28 de janeiro de 2011

qUaNd0

Quando um abraço só me basta
Me aquece, me seduz e arrasta
Sou mar, feito onda nesta praia de vento e manto
Sou rio, leve e solto, por isso choro e canto
Sou fábula, lugares inventados de espanto
Sou tudo. E nada. Por enquanto...
Quando um beijo só me basta
Me arrepia, me devolve a ternura casta
Sou praia e vento, onda envolta em todo o mar
Sou canção, vagabunda no rio ao passar
Sou saudade, jardim de flores, o meu lugar
Sou eu. E nada. Outra vez sem cessar...
Quando um sorriso apenas me basta
Me interrompe este sangue que não se gasta
Sou mar, que da onda da praia cobre enfim o futuro
Sou liberdade, corrente deste rio em leito puro
Sou flor, aguarela colorida que ilumina o escuro
Sou assim. Eu apenas, quente e sem destino,
foz ou muro...

25 de janeiro de 2011

v0o


Todos os voos no nevoeiro perdidos
Teias carregadas de um só cantar
Sonhos, pecados, futuros esquecidos
Em cada pedaço de cada voar...

São viagens de cá para lá
Entre palavras e gestos sentidos
Ventos que sabem a uma cor que terá
Todos os voos no nevoeiro perdidos

Poetas à solta nos recantos de mim
Como um sangue que corre no mesmo lugar
Do meu corpo um toque a magia sem fim
Teias carregadas de um só cantar

Vida, janela aberta e pintura
Horizontes em flor, coloridos
Quem sabe o abraço da ternura
Sonhos, pecados, futuros esquecidos

Passo lento, inquietação
Forte corrente presa ao mar
Uma onda que ecoa no coração
Em cada pedaço de cada voar...

22 de janeiro de 2011

eStEvEnToEsTeSiLêNcIo


Respiro este vento apressado
Nem sempre descanso
Levo um caminho cansado
Um passo doce e manso
Onde a saudade me faz cantar.
Só porque respiro e me deixo respirar...

Grito este silêncio ardente
Às vezes solto, outras fugidio
Os meus passos entre o passado e o presente
Corrente deste rio
Onde a saudade me faz chorar.
Só porque grito e me deixo gritar...

Dou tudo o que tenho, o abraço
Calor na voz, na mão
A viagem é assim, mais do que faço
A eterna inquietação
Onde a saudade me faz chegar.
Só porque dou e me deixo dar...

19 de janeiro de 2011

nEv0eiRoMe


Nevoeiro-me. Porque a tua voz se reflete assim perdida
Como se o Encontro nunca demorasse
E vivesse em cada passo adiante.
Como se a tua maior ferida
Fosse o meu gritar cantante,
Uma espécie de nova despedida
De uma viagem que sempre ficasse...

Nevoeiro-me. Para me colorir outra vez de ti
Como poeta em sangue de ouvir e sentir
Que cabe no mundo inteiro e chora.
Como se estar aqui
Fosse bem mais que uma demora,
Uma espécie de corrida até aí
Numa saudade que nunca sabe partir...

16 de janeiro de 2011

fAzTeAoMaR


Faz-te ao mar, saudade de tanto! Carrega-te nas ondas com o teu cheiro Ainda dentro de mim como pele quente. Faz-te ao mar, mas deixa-me o presente... Faz-te ao mar, água dos meus olhos turvos! Sussurra-me um adeus só para ficar Ainda dentro de mim como eterna canção. Faz-te ao mar, mas deixa-me a inquietação... Faz-te ao mar, ternura raiva tudo o que for Quero ser livre sempre e sempre e sempre! Ainda que pequeno, ainda que dor. Faz-te ao mar, mas deixa-me o amor... Faz-te ao mar, mentira que se respira por aí Entre solidões e gritos vazios! Ainda ouço o silêncio das praias cheias Faz-te ao mar, mas deixa-me as areias... Faz-te ao mar, dentro do meu peito! Que te guardo em poema, cachaça e sangue Ainda conheço o sabor do teu abraço Faz-te ao mar e fica. Em tudo o que faço!

13 de janeiro de 2011

PeLoCaMiNh0qUeSeMpReFiZmEu


Por onde vais, dentro de tamanha incerteza?
Vou navegando sem rota nem destino, minha princesa...
Por onde navegas, dentro dessa inquietação?
Vou-me perdendo em mim, dentro do coração...
Por onde te perdes, se respiras um eterno lamento?
Vou à procura de tudo, do meu vento...
Por onde procuras, se tudo morre?
Vou gritando sozinho e ninguém me socorre...
Por onde gritas, se vestes a pele despida?
Vou desaguando nos leitos da minha vida...
Por onde desaguas, no silêncio que vem?
Vou-te encontrando agora, minha mãe...
Porque tens a certeza, se és poeta?
Frágil, frágil, como uma borboleta...
Porque tens a solidão, se és cor?
Fogo, fogo, como o amor...
Porque és canto, como a loucura?
Quente, quente, como a ternura...
Porque és tudo e nada, sempre outra vez?
Rente. Talvez.

11 de janeiro de 2011

sEmQuIeTuDe

Eu sei que a vida não pára e a estrada continua sempre. Sinto o seu movimento e o passar das flores. O vento bate-me na cara e cobre-me o sorriso. Aconchega-me a pele. Só a minha respiração por vezes chora. A saudade atrapalha-me quando as manhãs acordam prontas. O amor é um abraço que trago sempre. E tu, sonho, a manta do coração às voltas nos passos. Rouquidão que os gritos lançam no mar. Perfume com que o meu canto pinta as montanhas e os rios. E porque as correntes não param, pergunto-me: Se esta estrada não tem quietude, onde fica a nossa cama?
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9 de janeiro de 2011

rEvIsItAçÃo


Será que no vento cabem os nossos gritos?
Será que se aconchegam os nossos sonhos?
Os nossos medos medonhos?
Amores aflitos?
Será que as flores carregam o nosso perfume?
Será que se colorem os nossos cantos?
Os nossos desmaios em queixume?
Dores e espantos?

Será que existimos realmente...
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21 de dezembro de 2006

7 de janeiro de 2011

sImEnÃo


E se um dia a estrada se desfizer na minha mão?
Como pó ou bola de sabão
Num jogo que não se quis...
E se um dia eu for feliz?

E se um dia o vento me trouxer a noite outra vez?
Como silêncio num amor que ainda não se fez
Num tempo que nem sei se existe...
E se um dia eu for triste?

E se um dia a saudade me queimar por inteiro?
Como um grito escuro e derradeiro
Numa viagem de ida em monte...
E se um dia eu for fonte?

E se um dia as palavras se perderem de mim?
Como um cego solto abraçando o fim
Num murmúrio doce e frio...
E se um dia eu for rio?

E se um dia as voltas das voltas caírem no mar?
Como uma tempestade, sem avisar
Que nesse dia, quem sabe, na praia de ti
Me deixe morrer... aqui.

4 de janeiro de 2011

nAr0uQuIdÃoDeMiM

Posso ter um olhar de terunura
Uma fonte no peito de doçura
Quem sabe um rio que perdura
Ou talvez só um silêncio mais...
Posso cantar as horas da madrugada
Em sossegos fortes, de mão dada
Quem sabe a alma esvaziada
Me diga onde estás e onde vais...
Posso sentir o mar mesmo aqui em frente
Riscar do mapa as colinas do presente
Quem sabe um manto de um tempo ausente
Na rouquidão que atiras ao meu ouvido...
Posso deixar que sonhos morram sem saber
Chorar a inquietação ao anoitecer
Quem sabe jogar a vida e perder
Numa gruta onde me econtro, perdido...
Posso ser tanta coisa e poema e fecundo e maré em sobressalto
Que dos meus pés, nascerão flores do asfalto
Sempre que na saudade o amor gritar mais alto
E enfim descansar, como quem acorda mais um beijo...
Posso nem sequer conhecer as palavras do mundo
Ou desfazer-me num orgasmo louco e profundo
Entre um cavaleiro à solta e um vagabundo
Que namora o seu próprio desejo...
Posso e posso, quero e quero, mas tudo dança
O pecado de um toque doce de criança
Quem sabe na cor mais viva da lembrança
Entre o que há, mesmo que sejam só versos tristes...
Posso atirar tudo ao ar e outra vez nascer de mim
Feito uma história que nunca terá fim
Quem sabe o mais belo e tenro jardim
Na minha pele, só porque existes!

2 de janeiro de 2011

oReGrEsSo


Que as pedras dos caminhos se pintam à frente do nosso olhar. O cheiro da terra ao som dos passos que temos ainda tantos. Palavras que de dentro, lavas de ternura, emergem só para nos aquecer os momentos sempre únicos. O passado em torno dos silêncios dos riachos. O presente que brilha do fundo dos teus olhos. Sorriso de história. A vida é esta corrente que nos uniu desde o princípio. Por isso o futuro, meu irmão, segue sempre de mão dada connosco. Nos pés que molhamos a cada nova canção; a cada poema respirado por entre as memórias; a cada recomeço. Que este dia marque o regresso do que nunca partiu!

oTeMp0

O tempo que passa Leva uma flor ao vento Que se faz poesia e raça Fonte, porta e lamento Curva-se o peregrino Sem ter medo da desgra...