31 de dezembro de 2010

Lo0pInG

Para todos, o meu pensamento de há precisamente 1 ano. Um ano depois de tanta coisa passada, reler estas palavras tem um significado muito grande. Boas entradas!

Lembro-te um grito. Um sorriso apenas. Desses que se dão e nunca se repetem. Lembro-te como se faz amor na pele da amizade. Lembro-te os dias a passar e o tempo que temos. Lembro-te o copo cheio e o copo vazio depois de nós. Lembro-te o teu olhar doce de ser manto meu. Lembro-te como se dança; pode ser na praceta ou no labirinto da noite. Lembro-te a tua voz de luta. Lembro-te a descoberta. Lembro-te a morte também; os partos... Lembro-te cada lágrima nesta corrente. Lembro-te o meu nome (para que não esqueças). Lembro-te o toque do acorde preciso em verde. Lembro-te o adeus e Ary. Lembro-te cada verso novo ou velho ou repetido. Lembro-te o vento; ai, o vento! Lembro-te as mãos de escavar a ternura como se fosse terra. Lembro-te a estrada e a falésia e a curva e a paragem e o precipício e a pedra e o pó do caminho e a chuva e as cores. Lembro-te o silêncio da respiração. Lembro-te os carris da fuga. Lembro-te o monte e as fontes. Lembro-te o canto em tons de medo. Lembro-te que estás. Lembro-te Paris na magia de todos os momentos. Lembro-te a queda e a vertigem. Lembro-te as rugas das nossas memórias. Lembro-te o sossego e a inquietação. Lembro-te as letras. Lembro-te o cheiro de cada flor ou pedaço de nuvem. Lembro-te a embriaguez das vozes e dos abraços. Lembro-te as fotografias ou os livros. Lembro-te a família que passa. Lembro-te o riso estridente; o desejo calado. Lembro-te o nome das ruas; das velhas e das novas. Lembro-te as roupas; os sapatos. Lembro-te a saudade; pode ser boa. Lembro-te a parede branca ou o telhado quente. Lembro-te a ausência. Lembro-te a descoberta; as veias do sangue rio de outras fecundações. Lembro-te o mistério. Lembro-te as histórias de encantar ou malandrices de meninos panteras e outros que tais. Lembro-te sempre. Lembro-te a voz; talvez o mar dentro do peito. Lembro-te a silhueta na estação em chaga suicida. Lembro-te a arca dos segredos. Lembro-te o adro da Igreja. Lembro-te o orgulho. Lembro-te a Lua; Sol e Lua... Lembro-te o corpo do pintor. Lembro-te o rasgão do poeta. Lembro-te a surpresa do Músico. Lembro-te o cozinheiro. Lembro-te textos e textos e textos e textos tão teus e meus; projectos e Berlengas e tudo o resto. Lembro-te o murro na liberdade. Lembro-te a marcha na Avenida de olhos postos numa raiva cada vez mais fechada. Lembro-te que Abril abriu portas? Lembro-te o cravo a três cantos e nove passagens. Lembro-te o Bem Querer ou Oceano de ninar. Lembro-te a página em branco e o pincel. Lembro-te o tic-tac do coração. Lembro-te que tudo não é esquecimento; que esquecer é perder; e perder é não ser; e não ser é deixar de estar; e deixar de estar é apagar; e apagar é recomeçar; e recomeçar é lembrar.... Por isso, meus amigos, NUNCA SAIAM DE MIM!

27 de dezembro de 2010

p0uSoDaSaUdAdE

Pousa no cais a Bela Amante. Chegou de uma longa viagem sem saber se o regresso é certo. Não sabe se o vento a levará de volta à solidão ou se pelo contrário encontrará o abraço eterno. Junto às folhas do outono, pintura imaculada de uma pele sempre quente, deixa-se ficar perto. Responde ao sopro das cores. Chora mais um jardim. A sua voz rouca é manto da espera. O tempo fica pronto e sem saber recolhe-se de novo para um outro canto. O amor é a sua respiração e as palavras pouca importância têm. Saberá ela como encontrar o seu destino, se tudo é paisagem e sorriso de felicidade? Conseguirá pousar e quem sabe descansar? A morte, talvez, um dia. Mas hoje não. Que a saudade é o véu com que vai cobrindo os seus passos...

26 de dezembro de 2010

mArCaS


Deixa-me gritar no teu corpo como um louco
Cair para dentro do mar
Engolir-me por inteiro
Entre o silêncio e o cantar
Num momento derradeiro
Que de tanto me sabe sempre a pouco...

Deixa-me ser vento, tempestade, folia
Tricotar mantos de sangue e calor
Perder-me assim no tempo que passa
Entre o desejo, a ternura e quem sabe o amor
E na minha pele seca se trespassa
Cada momento inventado e guardado nesse dia...

Deixa-me morrer de ti, de mim, de todo o mundo!
Porque apenas pó, me desfaço pelos caminhos
Cubro-me de aromas e tudo me sabe a este vazio tremendo
Entre cantos, lágrimas e carinhos
Nas chagas de uma saudade onde vou sempre sendo
A memória rouca no meu passo vagabundo...


24 de dezembro de 2010

uToPiAeNaTaL

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Um dia saberemos da utopia,

Afinal uma frescura que corre nas veias
Mesmo que diluída no esquecimento...
Dessa utopia que saberemos um dia
Castelo aberto à cidade sem muros nem ameias
E um pouco de ternura em tanto cinzento!

Um dia abraçaremos a utopia
Câmara da alma e dos corações
Teimosos e perdidos, entre o bem e o mal...
Dessa utopia que abraçaremos um dia
Jardim de amores e inquietações
Que não se esqueçam que, se quisermos, é sempre Natal!
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Um Natal sereno e em paz para todos os que passam por aqui. Os que passam e deixam o seu beijo; os que passam e deixam o seu rasto; os que passam e não deixam nada...

23 de dezembro de 2010

oMeUs0fReR


Este tempo de memórias e marés
Onde tudo dói no meu peito
Em que me desfaço a direito
Adormeço cansado a teus pés
Em lágrimas vivas, ainda quentes...
Tudo o que vês, cantas e sentes
No embalo do meu sofrer
Mãe... por favor... ensina-me a palavra morrer.

Este tempo de sangue e abraços
Onde tudo se pinta no meu leito
Em que renasço de novo e imperfeito
Entre as flores e os passos
Em grito forte, ainda moribundo
Tudo o que sei, são as cores do mundo
Na sabedoria do meu sofrer
Porque tu, mãe... ainda me ensinas a palavra morrer.

20 de dezembro de 2010

nÃoMeDiGaS


Não me digas do rio ou do berço que me acolhe Deixa só o silêncio cantar Que o meu corpo é um caminho que não se escolhe Que o meu sangue leva tanto cansaço como o mar Não me digas das viagens ou dos segredos Deixa o meu punho em fogueira acesa Que a minha voz são poços de lágrimas e medos Que o meu sangue carrega marés de incerteza
Não me digas nada. Olha-me apenas.

Faz das minhas noites madrugadas amenas...

16 de dezembro de 2010

cAdA

Cada pensamento, uma nova viagem.
As que voltam e as que não.
Cada sopro na noite, um suspiro.
Os que aparecem e os que são.
Cada vontade, vertigem de ser.
As que ficam e as que vão.
Cada abraço, todo o mundo!
Pedaços de carne, sangue e pão.
Poema,
Morte,
Amor,
Palavras da eternidade que se fazem ao chão!
E a terra floresce ao abrigo desta canção.
O peito abre num sorriso de mão em mão.
As memórias de tanto, agarradas ao coração...

13 de dezembro de 2010

pEl0tEmPo


Pelo tempo que foi, o tempo que vem

Um abraço sempre bom e um copo de vinho

Cada minuto que passa se refaz também

Nas flores que plantamos pelo caminho


Pelo tempo que foi, o tempo outra vez

Um beijo, uma pele, uma canção

Maré feita em nós que em nós se fez

Nas flores que deixamos pintar o chão


Pelo tempo que foi, o tempo sempre assim

Sussurros, lágrimas, luta... apenas o olhar

Como quem ama e rega o seu jardim

Transformando todo o tempo em mar!

12 de dezembro de 2010

sAuDaDeS

O meu olhar. Um pequeno pote no turbilhão dos cheiros. A mão, a descoberta. As águas do lago, outra vez, na pele ainda molhada. Tenho saudades. Dos dias em que um simples passo era uma pintura.

11 de dezembro de 2010

nAdA

Há dias em que tudo parece não existir. Em que o que fica nem sequer esteve...
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Não me peças uma onda
Porque na tempestade, o vazio
Risco-me da história,
Dos recantos da memória
E desfaço-me no frio...
Não me peças nada
Porque o tempo, a morte
Atrevo-me a desejar,
Partir e nunca mais voltar
Quem sabe, um gesto que me reconforte...
Não me peças. Prende-me. Abraça-me só!
Rompo em lágrimas e terror
Longe de mais, sem ti, apenas migalha
Que se estende por onde calha
E se desinventa no amor...

9 de dezembro de 2010

mArÉdEsEr


Espalhados na terra dos canteiros

Brotam como luz,

Como um amanhecer.

São assim os tempos das cores e dos cheiros

Esta maré que me conduz

Até ao longe: amar para ser!

8 de dezembro de 2010

p0rQuE

Porque da hora da partida nasceste outra vez
A roupa, o sonho, o mesmo cheiro
Regresso-me a ti na fonte que em mim se fez
Rio e sangue que me corre no ventre por inteiro

Porque o toque ficou sem cor no tempo de ficar
Rente demais às lágrimas com que te choro
Amanheço-me nas noites de tanto em mim gritar
Os silêncios que na tua boca ainda demoro

Porque tudo se foi assim?
Sem aviso, sem perdão?
E de tudo o que ainda tenho em mim
Minha mãe, a força da tua mão!

Porque nada é a fonte seca de tudo?
Esta dor, este desespero que grito agora...
E de nada me serve o canto assim mudo
Tão rouco que está... esta demora!

5 de dezembro de 2010

pRoCuRa-Me


Procura-me na onda que abraça
No vento que trespassa
E fica tatuado.
E o olhar levanta-se,
Atira a sua lágrima de alegria
Cobrindo todo o areal:
Fica e passa...
Na onda que abraça!

Procura-me no azul que beija
Em tudo o que se deseja
E nasce a cada hora.
E a pele ferve-se,
Faz-se poema outra vez e sempre
Inquietando o areal:
Falta e sobeja...
Na onda que beija!

Procura-me no silêncio que canta
No corpo que luta e se levanta
E se lava nas águas loucas.
E o tempo é meu,
Volta na ponta dos meus dedos
serpenteando o areal:
A vida é tanta...
No silêncio que canta!

3 de dezembro de 2010

nÃoSeIdAeSpErA


Não sei da espera. Do turbilhão que o tempo desagua no meu peito. Nas ondas entre o sonho sonhado e o sonho desfeito. No luar, calma da noite em nós. No fogo que ao rasgar este rio transforma a fonte na foz e tudo se faz mar. Cada pedaço da luz que ao cantar adormece desassossegado. Calor e pele por todo o lado. Solidão que grita em demasia. A cama vazia... Os lugares nunca mais regressam e é isso que explode e desespera. E eu, não sei da espera...

1 de dezembro de 2010

dEiXaReI

Deixarei na terra as pegadas das vigílias e das mãos. As flores saberão de cor os cânticos com que chorei à passagem. Por isso, nunca me deixo os sonhos vãos. Nem no perfume agre dos cansaços, nem na voz que me ferve à passagem.Deixarei na praia todos os meus amores e poemas feitos trovões. As ondas, o sargaço, o estrondo das rochas com que te pintei... E é por isso, minha mãe, que nunca se calarão as canções. Porque em tudo por onde passo fica tudo o que deixarei!

oTeMp0

O tempo que passa Leva uma flor ao vento Que se faz poesia e raça Fonte, porta e lamento Curva-se o peregrino Sem ter medo da desgra...