30 de janeiro de 2014

SóPoSs0sErSeSiM

Diz-me de um país que vive acorrentado
Que canta e chora um pouco por todo o lado
Que treme, mas também se sente abençoado
Por uma história divina
Assim como uma menina
Bailando uma dança.
Chama-se esperança.

Diz-me de um tempo cinzento e sem cor
Às vezes só, perdendo o seu amor
Outras forte na rua e sem pudor
Na luta da felicidade
No campo ou na cidade
E tudo se alcança!
Chama-se esperança.

Só posso ser se sim
Acordar dentro de mim
E querer abraçar-te
Ter as mãos para te dar
Abertas de tanto amar
Cada pedaço da nossa arte

Diz-me da pequena casa ou da grande solidão
Do trabalho feito pele, voz e revolução
Crescendo que me arde o coração
De sorrir, de tanto sorrir
Na teimosia de ficar e não fugir
Neste corpo que não se cansa.
Chama-se esperança.

Diz-me que queremos contar as flores outra vez
Ganhar o orgulho de tudo o que já se fez
Entre poetas, marinheiros, sempre português
Eu quero e estás comigo
Somos muitos e eu consigo
Nosso chão que se alcança!
Chama-se esperança.

Só posso ser se sim...

27 de janeiro de 2014

rEsTa-Me

Resta-me o poema e o amor
A saudade e a morte certa
Resta-me o sangue amarrado à dor
Sempre que o teu silêncio me aperta

Resta-me a memória e a solidão
O tempo que parece que nunca passa
Resta-me o sossego inquieto de uma canção
Quando me atiro embriagado aos labirintos da desgraça

Resta-me o espelho, luz e escuro
Forte temporal de um vagabundo cansado
Resta-me o presente em conflito com o futuro
Que ainda canta as flores plantadas no passado

Resta-me algo mais, sei lá, eu!
E por vezes esqueço cada pedaço...
Por isso resta-me o que ainda não aconteceu
Feito em tudo o que quero e o que (não) faço. 

22 de janeiro de 2014

fAd0mEn0r

Espero o amor no silêncio dos dias
Cansada, choro um presente assim
Cheio de nada e de mãos vazias
Vazia de tudo, de todos e de mim

Em raiva e desilusão
Tristeza e fado menor
Calo meu pobre coração
Que conheço já de cor

Espero em frente ao espelho
Numa história que me cai no colo
E num passo que se faz velho
Sei que morrerei sem consolo

Em pobre viagem só
Lágrima que as nuvens carregam
A vida é isto: terra, fruto e pó
Onde os nossos sonhos navegam 

20 de janeiro de 2014

gRaViDeZ

Pudesse a espera ser água,
Sempre fonte, a dançar e a cantar
E seguramente se chamaria mar...
Pudesse o desejo ser terra,
Brotando flores e cheiros sem fim
E talvez se chamasse manto ou jardim...
Pudesse a ansiedade ser céu,
Conjunto de pinturas sem cansar
E provavelmente se chamaria ar...
Pudesse o medo ser sossego
Ternura e sorrisos plantados nos vendavais
E com certeza os meus olhos não chorariam mais...

11 de janeiro de 2014

cRiAnÇaFeLiZ

PelAs paredes seculares da história
Nos jardiNs da nossa memória
Todo o céu se cobriu d(n)a tuA voz potente
A noite fez-se em ternura doce e quente
E eu sorri. Sorri como uma criança feliz!
Pelas notas de cada mão aberta à arte
Nas cores que se pintaram por toda a parte
A tua voz potente, no miLagre de ti
Juntinho A cada um de nós, aquI
E eu sorri criança. Feliz!
No sabor de cada palavra, cada momento
Fogo-ventre em abraço leNto
Voz que o olhar entrega total
A quem ama e canta aSsim Portugal
E eu sorri feliz. Criança.





6 de janeiro de 2014

VaLe(S)

Vale o silêncio das flores...
ou as maiores dores
Valem os teus sonhos um a um...
 ou a preGuiça de não aceitar nenhum
Vale a alegria (n)do teu sorriso...
ou o secreto murmúrio preciso
Vale cada abraço como o minuto...
ou o leito já enxuto
Vale o canto dos suores e a saudade...
ou o nosso canto na cidade
Vale o espaço entre nós...
ou a permanência de estarmos sós
Vale a Distância, a pureza...
ou carregar o manto da certeza
Vale o embrulho da casa...
ou o meu corpo feito brasa
Vale o que fazemos e não fazemos...
ou mesmo tudo o que ainda não perdemos
Vale o passo cerTo e o feijão...
ou o brilho do nosso coração
Vale o ínFimo pormenor...
ou o olhar de nos sabermos de cor
Vale o cuidado e a ternura...
ou o toque que se beija em água pura
Vale o carrasco insuspeito...
ou o medo que me rói o peito
Vale o céu e o mar...
Todo o tempo de te amar!

3 de janeiro de 2014

tRaNsLúCiDo

Do poema que me corre nas veias
Nos sonhos
Solidões
Ou simplesmente embriaguez
Uma tempestade
Um rio apenas
Um areal
Solto à espera da sua vez...

Do sabor de cada palavra
Os sorrisos
As lágrimas até
Ou quem sabe o abraço do mar
Um mergulho
Um abismo
Que um dia quis cantar...

Dos mistérios da criação
As voltas de mim
Inquietações, fugas
Certezas de um caminho certo!
Margens e pedras
Flores no arrepio do ar
Que de tão longe, se fazem perto...

Sei que escrevo e sou
Sou o que escrevo e também não
Vivo o que tenho, perco ou o medo
















                                                  
                                                          
                                      
                         
                                            
                                                          

oTeMp0

O tempo que passa Leva uma flor ao vento Que se faz poesia e raça Fonte, porta e lamento Curva-se o peregrino Sem ter medo da desgra...