27 de janeiro de 2015

iNtErCaLaDaMeNtE

Que do tempo o meu corpo se cansa
Silêncios e gritos tantos espalhados
Pesadelos e sonhos incontrolados
Sem repouso. E esperança?





Dessas nódoas, tatuagens sem fiança
Memórias trémulas, de queimar o fundo mais fundo
Passos em vão, se nada ficou profundo
Que do tempo o meu corpo se cansa

Raiva e sol, temporais dos dedos cansados
Na garganta rouca em demasia
Perdida entre a noite e o dia
Silêncios e gritos tantos espalhados



Vertigem louca em versos intercalados
Bailando embriagados rente ao espelho
Que os meus olhos estão velhos
Pesadelos e sonhos incontrolados

Vale a pena ficar na eterna dança
De um tempo que passa sem passar?
De um passo que fica sem ficar?
Sem repouso. E esperança?

26 de janeiro de 2015

LeVa-Te

Leva-te. Afogado no teu sofrimento. Talvez no fundo do tempo encontres algum sossego. Talvez o silêncio ou a gargalhada de finalmente chegar. Leva-te. Não digas mais palavras nem evoques as histórias mais belas. Não mostres o que sabes nem o que queres. Apenas deixa que o futuro seja em ti a forma. Uma esfera que rola dia após dia, rua após rua, sonho após sonho... Nunca ninguém será tão grande como a tua dor. Nem ficarás na lembrança assim tanto. O mar saberá encontrar um cantinho para o teu corpo no azul ou na espuma. Os peixes aconchegarão a tua alma que não vale nada na imensidão dos movimentos e cores. Leva-te. Apenas.

19 de janeiro de 2015

iR...eViR?

Que me leve o tempo
Que me leve o mar
No desejo do adiante
Que ainda me faz sonhar

Que me traga o voo
Que me traga sim
Na pequena viagem grande
Inquieta, em fernesim

Que me leve sempre
Que me leve agora
Rente a ti, abraço eterno
Que nunca se vai embora

Que me traga o toque
Que me traga o amor
Raso o meu passar na praia
Onde me faço poeta e cantor

Fico aqui, livre e solto...


Foto de Cláudia Correia, uma amiga.


14 de janeiro de 2015

FoIaSsIm

No cais vazio do canto que vai
Na solidão tranquila que tropeça mas não cai
No sossego desta embriaguez feita rio
No calor do tanto que é ter frio...

No poema de ti, em lágrimas fortes e roucas
Nas distâncias, sempre muitas, sempre poucas
Na saudade, eterno mar em mim cantado
No sonho que tento, no meu dormir acordado...

Na viagem que se quer e se faz
Na loucura de morrer de amor e paz
Na canção que fica nas paredes do meu andar
No sorriso onde o teu nome irá desaguar!

13 de janeiro de 2015

MaNhÃ

Parto no encalço de um sonho qualquer
Pode ser um grito, um toque de mulher
Ou mesmo a forte passagem pela vida.
O sonho é sempre uma chegada e uma despedida...

Canto no acordar do meu leito quente
Pode ser no sorriso mais fértil e urgente
Ou mesmo o sangue do meu corpo em ti.
O meu leito é a fonte onde já me perdi...

Deixo o corpo liberto e solto e vigilante
Pode ser a respiração que me faz ir adiante
Ou mesmo a marcha pela profunda liberdade.
 O corpo liberto é um rio em pura verdade...


12 de janeiro de 2015

dIáLoGoS

Ouves os silêncios da minha saudade, Pequena Pantera?
Só ouço gritos...
Esses mesmos!

Pequeno Príncipe, sentir saudade é bom...
Depende.
De quê?
De mim.

Pequena Pantera, gostava de saber ler-te.
É fácil. Não é preciso muito.
O que é preciso, então?
O coração.

Sabes uma coisa, Pequeno Príncipe?
Diz.
Hoje pensei em ti.
E depois?
E depois foi bom.
Que fizeste?
Deixei os silêncios a embalar-me.
E depois?
Dancei!

2 de janeiro de 2015

DeIxA-mEiR

Estar tão longe que existe a possibilidade de não conseguir.
Deixa-me ir...
Gritar tantos silêncios que algum irá eclodir.
Deixa-me ir...
Cantar o mundo na solidão sempre a pedir.
Deixa-me ir...
Não saber das distâncias de cada sentir.
Deixa-me ir...
Saber que a saudade é alimento e fogo a fugir.
Deixa-me ir...
Arrancar do peito o sangue, o desejo e o que vai cair.
Deixa-me ir...
Adormecer perto demais da dor que teimou em não sair.
Deixa-me ir...
Chamar o poeta e ele nunca vir.
Deixa-me ir...
Ficar, então, na inquieta tela de nada fruir.
Deixa-me ir...






oTeMp0

O tempo que passa Leva uma flor ao vento Que se faz poesia e raça Fonte, porta e lamento Curva-se o peregrino Sem ter medo da desgra...