31 de julho de 2009

tAlVeZ?




Serei poeta perdido na vida que me conduz?
Serei vagabundo dos mistérios e da paixão?
Não. Sou apenas mais uma estrela de luz
Que talvez se chame coração...

Serei a semente perdida em tudo o que pus?
Serei a ferida cansada de mais uma noite em vão?
Não. Sou apenas mais uma estrela de luz
Que talvez se chame coração...

Serei um pote de barro que nada produz?
Serei onda, vento, areal da mesmíssima solidão?
Não. Sou apenas mais uma estrela de luz
Que talvez se chame coração...

Serei o risco na vida de dentro de cada nova cruz?
Serei os silêncios de mim, chagas de inquietação?
Não. Sou apenas mais uma estrela de luz
Que talvez se chame coração...


Serei a lágrima sedenta que grita e seduz?
Serei o fogo, a cinza ou o vulcão?
Não. Sou apenas mais uma estrela de luz
Que talvez se chame coração...


Nada sei de respostas que de mim tudo sangra no tempo que se reproduz
E por isso, certamente por isso, nada fica em vão
No tempo de ser estrela de luz
Que talvez se chame coração...

29 de julho de 2009

pRoCuRo



Procuro as tuas mãos

Na corrente do meu olhar

Fortes sementes que da terra se faz mar

Que do vento jardim em tons de amor e canções



Procuro o teu abraço

No sabor de uma saudade carregada

Silêncios na pele perdidos, da fonte cansada

Que do vento nada sei entre o manto e o espaço



Procuro o teu beijo

Nos versos secretos da inquietude

Remendos de palavras de fome e desejo

Que do vento rasga o norte e a juventude



Procuro-me. Pleno deste calor doce e fundo

Em todos os instantes desta respiração

Viagens por entre o meu peito e o mundo

Que do vento se faz tempo, montes e ondulação

27 de julho de 2009

sEaSmInHaSmÃoS...

.
,
"Se as minhas mãos chorassem"
O meu abraço seria um rio
Feito tanto em tanta fome de mim
Uma dor que ficou e não saiu
Uma flor perdida no teu jardim
Um rasgo de vento, que se perde e gasta
Uma outra trova, luta de memórias que não se afasta
E é por isso que a solidão se arrasta...

25 de julho de 2009

f0mEdEtAnTo

Fome de tanto.
Silêncio. Vento de encontro à saudade
Que me rói o peito
Um pedaço de tudo,

Da minha alma sem leito.
Que o meu rio é um manto à toa
Em cada canto.
Sou essa fome de tanto.
Sim.
Como um vulcão
Que em mim se refaz.
Me rasga pela frente,
Por dentro e por trás.
Só para de novo te sentir
Num outro beijo ainda por vir...

24 de julho de 2009

DiZ-mE

Como se prende um olhar?
Sim, diz-me. Que os meus olhos são conchinhas do mar
Prontos a abrir-te o corpo e voar...


Como se diminui o tamanho de um abraço?
Sim, diz-me. Que os meus gritos são do manto deste regaço
Que em nós se faz mundo pedaço a pedaço...


Como se constrói um furacão?
Sim, diz-me. Que a minha pele sangra nos poros da mão
E não páro de escrever, ao sabor da nossa canção...


Como se pede um desejo?
Sim, diz-me. Que de tão calado que ando nem te vejo
E nem sei se existes ou se foste apenas um beijo...


Como se diz amor?
Sim, mostra-me. Que a minha voz só tem sabor
Se tiver os aromas do teu calor!

22 de julho de 2009

ApEnAsMeMóRiAs


Perdemo-nos no tempo. Calados nos silêncios que as ondas transportam. Enrocadas perto do peito as memórias do tempo. Que perdemos calado. Onde o grito se faz paisagem e cada janela um novo regresso dos silêncios. Que se estendem na pele e no olhar sem pedir licença. Como uma cantiga do vento e das ondas. Essas que nos ciclam os sonhos e nos cobrem de solidão e paixão. Apenas memórias...

21 de julho de 2009

oInFeRnAlMaNt0d0sSiLêNcIoS



A tua distância percorre-me o peito nos seus passos pesados e quentes. Rompo os tempos por entre as inquietações das memórias, dos fogos por acender. Rasgo os trilhos do olhar, do cantar, do ninar... O teu nome sorve-me aos pedaços o infernal manto dos silêncios. Que ecoam demais dentro de mim...

18 de julho de 2009

m0mEnToPeSaDo




A noite há-de chegar a cada momento do silêncio. Em passos largos de poeta solto e vagabundo. Amante perdido na dor. Solidão que os olhares me entregam. A noite há-de vir sedenta de vingança ou faminta de paixão. No ronco surdo de um qualquer pesadelo ou na serena inquietude de um sonho repetido. Na praia feita foz de todos os corações. No abraço pesado de cada nova ferida...

17 de julho de 2009

pEqUeNoPó


Sou um pequeno pó dentro de tanto

Um sonho que se fixa e teima

Carregado de um cheiro feito meu, feito manto

Onde tudo é apenas um abraço que queima


Sou uma voz solta na prisão da saudade

Um respirar que me devorou e me perdeu

Por entre cada segundo da eternidade

Onde tudo é esse abraço só teu e só meu


Sou uma revolta de querer mais e tudo

Uma inquieta peregrinação de pedra e cal

No canto que teimo sempre grito e sempre mudo

Onde o abraço se faz ternura e vendaval


Sou um louco sem medo ou sem perdão

Caído nas teias de ser assim

Pobre amante, abraço fonte vida e coração

Onde cada começo sofre já pelo fim


Sou silêncio, fumo e sono

Lambidela, beijo selvagem

Perto demais do abraço e do abandono

Onde a chegada é já uma nova viagem


Sou abraço embriaguez na fome de ser

Canção na lágrima solta demais

Sangue que corre nas veias de te querer

Onde me perco de cada vez que te vais...

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Hoje podia cantar eternamente. Tudo me corre em sufoco e turbilhão. Um pouco da noite que me mata lentamente. Um tudo de mim, carregado de solidão...

16 de julho de 2009

aDmIrAçÃo


Nos teus olhos rompem-se os versos
No suor dos passos, no leito trespassado
Sou-te lágrima, movimento e fogo
A cada novo presente estendes do passado
Na tua voz roubam-se os tempos
A manta e a janela em revolução constante
Sou-te ternura, pedaço e fome
A cada novo abraço, que estendes mais adiante
No teu dançar soltam-se os rufos, as ondas
O menino lindo que de tudo é capaz
Sou-te jogo, paixão e tormenta
A cada novo silêncio, que em mim se refaz
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Sou um nada tão pequenino que ficar calado também dói. Por isso assalto-me mais uma vez pela beleza que o mundo não alcança. E cada tentativa de chegar a ti é quem sabe apenas uma migalha insignificante... 12 de Janeiro de 2009 também é hoje!

13 de julho de 2009

PaRaTi


Hoje sonhei que quando acordasse o meu coração seria um ramo de flores. E que iria parar ao teu jardim...
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26 de Junho de 2008

11 de julho de 2009

vEnToDeTeTeR




"Tenho um vulcão a ferver-me o peito/Pronto a levar-me ao infinito/Que a saudade é um caminhar desfeito/Que me arranca o silêncio e o grito/Versos e suores em ardor interdito/Tudo assim misturado, neste meu jeito/De ser vento forte em quente manto/Porque te tenho em mim... Porque te tenho tanto...."

10 de julho de 2009

c0m0sEuMaDeUsFoSsEuMeNc0nTr0

Andei à procura de alguma coisa que hoje, por ser hoje, me fizesse mais sentido. Entre o baú e o peito, descobri um texto de 2006, que na altura dediquei aos meus companheiros, camaradas, amigos, colegas, mestres…
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A dor de escrever é tão grande
Que por vezes perdemos as palavras sem saber
Deixamos que a noite nos devore
Aos poucos, secretamente, até por prazer
Porque a dor de escrever é grande e não se consegue ver…

A dor de chorar um poema é tão brutal
Que o tempo se dilui e nos torna pequenos
Deixamos que a utopia nos encontre
Aos poucos, em secretos gestos não serenos
Porque a dor de chorar um poema é brutal e já o sabemos…

A dor de existir cantor é tão feroz
Que nos calamos só para nos ouvir
Deixamos que a nossa solidão se torne divina
Aos poucos, no segredo da certeza de nunca conseguir
Porque a dor de existir é feroz mas não tem dentes, tem sentir…

A dor de querer é tão maior
Que surgimos em nós simples retalho
Deixamos que o amor nos traga luz
Aos poucos, secretamente, sem nenhum trabalho
Porque a dor de querer é maior e de tudo eu sempre falho…

A dor da dor é tão dor que foge
Esconde-se dentro do mundo e nem sempre luta
Deixamos então que o sonho se torne pesadelo
Sorrimos à maldição filha da puta
Porque a dor da dor de ser tão dor não sei se desfruta…

9 de julho de 2009

d0mEuPeIt0aTéTi


Do meu peito até ti, um vento forte sempre aceso.
Como uma fogueira eterna que se aninha na saudade...
Do meu peito até ti, marés de palavras soltas, vagabundas.
Como uma canção que se estende aos olhos da minha cidade...
Do meu peito até ti, uma comichão que se reflecte em nós.
Como um sopro ou um brilho que me faz sorrir...
Do meu peito até ti, o minuto que voa, o tempo que parece que não passa
Como se tudo fosse sempre ir e vir, ir e vir, ir e vir...
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Do meu peito até ti, a vida. O recital quente de mais um abraço.
Porque do meu peito até ti, me encontro e me refaço!

8 de julho de 2009

dEn0iTe...



Sabes da foz que recebe cada pedaço de mim?

Deste vazio que de noite me assalta?

Rasgo as palavras, o cravo, o fogo e a vida toda

Porque em tudo sou eu e me faz falta...
Sabes do silêncio que me grita em chaga?

Desta cruel inquietação que faz a noite sem fim?

Solto-me as correntes, as margens, os labirintos

Porque tudo sou eu, em cada pedaço de mim...

6 de julho de 2009

v0aRpArAsEmPrE



E se o meu voar se fizesse à praia? Se aterrasse num manto de beijos e se desfizesse em pétalas de aromas de gente? Se pousasse nos seios femininos de mansinho e cantasse? Se inventasse uma nascente e criasse um rio? Se pintasse um novo luar por entre as brisas da noite que te prendem ao destino? Se pisassem cada pegada das fugas dos amantes? Se chorasse por entre o suor das saudades? Se fosse apenas passagem? Se o meu voar fosse meu, talvez a poesia morresse no meu peito para sempre...

4 de julho de 2009

lEvA-mE

Leva-me para lá das flores


Canta-me uma merenda e um pinhal de amores


Uma caminhada por entre o fogo e vontade de chegar


Um grito mudo que nos faz cair e levantar...


Leva-me no teu regaço


Na mão dada do carinho ardente


Ficarei sossegado, doce e quente


A repousar neste eterno cansaço


Leva-me para lá de ti, entre o impossível e o destino


Carregando o peso de ser ainda menino


Sei-te brilhando nas pedras da paisagem


Sei-te poesia, livro aberto e viagem!

3 de julho de 2009

SiLêNcIoSaLt0s



Tão alto soam as multidões

Os saques e os sermões

Jardins de beijos e traições

Ondas e praias cansadas de canções

Lambidelas de fome e inquetações...

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Danço nesses silêncios altos da cidade

Perto demais de cada eternidade

Feita poema e fonte sem idade

Que de mim se faz grito e verdade

Com que me pinto de novo em cada saudade

2 de julho de 2009

vIaGeNsSeMrEgReSs0



Soltam-se os fantasmas. Dentro de cada um de nós há um labirinto de mistérios e amarras. Sabemos do cais que nos envolve e das viagens, saberemos? Rompemos a alma em inquietações e ventanias, tempestades? O tempo escapa-se-nos por entre os versos. Os passos pesam-se em chagas vermelhas de sangue e lágrimas, quem sabe... Vultos nas memórias. Carraças entranham-se na pele em danças de paixão e saudade. O mundo é um balão quente pronto a rebentar e a morte, tão certa e certeira, será sempre o descanso dos Homens. Dos Homens que não querem aproveitar o que tem: a vida!

1 de julho de 2009

d0cEpAiXã0eMmImReInVeNtAs



E se eu me transformasse num poema apenas?


Um espelho verso na tua pele doce


Uma ternura que cheira a açucenas


Assim, num ir e vir como se fosse?


.
E se cada palavra cantasse a inquietação?


Dos caminhos embriagados e dos silêncios dos gritos


Carregada de saudade, de ternura e de paixão


De mistérios e de cânticos interditos?


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E se me calasse para sempre
em mim
?


Na morte ressuscitada de uma nova vida


Onde a fome se transformasse apenas no fim


Com que te reinventas de novo perdida?

oTeMp0

O tempo que passa Leva uma flor ao vento Que se faz poesia e raça Fonte, porta e lamento Curva-se o peregrino Sem ter medo da desgra...