31 de agosto de 2010

fUtUr0


Hei-de resistir às sombras que me dás
Lançando um grito ao tempo vadio
Depois, poderei morrer se for capaz
Perdido na corrente deste rio
E chegado ao céu, talvez a cantar
Deixarei o meu sorriso aberto ao vento
Pedindo do fundo de mim para desaguar
Enfim, no esplendor de cada momento

27 de agosto de 2010

eStAtUt0d0aMoR


Passa o tempo, sobra o caminho
Rasgo de mansinho
Uma fúria tanta pintada na poesia que inventas
E tudo o mais é o espaço em que tentas
Fazer o passado nascer.
Só porque não me podes ter...
.
Largam-se os versos, sonham-se os passos
Improváveis cansaços
De uma fonte que depressa se faz ao mar
E tudo o mais é o espaço onde te vais matar
Sem mais nada ter ou querer.
Só porque não me podes ter...
.
Farta caminhante,
Eterna amante
À solta no seu peito aprisionada
Perdida, sem voz e cansada
De mais um dia de nada acontecer.
Só porque não me podes ter...
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Liberta o teu sangue sobre as águas que choras
Deixa-te ficar e pergunta-te porque demoras
Neste sonho que se vai desfigurando sem se ver
Nos teus olhos que um dia vão acordar e saber
Que para me amares nunca me poderás ter...

26 de agosto de 2010

c0m0sEmPrE


Pode ser que um dia te sobrem os espaços e chames para ti todo o passado para o abraçar. Como sempre. Pode ser que o céu se abra nos teus olhos em que os rios se confundem com as memórias e depois grites todos os nomes que trazes no peito. Como sempre. Pode ser que o mar te cubra a pele de sargaço (sim, sargaço!) para que todos os aromas cheguem às flores e as palavras se cantem como só tu sabes. Sempre. Pode ser que a noite se junte às chagas que das tuas mãos queimam as paredes e assim as telas se iluminem só para te sentir adormecer. Como sempre. Pode ser que o tempo te dê um beijo e o teu corpo, grávido, trema de encontro a todos nós.Como sempre.

25 de agosto de 2010

fRaNcIsCo


Numa noite fui parar à praia. Sabia que o meu lugar era ali. E fiquei. Feliz. No meio dos meus pedaços todos que brilhavam e que iam e que vinham... Até que um dia nasceu um novo príncipe. Feito de tudo o que o futuro me reserva. E ainda lá estou. E o pequeno vai crescendo, crescendo, crescendo... na praia onde sou feliz.

23 de agosto de 2010

vEnToLoUc0

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Canto uma flor ao anoitecer
Cheia da cor de uma saudade bonita
Fica-me no peito um jardim por percorrer
Sempre que em mim esta dor me grita.
Deixo-me cair no tempo vazio
Por onde os caminhos se desfazem sem te ver
Depois, navego nas águas puras deste rio
E canto uma flor ao anoitecer...
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Tranco um abraço à tua espera
Nos reflexos que as ondas me dão
Fica-me na alma uma voz onde impera
O cântico rouco e pesado da solidão.
Perdido nas mãos suadas e brilhantes
Por onde nasce o vento louco que de mim se apodera
Faço-me sopro nas janelas de todos os amantes
E tranco um abraço à tua espera...
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Repito esta vida de ti em mim
Sem parar nem um segundo
Porque tudo que respira é jardim
Porque tudo que abraça é mundo!
Raio que ilumina sorrisos e olhares
Feito num eterno verso sem princípio nem fim
Poeta de todos os rios, de todos os mares
E repito esta vida de ti em mim...
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22 de agosto de 2010

oDeDePoEtA


Não te pertenço, eu sei. És um vento dentro do meu peito que se enamora e se esconde sem que eu saiba. Umas vezes abraças-me ou navegas nas lágrimas da vida; outras apenas te deixas a sorrir vendo-me no meu mar das ondas, perdendo e encontrando as marés. Não te pertenço. Por isso, poesia, te tenho.

21 de agosto de 2010

cAnTeIr0


Na lâmina de um punhal,
Na chaga de um caminho,
Sirvo-me do medo de mansinho
Para que nunca me faça mal
Rego-o como uma flor, prudente...
Pinto-o como um rio que corre
E nesse agasalho é que se sente
O vento que em mim nunca morre...
Porque o tempo faz-se tela
Semeando a cada silêncio um sorriso
E tudo torna mais que bela
Esta voz que me faço e preciso
Servidão de tanto odor e perfume
Entre o grito e o desejo
E visto-me perfeito e sem queixume
Para desfilar no teu peito como um beijo...

20 de agosto de 2010

eTeRnIdAdE


A Bela Amante surgiu no caminho sem que nada o fizesse esperar. Queria ter a certeza de não se ter enganado. "Impossível. Nunca o saberás.", disse-lhe ele. Então, sorrateira e secreta, como sempre, seguiu pelo outro lado da árvore e não olhou para trás. E foi aí que nunca mais o viu. Por isso é que, de quando em vez, regressa ao cruzamento e deixa cair uma lágrima mais junto à grande raiz.

17 de agosto de 2010

aDoRmEcIn0mEi0dAsFl0rEs


Adormeci no meio das flores

Perfumes de terra a nascer.

Desejei pintar-te todas as cores

Feitas de uma madrugada que acordou a doer.

Por isso, ao sabor desta ventania

Que do meu peito se desfez num vulcão,

Deixei que me queimasse o resto do dia

Talhado na palma da minha mão.

E voei até ao infinito num arco-íris de palavras e sorrisos

Daqueles que seguem os caminhos por onde fores...

Só porque hoje, em beijos e abraços mais que precisos,

Fui adormecer no meio das flores!

16 de agosto de 2010

v0lTaDoTeMp0


Na volta do tempo outra vez
No perfume das palavras ditas assim
Seremos sempre o fogo que em nós se fez
Para deixar a alma a arder sem fim
Teremos o lugar eterno na luz do olhar
Esse, que se guarda no berço do passo por dar
Porque a viagem é feita de tanto...
Por isso é que tudo o que canto
Renasce como um rio no pensamento
Feito de abraço, voz e vento!

15 de agosto de 2010

oChEiRoQuEaTuAm0rTeNã0gAsTa


Não fosse eu filho sempre do que a vida me dá


Trazendo as marcas que o tempo arrasta...


Esta fúria de hoje, sangrenta, que teima de cá para lá


Manter-me a pele quente, com o cheiro que a tua morte não gasta...



Não fosse eu filho sempre do que a vida me concede


Carregando os versos e os ninhos de casta...


Esta semente que chora, ama, chama e pede


Que nunca se perca nesta pele quente o cheiro que a tua morte não gasta...



Não fosse eu filho sempre do que a vida tem


Num grito que sangra e ao reflorir não se afasta...


Este pedaço de mim que levaste contigo, mãe


E que me pinta a pele com o cheiro que tua morte não gasta...


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Não será hoje que escrevo o que queria... Mas estivemos todos juntos no cimo da serra, num dia feliz! Não pronunciámos o teu nome, mas os nossos olhos tinham o teu sorriso, eu sei. À tua, que te vivo e viverei sempre com tudo o que tenho.

h0jE

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Fonte que me corres nas veias
Prenha de tudo que ainda sou
Restos de um tempo que não passou
Que desta perda ainda me encandeias...
Levanto a cabeça para te ver
Por entre os reflexos do que choro
E na cama onde me deito e demoro
Refaço sorrisos lindos, gargalhadas a arder...
Fico aqui eternamente perto. Sempre perto
O meu lugar és tu, pintada no futuro
Do tempo que me cobre em cores de amor puro
Que me inventam as prisões onde me liberto...
Por isso, canto. E cantarei este único lugar tão terno
Junto das memórias, dos cheiros, do mundo inteiro
Perfumada janela de histórias e lugares em aguaceiro
Com o sabor de pele e sangue do útero materno...
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Se pudesse dizer-te uma única coisa que fosse, dir-te-ia: estamos todos bem e felizes, lindos e com muitas saudades tuas.

12 de agosto de 2010

cErTeZa


Um poeta dorme e existeNo coração apertadoVagabundo doce e tristeQue fica sempre do outro ladoRega a sua semente que choraCom versos e sorrisos de ventoO poeta é presente, não se vai emboraFica no outro lado do pensamentoCanta sonhos e carrega doresComo quem pinta a sua viagemQue é feita para onde foresDo outro lado da tua margemNão se cala nem fugiráO poeta perdido e encontradoNo tempo que um dia viráDeste, de dentro, de fora... do outro lado!

11 de agosto de 2010

aPeRt0


Um dia virei buscar-te nesse conto de fadas que teimas em inventar. Eu sei. As minhas palavras são pontes. Por isso é que nunca partimos.

8 de agosto de 2010

tUd0rEc0mEçA

Porque preciso. Sim.
Do vento meu a esfregar-me a cara de tanto.
Do aconchego que em verso é meu manto.
Porque preciso. Existimos sem fim.
Ser dono de um destino assim
Colado ao peito que às vezes rebenta
Gravado na voz que canta e não se aguenta
Nos olhos da vida, no corpo da morte
No desejo que vem, cavalgando sem sorte
Entre o tempo que passa e o que vem
Que uns dias é teu e outros meu também.
Eterno madrugar de flores em mim.
Só porque preciso. Sim.
Apetece correr, saltar, gritar
Entrar por um túnel escuro e frio
No secreto labirinto desconhecido
Para pintar um novo arrepio
O do sonho. O que é mais sentido.
Aquele que me deixa quente e ferido
Mistura completa de dor e prazer sem fim.
Porque preciso. Sim.
É por isso que tudo recomeça assim...

7 de agosto de 2010

eStAçÃo


Era uma vez um poeta. Rasgado e inteiro.
Amava a palavra poema. Queria ser dono do peito.
Mas morria sempre primeiro.
Era uma vez um poeta. Cansado e belo.
Dormia nas ondas dos versos. Sonhava um rio a seu jeito.
Mas sangrava sempre um apelo.
Era uma vez um poeta. De olhar brilhante e sem dono.
Caminhava de mão dada com o tempo. Imperfeito.
Mas caía como uma folha de Outono.
Era uma vez um poeta. De mão forte e abraço que espera.
Mas que um dia se fará de novo Primavera!

4 de agosto de 2010

dEcLaRaÇã0

Atira-me os meus olhos outra vez
Mostra-me as rugas que o tempo me devolveu
És reflexo nas memórias de um vento só meu
És pedaço de sangue perdido num amor que ainda não se fez
Grita-me as malhas desta corrente que grita
Espero-te na inquietação dos labirintos de mim
E sei que cairei no teu corpo por fim
No dia em que se abrir a porta interdita...

1 de agosto de 2010

p0dEsCrEr!


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Queria ser um barquinho de papel

Dos que brilham no grande lago do jardim.

E dava voltas ao suor e às lágrimas, podes crer!

E depois deixava que o tempo não tivesse fim.

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Queria ser um pequeno sopro de vento

Dos que nos entram no sangue e ficam assim.

E dava voltas ao teu olhar e és lindo, podes crer!

E depois deixava que o tempo não tivesse fim.

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Queria ser uma ode qualquer

Das que cheiram a poetas, viagens e alecrim.

E dava voltas ao meu sorriso e ao teu andar, podes crer!

Só para inventar de novo o tempo sem fim.

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E sabes porquê? Porque tudo é sonho e vida?

Dos que nos tornam maiores e nos apertam a mão?

Porque nunca me esqueço que um dia, mesmo de fugida

Tornaste o tempo sem fim e me chamaste irmão.

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oTeMp0

O tempo que passa Leva uma flor ao vento Que se faz poesia e raça Fonte, porta e lamento Curva-se o peregrino Sem ter medo da desgra...