Passa por mim o vagabundo da cidade
Deixa no ar um cheiro a dor
Dizem-me que é crueldade
Perder a vida assim em cada corredor...
Volta por entre as gentes e demora
A sua ferida é apenas existir
O vagabundo sou eu a toda a hora
Mesmo quando não me consigo sentir...
Ouvem-se os cantos da alegria
Mas tudo resta na solidão
Quanto mais se entorna o dia
Mais se rompe a força do coração
Vai, vagabundo, grita falésias ao acaso
Pode ser que te chores finalmente
E depois conta as horas em atraso
Com que mataste o teu presente
Vai e segue a força das lágrimas tuas
Solta o teu nome nas paredes de ser
Depois regressa limpo e ama essas ruas
Que são a fonte do teu constante renascer