29 de maio de 2009

nAdAaAsSiNaLaR

Sabe-me a palavra poema

A sossego que se inquieta

A sangue a flor a mar

A vento que se entranha

A onda rente ao peito

A fome a sonho a janela aberta

A fogo solto em nós

A tempo a silêncio canção

Resistência

Tapete almofada

Punho abraço

Sino caminho feito luta

Passos saltos gritos

Hinos

Embriaguês penetrante

Procuras

Enontros

Curvas sobre o areal

Pequenos traços garatujas

Feridas discursos fonte

Desvios falésias coração

Que marca marca marca marca

Cada pedaço de tanta inquietação

Que é viver. Passar apenas por aqui...

26 de maio de 2009

eRaUmAvEz



Somos vento, somos marCanção de eterno navegantePasso de inquietação caminhanteMaré de ir-e-vir sem pararSomos sol, janela aberta à vidaTernura de mel doce e penetranteAroma de amor forte e frágil amanteDe sempre chegar à despedidaSomos pele e verso, poeta e vagabundoAs cores de todas as mãos do mundoQue em nós se fazem abraço e beijoCansaço, canção e desejoDe tudo sermos de cada vezQue voltamos ao parto

22 de maio de 2009

vErSoSePr0cIsSã0



Se dos passos soubesse o cheiro


Se dos caminhos a inquietação


Trazia-me o mundo todo por inteiro


Pintado na palma da minha mão


.
Se dos versos fosse prisioneiro


De janelas abertas em canção


Cantava-te o tempo, ao sabor do guerreiro


Que da guerra se salva em dor e paixão


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Se da mentira quisesse arder primeiro


Em imagem de flores e procissão


Talvez morresse outra vez no fogareiro


Do eterno bater do coração

20 de maio de 2009

s0m0sNóS



Segue o passo dos poetas. Pousa os pés sobre os versos e as cores que tão fortes ardem nos nossos olhos. Curva-te perante as memórias e sussurra-lhes mais um abraço. Numa outra prece que em nós se faz todos os dias. Porque somos peregrinos. Porque somos nós.

18 de maio de 2009

pUzZlE


Serei eu parte de mim

Uma espécie de aroma de jardim

Que se evapora na pele dos amantes?

Serei eu onda forte

Uma tempestade de amor forte

Que se faz poema em versos inconstantes?

.
Serei eu metade de cada pedaço

Uma inquietação na ponta dos dedos

Fonte de memórias e segredos?

Serei eu a peregrinação que faço

Sempre que me carrego assim

Parte de tudo, parte de mim?

15 de maio de 2009

iNvIsÍvElTeMpEsTaDe

Todos os cansaços perdidos no meu corpo.

Na corrente forte que o olhar não alcança.
Nos sonhos, na esperança.

Todos os cansaços que o meu coração não amansa...

Todos os cansaços feitos silêncios que gritam.

Na memória das canções da ternura.

Nos ventos, água pura

Que em mim se faz cal que perdura...

Todos os cansaços num verso que não cura.

Deixo-me cair nos cansaços de todos os dias.

Nas fontes que os meus passos transformam.

No vómito. No segredo. Na invisível tempestade.

No punho que avança sem medo.

Ser cansaço é ser vida.

Mesmo no lugar mais escondido do mar.

13 de maio de 2009

GaVeTo

Passo a passo entre as cores
Cai uma gota da minha pele em segredo
Ouvem-se as histórias de encantar
Um outro pequeno acorde do sol
E nunca mais é tarde
E nunca mais é cedo...
Passo a passo guardo memórias
Na palma da minha mão em silêncio forte
Cantam-se as marés da respiração
Um sábio perfume do futuro
Como quem morre na vida
Como quem vive na morte...
Passo a passo procuro as vozes de nós
Na inquietação dos horizontes pintados
Gritam-se os corações, o calor e o sangue
Um eterno caminhar de luta e cansaço
Onde todos somos perdidos
Onde todos somos encontrados...

11 de maio de 2009

t0d0oPeSoDeMiM



Trago na pele o peso do teu aromaUma revolta do tempo e da memóriaQueria ser ave e flor no ventoUma espécie de momentoQue passa e não fica.Um trilho feito ondaUm pedaço de vida só...Trago nesta pele a tua imagemQue me cega os passos em redorE por isso me canso e me matoPara alcançar uma corrente maior...Queria ser nada. Ou talvez apenas um pequenino póQue se faça e desfaça entre os dedosQue se refaça nos silêncios em grito ou canção.Trago em mim todo o peso de mim.

10 de maio de 2009

eUs0uEu


Não sei do caminho que os meus pés pisam inquietantes...
Talvez uma revolta, um sonho,
Um acorde apenas que cobrisse todos os amantes...
Que encantasse as correntes dos rios,
Os pedaços de vida, os arrepios...
Que eu sou pobre vagabundo entre cada olhar de mim.
Que sou vaga suave, tempestade enfim...
Que sou novo, velho, talvez moribundo...
Que transporto dentro a força do mundo...
Que sei da flor, das marés e do amor.
Da janela aberta das tuas mãos...
Das lágrimas de alegria do teu rosto...
Sem dono nem entreposto...
Só com o poder de ser.
Como agora, como dantes.
Não sei do caminho que os meus pés pisam inquietantes...

7 de maio de 2009

aPeRt0



Deito-me no sossego do espelho


Nos silêncios deste manto


Solto-me num beijo apenas


Que dos meus passos sobra o meu canto




Rompo um novo abraço em nós


No tempo das marés e das janelas


Palavra verde da cor da vida


Que se reflecte nas tuas aguarelas

5 de maio de 2009

aCoRdAr

Vento da espera
Em mim presente
Caminho, quimera
Uma nova corrente
Talvez uma lágrima que desespera
Sem sair, de tão quente
Ou um beijo que tempera
O amor de toda a gente
Será o abraço da Primavera
Em flor de cheiro mais urgente?
Mais um parto que em nós se gera
Um novo rio, uma nova nascente...

4 de maio de 2009

uMaNoVaLuZ


Desta terra molhada lavrada amada semeada de todas as madrugadas espero que te tornes um sol. Que das flores do teu olhar nasçam abraços de amor para todos. Que do perfume da tua mão corram as águas lágrimas de alegria ternura e que cada dor se fecunde em verso em direcção à vida. Que sejas sorriso gargalhada e cantiga! Que os teus passos cumpram o eterno bater dos corações. Que possas um dia, como eu, inventar um rio nas margens de todos os afectos. Que sejas fogo nuvem onda história de encantar. Qualquer sopro de voz de choro de inquietação... de ti! Desta terra molhada lavrada amada semeada de todas as madrugadas o tempo faz-se nós. E assim te esperamos de braços abertos.

3 de maio de 2009

mÃe

Destaspalavrasjáditassempresentidasemtodososdiasenãosóneste...


Envio um abraço sentido a todas as mulheres!
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Rompes-me o corpo com o teu olhar
De cada vez que sou horizonte
Entrego-me, mãe, ao teu acordar
Como um rio que regressa à fonte
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Nas mãos, o teu silêncio de ninar
No sorriso, um abraço em ponte
Entrego-me, mãe, de novo ao teu olhar
De cada vez que sou horizonte
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Saliva de palavras por fechar
Seiva de dentro, em verso e monte
Rompes-me, mãe, o corpo no teu acordar
Como um rio que regressa da fonte

2 de maio de 2009

cArReGoArAiVaDaSs0mBrAs


Sou feito de mim. Pobre amante despedaçado no meio de memórias e ventos. Acorrentado. Aprisionado nos teus dedos e nos teus sonhos. Carrego forte o sabor dos rios que ousaram passar no meu corpo. Sou feito desta voz da raiva e da paixão. Flores e mar servem-me de alimento. Mesmo quando o cansaço me pesa nos olhos. Sirvo-me completo e transparente como uma praia. Perto. Demasiadamente perto. Embriagado vagabundo feito em doses de eternos abraços e beijos em direcção à morte. Sou feito das sombras. Onde a luz de cada poema se reflecte para dentro. E é por isso que acontecem todas as histórias...

1 de maio de 2009

nUnCaPáReSdEgRiTaR...c0mAgEnTe!

Nem sempre conseguimos dizer o que gostaríamos da forma como gostaríamos. E eu queria tanto mostrar o meu apreço e admiração por Rogério Charraz, que venho descobrindo aos poucos, e que ontem, mostrou mais uma vez que é lindo! Desculpem se repito um texto anterior (12 de Janeiro de 2009), mas este, serve-lhe que nem uma luva!
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Sabes que a nossa estrada é um labirinto cheio de canteiros? Espelhos de nós, de mistérios, de sonhos, de poemas e canções onde nos deixamos perder vezes sem conta. E fazemos de conta que é uma estrada para andar e a gente não pára. Porque há ventos e mar. Os que inventamos ao acordar... ao adormecer... ao respirar... ao lutar. Somos viajantes dentro dos destinos! Peregrinos à solta de mãos dadas com o fogo. Saltimbancos mágicos que nos devolvem essa liberdade maluca e os beijos. Todos os beijos e abraços que soubermos dar enquanto houver estrada para andar... Sabes, Jorge. Amo-te. Assim. No encalce de todos os amantes também. Na ponta dos teus dedos que têm o cheiro dos mantos e das janelas. Na tua voz. Na tua história... De onde ilumino as flores e os frutos e os segredos e as solidões e o meu jeito de gostar de chorar... Nesta inquietude de ser maré forte. De tecer todas as malhas do olhar. De nunca querer chegar... Só para dizer que ainda há estrada e que a gente vai continuar... Para voltar a dizer que gosto de ti. Que hei-de cantar (te) até morrer. Encosta-te a mim...

oTeMp0

O tempo que passa Leva uma flor ao vento Que se faz poesia e raça Fonte, porta e lamento Curva-se o peregrino Sem ter medo da desgra...