31 de dezembro de 2007

uMn0v0pAsSoDeFuTuRo

Voltarei. Voltarei ao poema da paz
Talvez num novo ano qualquer
Quem sabe no perfume de uma mulher
Ou nos braços de quem se quer
Não sei se sou capaz...
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Lutarei. Lutarei pelo poema da paz
Nas vozes cansadas do sofrimento
Perto de ti a cada novo momento
Ou nos gritos do esquecimento
Não sei se sou capaz...
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Saberei. Saberei inventar um poema de paz?
No gume amargo dos passos traídos
Na certeza dos companheiros já idos
Ou no encalce dos pedaços caídos
Não sei se sou capaz...
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Estarei. Estarei por certo num poema de paz
Cheio de amor, fogo e punho levantado
Forte ou tombado, deste ou desse lado
Por dentro do futuro e do passado
Não sei... Tenho de ser capaz!

dEcÁ


Deixei-me levar na estrada branca em direcção ao monte. Sabia que do lado de lá encontraria o sorriso que me esperava. Olhei para a esquerda e acenei a todos as janelas que me cumprimentavam. Uma a uma. Olhei para a direita e repeti os gestos tranquilos de uma caminhada certa. Eu sei que no lado de lá encontraria o sorriso que me esperava...


30 de dezembro de 2007

Ci0


É talvez no silêncio das paisagens dos amantes que os poetas se procuram.




27 Janeiro 2007

cLaRã0

Os espelhos impedem-nos de ver às vezes. Os espelhos não nos mostram quem temos à frente; reflectem-nos os que estão por trás. Às vezes mostram-nos o que não vemos: os que estão ao lado.
Mas os rios; os rios-espelho são corrente em sol forte que nos acorrentam em nós de existência. Em potentes silêncios de chamamento. Em luz certeira que nos lembra as lágrimas. As nossas. As tuas. As dele. Dela.

Parto o espelho ou atiro-me ao rio?

29 de dezembro de 2007

iReMgRiTo


Fechados os olhos ao momentoNa lágrima corrente do amorOs passos de peso forte e correnteSem força, sem rumo. Só dor...


Na tela da história por refazerAs viagens de regresso são de partidaCalo-me então, de novo ao morrerSem saber se o bilhete é só de ida...


Sei de tudo no silêncio em dentro fechadoComo um grito longo, surdo e moribundoNo turvo instante do vento guardadoÀ espera de tudo, de mim e do mundo...


oChEiRoDeMaRiA

Vem chegando no seu ritmo incerto e mágico
Penetrando-nos os sonhos e a saudade
Cobrindo-nos os olhos de sal
A alma de uma verde verdade
Onde ninamos os dedos em amores sem igual
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Vem rasteira, víbora ou sereia
Pintando-nos o corpo de vento e vida
Em montanhas, leitos e fontes de nos acordar
Onde fazemos de cada nova despedida
Uma outra forma de lutar e voltar
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Vem, hoje, em sorriso de palavras soltas
Caminhando-nos os afectos em fontes puras
Que nos formam rios e rios de ti
Solidária Maria, manto de fome e ternuras
Que sempre quero ter-te por aqui!
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Parabéns, minha amiga. Que a tua ilha mantenha sempre o teu cheiro!

28 de dezembro de 2007

RuMoS


Da fragilidade de todos os tempos e de todos os amores as correntes despejam-se em margens perdidas e fracas...




10 de Março 2007

SiLêNcIoDeCaNtAr0r0sToDaNoItEdEsEr

Depois do silêncio, a maré
Depois do horizonte, o lar
Cada passo em si mais do que é
Cada volta de novo, o eterno cantar

Depois da palavra, o sorriso
Depois do olhar, a ternura
Cada rosto em mim, mais que preciso
Cada tempo, fonte em tudo que perdura

Depois do verso, o canto
Depois da noite, nós dois
Cada regaço verde, doce manto
Cada certeza de ser assim... depois.

26 de dezembro de 2007

aMaRéGrItAr

O meu sangue corre a cada grito que grita
Penetra-me em cascatas de um amor que se agita
Foge de tanto correr atormentado
Talvez por ser sangue e andar já gritado


O meu sangue grita-me na imensidão do curso do rio
Segreda-me em labirintos de memória o sabor do tempo frio
Foge de tanto correr esfomeado
Talvez por ser sangue e andar já gritado

O meu sangue grita-te com a dúvida de um condor
Certeiro encontra os poros de cada dor
Foge de tanto correr cansado
Talvez por ser sangue e andar já gritado


O meu sangue grita-nos no cimo de cada solidão
Encontra-me perdido nas portas do coração
Onde tudo foge sem a volta do condenado
Porque sangue que é sangue tem de andar gritado!

24 de dezembro de 2007

nAiMeNsIdÃoDoScAmInHoS

Passamos o portão para o lado de lá. Ficamos no portão do lado de cá. Espreitamos o lado de lá do portão. Temos saudades no lado de cá do portão. Sentimos medo do lado de lá do portão. Choramos no lado de cá do portão. Sonhamos com o lado de lá do portão. Esperamos no lado de cá do portão.
Andamos de cá para lá, do portão. Parados na imensidão dos caminhos...

22 de dezembro de 2007

eMcAdAp0nTaDaNoSsAcRuZ

Em cada ponta da nossa cruz
Encontraremos um sorriso perdido
Um pequeno momento que nos seduz
No manto retalhado de um sonho esquecido
Em cada ponta da nossa cruz
Voltaremos a nós sem mais remédio
Formando nas solidões cada sombra da luz
De tanto sermos fonte, corrente e tédio
Em cada ponta da nossa cruz
Batalhamos os pequenos nadas de tanto ser
Perpetuando de novo um passado sem capa ou capuz
Por nós, pelos inconsequentes momentos de estar sempre a morrer...

21 de dezembro de 2007

bUsCa

Levantamos o olhar e a voz carmesim, a cada nó que nos damos de mão dada...







29 de Junho

DeStIn0

Assim. Apenas por dentro...


Cada olhar que nos damos ao destino percorre-nos as memórias em direcção ao tempo. Eleva-se-nos na alma de tanto sentirmos. Nas solidões marginais dos despertares fortes do frio. Nos abraços embriagados dos aromas penetrantes dos corpos amantes.
Cada olhar que nos damos aproximam-nos demasiado de tudo o que da vida levamos mesmo que nunca se faça. Em direcção a um futuro por vezes tão dentro de nós que se asfixia nas palavras que soltamos em vómitos ou cantigas de amor. Lembro-me dos olhos assim, capazes de tudo o que meu coração rompe...

20 de dezembro de 2007

sEmMiM

Precipito-me em mim sem palavras, sem tempo. Caio num buraco escuro sem respiração. Abro os olhos sem forças. Fecho as mãos geladas. O meu corpo não pede nada. Silêncio talvez. Quietude. Sentir que os dias vão passando sem se perderem. Desperdício? Precipício! Vagueio pelos sons e aromas à minha volta em vertigem permanente. Imune. Incolor. Intransparente. Vazio. Um estado lacrimejante demasiadamente doloroso para mim onde os rios secam. Preciso de um beijo. Um abraço. O ar que respiro está poluído. Asfixia-me e penetra-me nos sonhos inertes. Quero a minha respiração. Nada que tenha em mim. Que de mim tudo se sente feio e sem sorrisos. Vou correr na praia. Gritar na praia. Saltar na praia. Deixar-me levar em cada grão de areia ou onda e talvez voltar. A mim...
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Desculpem-me o desabafo. Em Natal embrulhado...

15 de dezembro de 2007

pReCiPíCi0(-mE)

Perto de mais tão longe em todas as manhãs
Teu corpo tua voz teu beijo mais que em mim
Cantamos os dias que passam e as horas vãs
Perto de mais tão longe e sempre assim

Forte por nós por cada passagem à janela
Minha sombra meu sorriso minha cor mais que ti
Navegamos rumo ao amor sem caravela
Forte por nós por cada passagem de ficarmos aqui

Sem recados sem palavras sem sequer esperar
Mais uma noite mais um pequeno embalo
No seguimento da lágrima tão funda carregada de chorar
Sem recados sem palavras ou com tudo a separá-lo?

Não ponhas os teus passos no meu areal
Deixa-me gritar-te todos os nós do sofrimento
Vou-me embora, pela porta fechada pela parede sem cal
Onde me mato sem te possuir no esquecimento


13 de dezembro de 2007

cAvAlEiRo

A ausência foi mais forte e as palavras corriam-te das mãos...




25 de Março

AfEcT0

Volto-me de novo para ti e sorrio
Aguarelas-me o olhar entre sonhos e cores
Navego por entre mil e um amores
Os da minha vida, que se dão à corrente do rio
Entre tudo o que das suas margens me afoga
Me afaga por dentro de tanto te saber
Carregada do toque que nos une sem se ver
Em cada palavra que de novo em mim se interroga
Este meu jeito vagabundo, saltimbanco e poeta
Por entre o vai e vem da nossa respiração
Na ternura da manhã, no fogo cruel da inquetação
Guardo as janelas improváveis, no deslumbramento da minha caneta

12 de dezembro de 2007

eSePaRaSsE?

E se parasse? Se uma manhã de sol se transformasse num clarão tal que me imobilizasse em todas as direcções. Poderia ver melhor os outros a passar-me à frente, mesmo os que não me olham? Seria capaz de sentir todos os aromas das emoções à solta no vento e no brilho das vozes? Das que choram. Das que falam apenas. Das que riem. Das que pedem. Das que me querem enforcar. Das que me engolem. Das que não me dizem nada. Das que me amam. Das que nos unem... E se parasse? Perdido na imobilidade deixar-me-ia levar em tamanha impossibilidade. Sim. Impossibilidade. A de ir sem ir. Ou a de estar sem ser. Pelo menos poderia de novo responder-me às eternas questões que me movem? Não. Perderiam sentido... Como tudo, que ficaria vazio. Oco. Sem fundo. Sem futuro. Morto. E se parasse? Se morresse mas continasse vivo?

10 de dezembro de 2007

iA

Podias lembrar-te que um beijo desagua em mim de cada vez que uma lágrima tua me envolve.









28 de Abril

p0rTi

Perdido nos silêncios que amarram
Abandono meu corpo ao frio de tanto vazio
Encosto as lágrimas que de novo choraram
Para me sentir em corrente de rio
Percorro a minha vida outra vez por ti atirada
Canso-me dos caminhos de ir e vir
Grito-me para dentro, só em mim, demasiada
Que de tanto ser me dói tanto sentir

9 de dezembro de 2007

qUaLaCoRdAd0r?

Cada lágrima minha ecoa demasiadamente forte dentro de mim para conseguir ser corrente.
Cada silêncio levanta as palavras gastas de tamanha inquietação.

Volto de novo um dia talvez quem sabe outra vez a ser isso mesmo... Presente.

Carrego-me as memórias das ondas que devoram todos os momentos do meu coração.

Sufoca-me o peito. Abafa-me a história. Perturbante maré nos meus olhos perdida.

Calo-me. Sim. Calarei todos os pedaços das trocas. Dos aromas em ebulição.

Na estação da viagem. Por entre o escuro da noite e a certeza da partida. Só de ida?

Em todo o peso de uma existência fortemente entregue ao destino e à solidão.

Cada lágrima. As minhas. Sem reflexo. Sem brilho. Limpas. Plenas de mim.

Na mistura indissolúvel que nos interroga os caminhos quando se vê o fim.

Perto demais da morte. Longe demais da entrada. Onde tudo se atropela assim.

Será jardim?

5 de dezembro de 2007

aPeNaS

O meu olhar quebrou-se ao cair pela lágrima vertente. O meu cansaço caiu ao quebrar-se por entre toda a gente. Sou fixo assim. Em mim. Sem mesmo o saber. Se me fico à espera ou se viajo nas paragens do ser...

4 de dezembro de 2007

cItAçÃo














Quero as palavras todas no meu poema!



18 e Janeiro de 2007

rEnDiLhAd0

Nunca o carrasco tanto se assaltará quanto as memórias... Nem o pequeno poeta à solta pelos afectos, Nem o coração vadio por entre as correntes das solidões, Nem a angústia que nos consome sem pedir licença, Nem a ternura que nos rouba a paz, Nem nada. Somos os nossos próprios moribundos perto demais de não voltar atrás...Somos os nossos próprios moribundos perto demais de não voltar atrás...Somos os nossos próprios moribundos perto demais de não voltar atrás...Somos os nossos próprios moribundos perto demais de não voltar atrás... Somos os nossos próprios moribundos perto demais de não voltar atrás...
SomosSomosSomosSomosSomosSomos...

3 de dezembro de 2007

c0l0(-mE)

É nas folhas caídas que a Primavera anuncia a sua nova viagem. "Deixo-te as cores do Outono...", terá dito ao partir. Fiquei a olhar. O vento seguro e transparente remassava os dias no embalo das noites silenciosas e solitárias. Os olhares desconfiados do regresso passavam sem deixar rasto. Cada palavra tremia-me na ponta dos dedos e no eco da minha memória. As folhas caídas mortas na sua vida eterna de ir e vir, de colorir a estação, de saber que há sempre histórias em cada permanência... Perdi-me de tanto ficar. Perto. No colo forte dos anos que passam e repassam e passam e repassam e passam e passam e repassam e passam e repassam e passam... ...

2 de dezembro de 2007

n0mEuCaDeRn0

No meu caderno existo mais do que no pensamento. Pelos rascunhos dos meus sonhos... Na ponta da caneta os meus dedos são a corrente que me transporta longe. Longe demais. Onde tão perto me quedo. No meu caderno. Pousado no areal de todas as marés...

ReNoVaÇã0

Que parte de mim ecoa por aí nas palavras de andar atrás de tudo?









21 de Dezembro de 2006

oTeMp0

O tempo que passa Leva uma flor ao vento Que se faz poesia e raça Fonte, porta e lamento Curva-se o peregrino Sem ter medo da desgra...