30 de março de 2011

APenaS


JamAis sentiremos a saudade neste jardim
Há uma temPestade feita de lágrimas a apodrecer os caminhos
Por isso, chegados mais uma vez ao fim
Encontram-se os pedaços de todos os carinhos
Que das noites ficam memórias e gritos
Que dos dias, abraços aflitoS
E dentro do meu peito,
Um sonho desfeito...

Jamais mancharei os meus dedos a cantar
As ilusões que se inventam como crianças
Porque o tempo é apenas mais um lugar
Onde morrem as nuvens e as esperanças
Que das noites nada mais sobra
Que dos dias, um lençol que se desdobra
E dentro da minha voz
Se desatam os nós...

Jamais o amor é uma janela escancarada
Entre as telas de sorrisos e inquietações
Nos poemas das ondas da madrugada
Nas marés que rompem todas as canções
Onde o silêncio é sempre tanto
Dor, explosão e manto
Que das noites eclodiu sem saber
Que dos dias se deixou ir e prender
E dentro, assim, demasiadamente
Me fica este calar eternamente...

Jamais outro tempo, outra falésia, outro passo
Serei estátua no vazio que agora invento:
Beijo seco, feito nó que desfaço
De encontro a mim, de encontro ao vento
Na ruína de uma tela sem cheiro
No sabor de um coração nunca inteiro
Que das noites, mentira e crueldade
Que dos dias, puro entornar da verdade
E dentro, outra vez
Procuro a ternura que me desfez...

29 de março de 2011

d0mEuRi0



Que do rio se fazem os passos sonhados

As saudades dos dias tristes

E o meu coração sangra aos bocados

Entre a solidão dos Homens e o brilho em que existes

.

Companheira de sorrisos abertos

Leva-me e lava-me na corrente

Que trago os sonhos inquietos

Que preciso adormecer no teu abrigo quente

.

O teu abraço, fogo forte que se dá!

O teu dançar, ternura a descobrir.

E fico-me entre o lá e o cá

Como quem guarda um jardim que só sabe florir

25 de março de 2011

v0u

Vou atirar um grito ao mar
Para que se perca longe e só
Porque esse grito de tanto gritar
É sargaço, vento e pó
Vou atirar um beijo à solidão
Para que se abram as saudades
Porque esse beijo é carne, amor e canção
Viagens, cicatrizes e crueldades
Vou atirar um suspiro ao rio
Para pintar as margens de mim
Porque esse suspiro pode ser arrepio
Silêncio plantado num qualquer jardim
Vou atirar um abraço por aí
Que o norte desiste sempre sem avisar
E talvez um dia regresse de novo a ti
De noite, num qualquer canto por inventar

20 de março de 2011

d0SmEuSs0nHoS


Que dos meus sonhos nascem rosas coloridas

Um canteiro de sementes brancas de florir a paz

Tempestades e ternuras que se gritam perdidas

Neste amor que somos nós e que se faz


Que dos meus sonhos se calam as paredes do meu leito

Porque já os lencóis são viagens que deixei para trás

Num futuro carregado de canções onde me deito

Neste amor que somos nós e que se faz


Que dos meus sonhos se abram os mares em mim

Neste sussurrar das nossas vozes em tons lilás

Que um dia inventaram o prazer e o jardim

Neste amor que somos nós e que se faz


Que dos meus sonhos seja sempre eu esta criança

Paixão redonda, como uma maçã à deriva na foz

Dos rios, olhos das almas que amam na esperança

De todo este amor que se faz e que somos nós!

17 de março de 2011

sErFeLiz

Dá-me este silêncio dos teus olhos quando passo distraído pelo jardim. Deixa-me cheirar os momentos das estrelas. O tempo que espere. Saboreio o meu vento e nisso sou feliz.

14 de março de 2011

aSv0lTaSd0tEuImEnSoAmAr


Que o amor se acabe na torrente dos esquecimentos Que se pinte na pele de vez Escolhendo as negras cores dos momentos Ou quem sabe as que o tempo ainda não desfez Que o amor se deite num leito sem doer Que se perca nos silêncios por aí Feito vagabundo esquecido mas sem morrer Neste jeito com que as palavras me empurram para ti Que o amor seja pó, lápide ou caixão Carregando as memórias que o futuro evita Que seja tudo, menos este inquieto coração Na embriaguez que mói, mastiga e grita Que o amor pare agora, eternamente! Quero a paz dos meus olhos a brilhar O desassossego de te ver novamente Cantando as voltas do teu imenso amar.

13 de março de 2011

pArAd0


Segredo-me um secreto segredo feito de mistérios e pequenas coisas. Sorrio um sorriso que ri na lembrança do que fica. Não quero chorar mais palavras que me afogam numa torrente que cobre as repetições. Cada um saberá da doçura com que o algodão trata das feridas. O meu peito abriu-se numa abertura tremenda que turva os olhares e cobre os versos de uma inquietação inquietantemente inquieta que se repete e se repete e se repete e se repete. Os caminhos das noites não sei onde vão dar. Se a norte ou se a lado nenhum. Estremecem-me os dedos no dedilhar das teclas pretas e secas. E fico neste ficar sem espera e sem tremor. Parado.

11 de março de 2011

0h0rIz0nTeSiLeNcIoSoDeStEcAiS

Já perto da ausência o meu calor segreda-me o futuro
Pede-me um suspiro mais. Para sossegar o vento.
E o meu peito foge, queima em canto maduro
De um fruto a rebolar pela montanha que invento.
Sopro-me sonhos, memórias, brincadeiras na areia
Num tempo que não sei se conheço.
E a minha voz foge, arde-me numa dança que serpenteia
Tudo o que deixo e tudo o que ainda peço.
Verto-me as saudades por entre a ambriaguês fugidia
E nada se perde das falésias e das viagens imortais.
Porque sou toda a noite que sucede ao dia
Sentada no horizonte silencioso deste cais

s0pRa0vEnToNaDiReÇã0oPoStA


Sopra o vento na direção oposta da viagem. Os seus caminhos cruzam-se num interdito qualquer, distante dos sonhos. Um, morre aos poucos sem perceber da dor. O outro, coitado, é poeta e fica a inventar palavras que nem sequer cabem na corrente do rio. Por isso fica aquela sensação de tremura que não passa. A tempestade rouca nem sequer assusta. As searas perdem-se. Até as cantigas de luta ecoam turvas... Porque quando sopra o vento na direção oposta, nada se inventa. Tudo existe.

9 de março de 2011

sE

Se um dia voltar a partir
Será um regresso na eternidade
Não quero este sofrimento de ir e vir
Pousado nos meus olhos, feito tempestade
Que me rompe a alma em vazios gritantes
Se um dia voltar a partir, não será como dantes...

Se um dia voltar a chorar
Terei na cama um aquário e um espelho
Para que os meus braços se consigam levantar
Neste caminho duro, florido e velho
Que pinta saudades em cada jardim
Se um dia voltar a chorar, saberás de mim...

Se um dia voltar a morrer
Nunca o meu corpo ficará na dança
Mais um passo em honra de se perder
Os vértices com que se cantam a esperança
Que é fogo, saudade, vento e tudo o mais
Se um dia voltar a morrer, por entre as margens e os canais...

8 de março de 2011

SeMpReMuLhEr


Pobre camponesa da terra ardente
Perdes-te no silêncio das searas

Consomes sonhos e luas raras

De esperas vivas mesmo à tua frente...

Pobre peixeira do mar furioso
Carregas a vida entre as mãos e a pele escura

Cantas a dor em forma de ternura
E esperas inquieta no teu coração ansioso...
Pobre mãe dos dias que nunca mais acabam
Recomeças a toda a hora a tua vida
Sentes o cansaço numa respiração perdida
Esperas tanto, no fundo dos olhos que desabam...

Pobre amante deixada ao abandono

No seio do tempo que não é teu

Caída no leito que nunca faz seu

Onde esperas como folha em solidão de Outono...
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Que o universo se levante e se ponha de joelhos!

Que se incline na divina existência!

Somos pó no meio de todos os espelhos!

Somos sangue que jorra a sua própria clemência!

Quero-te sempre em mim, vigilante em tudo o que fizer.

Sei-te natureza e gravidez
Por isso, te encontro, te espero, te desejo outra vez

Por isso e por tudo, sempre MULHER!
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7 de junho de 2010

6 de março de 2011

eSpErA


Deixa que o meu corpo dance perdido
Deixa-o ser rio, vento e mar

Que o meu sangue leva esse leito esquecido

À espera da noite para de novo te amar...

Deixa que o meu beijo te procure suavemente

Deixa-o ser flor, fonte a jorrar
Que o meu tempo é um certo mel que queima lentamente
À espera da noite para de novo te amar...
Deixa que cada verso meu seja um abraço mais

Deixa-o ser punho, manto, janela aberta de par em par

Que o meu amanhecer é um bombo que me cobre de sinais

À espera da noite para de novo te amar...
Deixa que a vida me envolva a pele seca e vazia

Deixa-a ser este fogo que se liberta para rebentar

No colo da tua ternura, que em mim alumia

Esta espera de uma noite em que de novo nos possamos amar...

4 de março de 2011

FiCo


São silêncios em torno de um grito
Uma viagem feita tempo doce e aflito
Que se faz ao mar para regressar
Que regressa sem partir ou ficar
Nos silêncios que invento só para gritar...

São vazios cheios de mim
Pedaços de memória cantados assim
De punho erguido ao amor sem parar
De lágrimas em tempestades de par em par
Nos vazios que trago só para me inventar...

Fico. Sim. Fico.

1 de março de 2011

rEnAsCeR



Não darei voz ao silêncio
Basta o tremor de um sorriso
Vasto e colorido
Inquieto e preciso
Caminhando até ti...
O meu lugar é aí!
.
Não darei grito à solidão
Basta um toque de pele quente
Aragem doce de mel
Beijo forte e ardente
Dançando até ti..
O meu lugar é aí!
.
Não deixarei lágrimas por morrer
Basta aquele verso mais
Feito em mim sussurro e dor
Entre uma margem e um cais
Aninhado até ti...
O meu lugar é aí!
.
E agora?
Porque entre o tempo que parou
A voz que se cansou
O grito que se enraivou
Cada lago que construí
Foi MESMO por me saber aí, em ti!

oTeMp0

O tempo que passa Leva uma flor ao vento Que se faz poesia e raça Fonte, porta e lamento Curva-se o peregrino Sem ter medo da desgra...