30 de setembro de 2009

tAnTo


Tanto é esse minuto suspenso no ar
O sufoco que se prende nos passos
O beijo carregado de pedaços
De tanta memória para deixar voar...
Tanto é esse suspenso minuto cantado
Onde o tempo morre e permanece
Onde somos poder e prece
De tanto o futuro ainda ser passado...
Tanto é cada silêncio do teu nome
Outra vez saudade. Novamente eterno.
Outra vez suspiro preso no calor do Inverno.
De tanto ser este tanto que me consome...
Tanto é o poema aberto em mim
O mistério e a estrada da falésia em flor
O bater das ondas dentro do peito e o amor
De tudo ser tanto e nunca ter fim...

27 de setembro de 2009

sUsPeNs0


Não te devoro mais o tempo em que me esperas. Deixo-o solto assistindo a essas lágrimas que te afogam. Sabes disso. Que enquanto existirmos haverá uma sede moribunda e traiçoeira pairando por cima dos sonhos. Eu deixo os meus pousados no manto dos versos que vomito. Mesmo que sem cor, sem fogo, sem alma... são eles que me alimentam a tua perda.

23 de setembro de 2009

rIoNoTeMp0




Cada viagem em nós é um rio no tempo. Feito corrente em sangue e desejo. Feito perdição, dor e andaime. Cada viagem solta-nos a alma e o corpo. Carregado dos aromas da paixão e da solidão e da perdição e da imensidão e da canção que de tanto ser nossa se dilui no sabor de todos os ventos e marés. Cada viagem feita em nós. Onde os passos não são mais do que o nosso olhar...

20 de setembro de 2009

s0u

Sou uma nascente de tanto te querer
Uma solidão no tempo perdida que corre forte.
Sou um pedaço de mim em novo desnorte
Que não se encontra,
Mal se vê.
Sou um manto de poesia fraca e velha
Um canteiro na terra pregado.
Sou um grito de novo chorado
Que não se vê,
Mal se encontra.
Sou um ponto no horizonte dos sonhos
Uma voz, ternura à deriva e tontura.
Sou uma canção que entre ti e mim ainda perdura
Mas não se encontra
e mal se vê.
Sou um rosto de desejo, de sorriso menino
Uma flor deitada sobre o teu leito.
Sou este embriagado vagabundo e desfeito
Que mal se encontra
E está cansado de se ver!

18 de setembro de 2009

iNsTaNtE


Inteira e intensa. O vendaval no meu peito.
Um Oceano. Carregado da nossa pele e de canções.
Um ronrom na madrugada. Um olhar desfeito.
Uma dor boa. Um sonho. Um recado de emoções.
Da falésia que nos cobre. Do sonho que nos aquece.
Da liberdade deste voo. Do minuto longo que permanece.
Dos olhos fechados sobre o encontro. Da saliva feita mel.
Dos silêncios perdidos cá dentro. Do sabor do pincel.
Princesa nua que dança. Onda de um sargaço sempre vivo.
Beijo que pinta e repinta ao sabor de um sentir cativo.
Perco-me assim nesta estrada.
Cruzada
Mais que encruzilhada
Que se faz de tudo e se desfaz de nada!
... Um tudo que pode ser um instante...
... Um nada que pode morrer adiante...
Onde o sangue é o passo certeiro desta chama imensa.
Que deste fogo, existes como uma fome à nascença:
Um querer abraçar-te sempre assim - inteira e intensa!

16 de setembro de 2009

sAuDaDe

Posso construir uma ponte sobre o rio
Pintar-lhe todos os passos dos amantes
Cobrir-lhe o rosto, ainda em arrepio
Onde perduram os caminhos mais errantes
Posso ser perdão ou onda Mas tudo será sempre antes
Mesmo que de mim me esconda
Que das memórias só lhes desejo o fim
Que das dores o sangue quente
Para te ver novamente em mim
Que de ti, queria ouvir a tua voz novamente...

13 de setembro de 2009

vEnToPrInCeSa


Leva-me o vento pelos montes. No encalço de um abraço.
Um passo meu feito de mar e sargaço
Só para que esta maré num segundo se faça paixão...
Rasgo-me na pele que este fogo me traz. Sem desaguar.
Sou um rio meu que canta sem parar
Cada memória da nossa nova canção...
Pede-me agora como sempre que me transforme em beijo.
Num silêncio meu pintado de paz e desejo
De te ter em mim como uma princesa...
Sussurra-me a cor que os teus sonhos abrem
O leito meu que nas palavras se trazem
Como quem pinta o mundo e a beleza!
.
.
.
.
.
... que o tempo é o sangue que nas veias corre.
... mesmo quando em dor, há sempre alguém que morre.

9 de setembro de 2009

aPeLo

Cobre-me de flores
Perfuma-me a pele de ti
Rasga-me de desejo
E faz-me tempestade..
Sei do tempo de te querer
Forte a fonte deste rio
Que de noite me adormece
E de dia me deixa com fome
Cobre-me de flores
Que hoje a saudade é o que me consome...

Cobre-me de beijos
Canta-me um abraço
Um olhar teu me basta
E faz-me lago...
Sei do tempo de te chamar
Grande o horizonte
Que de noite me serve de manto
E de dia me chama a sede
Cobre-me de beijos
Que hoje a saudade não é minha rede. Dói.

6 de setembro de 2009

sEr-VoS


Passeio pelo teu jardim descalço. Gosto de sentir o calcar da terra; de ficar com os pés castanhos. Perco-me em tantas cores e aromas. Procuro-te. No reflexo de uma dália ou de um mural de buganvílias. Não percebo de flores, eu sei... Mas gosto de me perder descalço no teu jardim. Invento um rio-manto que me cobre e refresca o corpo e me deixa a pele brilhante e macia; imagino um canto que cobre os céus e o bailado das gaivotas. O teu jardim é uma janela sobre os meus sonhos. É aí que te encontro sempre. Naquele abraço fecundo (e)terno que se transforma num beijo tão mágico que todas as distâncias se quebram. Por isso, minha amiga... meu amigo... meus amores todos... sou feliz assim.

5 de setembro de 2009

cHoRaR-tE

Podes semear a tua lembrança em mim Carregar-me as memórias infinitas Ser mar, rio ou mesmo jardim Dar-me um montão de batatas fritas Embrulhadas num sorriso também... Mas não me peças para te deixar de chorar, mãe! Podes levar-me ao fundo da praia Ler-me a história daquela fada Ser vento, árvore ou mesmo saia Pôr-me uma moeda debaixo da almofada Que me faça sorrir também... Mas não me peças para te deixar de chorar, mãe! Sei-te em mim, assim, à minha flor Neste segredo nosso assim cuidado Fico preso assim, eu sei, em dor Que de mim, assim, não quero estar noutro lado. Porque é assim que te vivo também, Nesta forma de te gostar de chorar, mãe!

3 de setembro de 2009

rEfÚgIo


Dá-me o silêncio da tua respiração
Um olhar apenas me basta
Depois canta-me de novo a nossa canção
Aquela que nos seduz e arrasta
De encontro a um estado em nós fecundo
Abraçaremos assim o mundo!

Dá-me a tua pele liberta em mim
Um sussurro de ternura
Depois embala-me a dor no teu jardim
Aquele que é tempo e perdura
De encontro ao doce caminhar do mundo
Onde nos abraçamos num desejo fecundo!

2 de setembro de 2009

lÁgRiMaMaIoR

Qualquer coisa de mim... da viagem infinita. Movo-me por entre o vazio e o tédio. O meu sonho é um rio turvo sem destino. O meu sangue uma pequena gota apenas. Permaneço na lágrima maior; no turbilhão inquietante da calmaria. Tenho saudades. Dos caminhos, passos dados nas palavras. Qualquer coisa de mim... me empurra para fora de mim. Sossego? Silêncios? Solidão? Regatos de sementes que não brotam nem florescem. Um tempo em tons de cinza por cima de todas as memórias e as pontes. Sei-me traído pela memória. Particularmente cego na lucidez da morte. Carrego-me assim. Quem me vem buscar, meu Deus...?!!!

oTeMp0

O tempo que passa Leva uma flor ao vento Que se faz poesia e raça Fonte, porta e lamento Curva-se o peregrino Sem ter medo da desgra...