30 de março de 2017

Am0rCoNf0rMaDo

vamos tendo a vida que temos
entre o trabalho e o sofá
e sem darmos conta esquecemos
o que houve e o que há

as panelas ao lume estão
entre máquinas por fazer
assim bate o coração
já prontinho p'ra esquecer

nem o chão está por lavar
nem a roupa por passar
anda tudo controlado
Até o amor está conformado

vamos indo sem saber onde
na euforia das solidões
como um vagabundo que se esconde
entre teatros e canções

os tapetes bem passadinhos
a fruta pronta a servir
andam todos entretidinhos
Sem saber o que está para vir

nem o chão está por lavar
nem a roupa por passar
anda tudo controlado
Até o amor está conformado

15 de março de 2017

oCoLiBrI

Rasante como um sonho
Dança o colibri dentro do ninho
Passa pelos sorrisos como quem se distrai
Nem percebe que o chamam de mansinho.
É o leão, poderoso, na manha habitual
No voraz desejo de superioridade
Nada inocente. Um leão 
Sabe sempre o sabor da sua idade!
Então o bicharoco passa voando
Entra na selva sonhando
Fica-se pela vontade de brincar.
Já se queixa, claro, hoje em dia
De tamanha teimosia
Que o fez morrer sem se matar.

Somos nós, os amantes?
Na peugada feroz dos tempos quem passam
A querer estar sempre presentes
Em todos os tempos que se adiantam?

14 de março de 2017

TaLvEz

Há uma estrada perto de mim
Que me leva para o infinito.
Não saio do lugar,
Não me mexo.
Talvez chore.
Há um grito.

Há uma paisagem por descobrir
Nos corações amigos.
Nem sempre estou cá,
Ou estou.
Talvez fique.
No meu passo de fugir.

Há um verso nos silêncios teus
Nas vontades todas
Os montes sussurram demais,
Os ventos existem.
Talvez o mundo
Nos braços meus.

1 de março de 2017

ReCuSa

Deixaste-me o teu silêncio e eu fiquei
Andaste pelas danças do teu passar e eu vi
E quando o mar voltar,
Será que conseguirei
Encontrar todas as conchas que nele perdi?

Deixaste-me o teu silêncio e eu gritei
Quiseste tanto aquela paisagem tua e eu senti
E quando os rios se limparem,
Será que ainda terão tudo o que lhes dei?
Será que nesse tempo já fugi?

Deixaste-me o teu silêncio e eu parei
Atentaste o meu calor que quase não senti
E quando o tempo for embora
Será que ficou o passado e me lembrarei
Do tanto que cresci entre o tanto que fui em ti?

Nada ficará senão a história total e mais alguma
Nada entrará pelo futuro adentro. Nem uma
Honra de te ter amado tanto. Só a
Magia dos momentos de espanto. E os
Gritos mudos de levantar montanhas. Toadas
Despejadas pelas dores tamanhas. Fortes
Arrepios, sonhos e loucuras
Que de mim só sei assim ser
Mesmo ao morrer.
Porque depois,
Ao renascer
Com o condão de um inseguro talvez
Recomeça tudo outra vez.

oTeMp0

O tempo que passa Leva uma flor ao vento Que se faz poesia e raça Fonte, porta e lamento Curva-se o peregrino Sem ter medo da desgra...