31 de dezembro de 2008

Sejam felizes: os meus votos para 2009

.
.
.
.
.
.
Pintado com as cores do tempo nos momentos onde a saudade mais nos cobre... Caído sobre os pântanos dos pensamentos que nos acolhem mesmo quando não os desejamos... Rasgado de todo o sangue que das veias nos espera em fogo ardente... Na voz rouca e trémula de um sussurro... No sorriso lindo reflectido numa pequena lágrima de alegria... Na mão que se aproxima do medo... Telas e telas de versos perdidos em mim que se deixam voar por aí... Para aterrarem nos corações solitários... nos humores secos... nos vazios e nos sonhos... Sou eu. Carregador de emoções na ponta dos dedos e no olho que penetra. Que te penetra em segredo. Não digas nada, anónimo. Curva-te perante ti e pergunta: o que tens feito para ser feliz? Deixa que todos os minutos da tua vida te continuem a separar da morte anunciada. Não roubes nem cometas mais nenhum crime. Respira-te. Porque dentro de ti há um plátano centenário que sabe contar histórias...

30 de dezembro de 2008


Será no segundo logo após a morte anunciada
Que se fará luz dentro do teu peito
Assim, cheiroso desse teu jeito
Nunca mais ouvirás a minha voz cansada...


Saberás pedir-me um novo regresso
Entre a ternura e o perdão?
Qual dor maior que o bater do coração
Sem cessar, nem mesmo quando assim to peço...


Ficaremos separados num eterno abraço
Desses que duram só aquele segundo
Onde de repente somos donos do mundo
E perdemos a noção do cansaço...


Irmão ou amante, requiem da nossa memória
Perto de cada momento, de cada liberdade
No rasgo dos poetas das misérias da cidade
Perdidos entre o valor do olhar e o tempo da história...

Palavras soltas, fomes ardentes e acesas
Gritos de raiva e solidão em sobressalto
Desfaço-me demasiado neste empedrado asfalto
Inquietante e só, predador em busca das presas...


Sem cessar, sem tremer, sem parar sequer para ver
Sou-me inteiro mesmo na traição e na mentira
Porque mesmo que alguma bala te fira
Hás-de levantar-te sempre, para de novo renascer...


Bebe! Atira-te à vida deste segundo tão breve e duro
Fazes falta, sim. Nas curvas que da morte se separam
Como flechas enfeitadas que se apontaram
Ao centro de nós, para agarrar o fumo do futuro...


Ergo-te a taça e a minha vida inteira
Sem rugas, numa canção de roda a rir
Obrigado, irmão, por me fazeres existir
Nesta falta que me fazes que é minha bandeira...




Aos meus irmãos que se foram e aos que ainda cá estão. Nunca é demais beber mais um! Parabéns.

29 de dezembro de 2008

cLaRã0




Regresso-me no calor dessa escuridão que me revela todo o brilho da memória. Verto um rio de saudade só porque sou fonte de mim. No ritual doce e sangrento das mãos que se procuram. No abraço seguro dos olhares cúmplices. Estrela d' Alva pode ser, sim. Entre o adormecer dos sonhos e a madrugada das marés. Assim, no teu ir-e-vir eterno!
.
.
.
.
.
.
.
.
.
.
.
Teve de ser...

21 de dezembro de 2008

aMiNhAcAlÇaDa


A minha calçada é um manto frio
Que me cobre de inquietação
Foge-me dos pés, em forte arrepio
Curva-se-me em lágrima e canção
A minha calçada é um caminho passado
Uma maré de encher o peito
Cobre-me o sonho de tudo em mim ser pesado
Vertigem da voz rouca e do olhar defeito
Hoje morro na minha história
Mais um passo enfraquecido e cinzento
Há uma dor em cada acordar desta memória
Que a madrugada é um fogo que arde, se vê e não aguento
Talvez vá. Para sempre. Eternamente.
Em busca de uma outra poesia em mim...
As palavras que nos uniram... tudo o que se sente
É um comboio que viaja entre a partida e o fim.
.
.
.
.
.
.
.
.
.
.
.
.
.
.
.
.
.
.
.
.
.
.
.
.
.
.
.
.
.
.
.
.
Deixo-vos, neste momento, assim. Até um dia. Um beijo especial à Raquel (que para aqui me trouxe...), à MariaP, à Maria, à Som do Silêncio, Luísa, ao Brain, à Paula Raposo, à Júlia, à Manuela, à Lúcia, à Dulce, à Lídia, ao Jorge, à Velas, à Nuvem e aos outros tantos que por aqui se deixaram unir durante estes dois anos e pouco.
Que a ausência não nos desuna!
25 de Abril Sempre!

16 de dezembro de 2008

rEt0rNo



De mansinho ouso sair da cabana. O vento frio não se faz sentir. O horizonte aparece-me limpo e o terreno em cinzas de Inverno. Ouso dar um passo mais em direcção ao labirinto. Entro? Fico? Avanço! Decidido e forte. Sei da inquietação que ficou dentro da cabana, onde ela ainda dorme no cheiro daquela noite. Tenho de me afastar. Nem olho para trás, claro. A porta ficou aberta para deixar entrar as minhas lágrimas. Que da saudade só conheço a poesia. E da dor o carregado corpo com que me transporto. Mais morto que vivo, é certo. Tenho de avançar. A viagem é longa longa quem sabe eterna... Levanto a cabeça por sobre as estradas de terra desenhadas a carvão. Ergo as mãos sobre a cabeça. Quero arrancar-me um pedacinho que seja desta ausência. Vou. Porque só assim saberei ficar...

14 de dezembro de 2008

n0pEiToEmDoReS


A minha viagem rompe-se na solidão
Corre-me pelas veias no peito em brilho que cega
Arde-me e nunca sossega
Percorre-me o tempo, sem tempo nem perdão
A minha viagem sou eu outra vez
Sempre eu, inquietantemente
Afaga-me o frio demasiado rente
Ao que me irá um dia matar, talvez
Rasgo-me pelos versos em fogo que arde
Desfaço-me pelos trilhos de ser assim
Despejo-me infinito em dores de mim
Porque tudo é cedo e tudo é tarde...

11 de dezembro de 2008

eMoÇã0

.
.
.
.
Não oiço as palavras do mundo
Deixo-me cair segundo após segundo
Sobre mim, pesado e moribundo
Repartido entre o manto e a enxada
Rasgo-me a cada nova madrugada
Que passo sem fazer nada
Porque um silêncio de gritos me assalta
Como se o vazio me fizesse falta
Numa febre demasiadamente alta
Fonte de tanta tormenta e sangue em bruto
De um rio solto, veloz e astuto
Que lava as minhas lágrimas enxuto
Só para de novo desaguar
Ali mesmo, junto daquele seu mar
Só dele, daquele pequenino lugar
Onde tudo se refaz a preceito
Onde cada minuto é um novo tempo desfeito
Onde cada respiração é um nó no peito
Nós somos verso e carne da emoção
Vento e sal na palma da mão
Ternura e pele em jeito de canção!
.
.

7 de dezembro de 2008

aMiNhAcIdAdE

Chove no meu peito uma cidade

Um rio de gentes e amores e pesadelos

Manta feita de guerra e novelos

Onde a escuridão sorri à claridade
.
O meu lugar é outro e nenhum

Talvez um abismo feito mágoa

Uma maré que se desfaz na água

Um caminho de morte e jejum
.
Vagueio solitário, rente e vagabundo


Perdido de mim, de cada pedaço da multidão

A minha cidade é uma luta cheia da dor do mundo

Que se esquece de caminhar com o coração
.
Fico no fado de mais um dia sem cantar?


No labirinto de cada curva de mim...

Na minha cidade só sei morrer e estar

Recomeçar-me vezes sem conta no fim...












4 de dezembro de 2008

dAm0rTe


Eu sei que o caminho é longo. Passo após passo em direcção a um abismo recheado de flores. Eu sei que nessa viagem existem as mãos. Os abraços. As lágrimas em corrente labirinto por entre os nossos sonhos. Eu sei que um dia a noite será eterna e o passado para sempre... de encontro ao peito. Margens de nós calcadas no pensamento. Frutos e silvas de pele. Gargalhadas e saltos e gritos e canções e pontapés na bola e cerveja e escuridões e sangue e tudo e até segredos... Meu amigo, meu irmão. Estou aqui. Nada mais importa hoje.

3 de dezembro de 2008

tRaGoNoPeIt0

Foto oferecida por uma amiga
.

.

.

.

Trago no peito uma encruzilhadaPerdida de versos e estradaOnde me perco entre o tudo e o nadaE se canto, minha voz sente-se paradaQue de mim, o tempo foge como um rioOs passos percorrem-me entre o calor e o frioDe correr por um labirinto e o arrepioDe me saber assim, rouco e vazioSem que a voz me peça pazE de novo peço-te que vásNem sequer olhes para trásTemos um monstro que se prepara atrásPara nos devorar todos os lamentosUm cadáver que nos devora os momentosUma escuridão em tons de negros e cinzentosUma ferrugem fraca de tantos sofrimentosSem nada nos devolver, nem mesmo a morteAndamos assim, ao sabor das marés vivas do NorteSem sal, mel, sargaço ou algo que nos reconfortePode ser um mimo só, um corteNesta sensação enlouquecida da caminhadaPorque...Trago no peito esta encruzilhada...

2 de dezembro de 2008

aMiNhApElE



A minha pele não me respira. Sufoca.Carrega um pesado sono.Qualquer insegurança que se toca,Qualquer cheiro de abandono...
A minha pele sangra-me. Veneno.Pinta-me o olhar de eterno querer.Qualquer sonho é demasiadamente pequeno,Qualquer pedaço de prazer...
A minha pele foge-me. Atrevimento.Canta-me uma viagem de marés.Qualquer noite em tons de cinzento,Qualquer fome do que és...
A minha pele sou eu.

oTeMp0

O tempo que passa Leva uma flor ao vento Que se faz poesia e raça Fonte, porta e lamento Curva-se o peregrino Sem ter medo da desgra...