


Sabes o que é uma prisão? É ver-te de olhos abertos a passar dentro de mim sem te conseguir sequer tocar. É ouvir-te a cantar nas janelas sem entender porque choro. É cheirar os teus passos sem poder gritar. É arejar a casa para tu entrares, mesmo quando sais.

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Sabes o que é a liberdade? É ter-te no peito nas noites de Inverno. É cantar-te nos sorrisos. É gritar-me de tanto te seguir. É saber que tens a chave de casa.

7 de abril de 2007

aFiNaL


Afinal sei que existes,
Que cantas a saudade nas esquinas,
Chamas por mim e resistes
Pelo fumo das saudades em ruínas...

Afinal o teu nome ecoa,
Perto de mim, nos caminhos idos,
Dormes sossegada sem que nada te doa
Porque sabes que nunca andaremos perdidos...

Afinal cá dentro em marés de descobertas
Afinal por dentro em fomes desassossegadas
Afinal só dentro encontro as palavras certas
Afinal nem dentro sinto as minhas passadas


Afinal, as cores, os tempos, as planícies, os olhares, os cheiros, os ventos, as chuvas, as portas...



Afinal, nunca mais sentirás minhas mãos mortas!

oTeMp0

O tempo que passa Leva uma flor ao vento Que se faz poesia e raça Fonte, porta e lamento Curva-se o peregrino Sem ter medo da desgra...