29 de junho de 2009

vEm

Parte-se o poeta na solidão do seu remoinhoCerto de que na estrada o pó lhe serve de mantoPerdido na embriaguez de uma vida sempre sozinhoCansado por entre a sede, a dor e o espantoRompe-se a voz rouca da maré forte e fundaPerdida nos horizontes do vento, na cor cega dos jardinsCalada nos gritos em sangue e inquietação fecundaEm pesados calos, demasiados princípios e finsRecomeça-se a onda eterna da respiraçãoO amparo do fogo em nós queimadoA pele ainda quente desta imensidãoQue é ter-te assim tão longe, caminhando a meu lado

27 de junho de 2009

cAnÇã0


Rompo o silêncio da saudade

Em correntes de amor e cetim

Cada canção, uma eternidade

Cada passo, uma viagem sem fim


Grito as memórias do que faz falta

Entre os aromas da pele e inquietação

Cada fuga, uma maré alta

Cada lágrima, solidão


Solto o meu peito sem me calar

Só por dor, paz e poesia

Cada adormecer, um novo acordar

Cada noite, um outro dia


26 de junho de 2009

pErToDeTiSeFaZqUeNtE

Fico. Perto de ti. Na margem da tua corrente. Adormeço. Junto à solidão. Na paz de quem se sente. Calo. Abraço o horizonte na janela aberta à tua frente. Sinto. O enorme poema de tudo o que de frio se faz quente. Beijo. O longo caminho entre o futuro e o presente.
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Tinha de repetir este texto hoje (1 Dezembro 2008). Obrigado, Rogério.

22 de junho de 2009

sErMaIsRiCo

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Conheci o Rogério no "Cartaxeiro", já no final da sua actuação, no final do ano passado. Logo percebi que não era mais um músico de bares. Depois, fui-me deixando encantar e enamorar pela forma como se entrega às canções e como as veste de novo dando-lhes uma outra dignidade, só ao alcance dos amantes. Todo o seu corpo, comandado por um olhar profundo e reflector, é um poço dessa ternura e dedicação, que cada vez mais me apaixona e me comove. Tive o privilégio, também de o ir conhecendo como pessoa e perceber que o mesmo Rogério bonito que está em cima do palco é aquele que fala contigo e que te ouve. A pouco e pouco percebi que eu era uma pessoa mais rica!


No dia 25 de Junho iremos fazer um jantar-convívio, para o ajudar no seu merecido sonho de gravar um disco. Para além de tudo o que este desejo possa significar para ele, isso ganha uma dimensão ainda mais forte e quente por ter como um dos seus motores esta inciativa de um grupo de pessoas que o tem acompanhado neste seu crescimento e que tão bem ajuda a colorir ainda mais o seu perfume.


Espero que consigamos encher a Taverna (é só marcar: 219233548 ou 967050536), jantar e rir e dar abraços e trocar olhares e cumplicidades e ouvir música e poesia e chorar de alegria e emoção por estarmos a participar num momento que será verdadeiramente único. Sou uma pessoa mais rica.


Obrigado, Rogério.







Já cantámos as voltas de cada abraço

A certeza do beijo e da mão dada

Carregando o fruto que é esta jornada

Sabemos da força que trazemos no passo


De janela aberta, tua casa feita em nós

O doce aroma da poesia

A ternura de cada dia

O romper inquieto da alegria

Onde dança a simplicidade da tua voz


É tempo do sonho, uma nova corrente

Caminhar contigo é ser feliz

De dentro de tudo o que se faz e diz


Ser solidário é ser fonte de gente

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20 de junho de 2009

oUtRaVeZn0vAmEnTe



Os meus silêncios gritam marés à solta. Em praias desertas no meio dos olhares dos Homens. São passos firmes entre chagas e calores. Entre fogos e amores por onde os meus sonhos deslizam embriagados e solitários... Cada olhar. Cada mão. Cada cantar. Cada eterna inquietação dos meus silêncios morre-me por entre a pele de cheirar a viagens. São fontes puras e frescas à deriva no meu peito. São as cores das peregrinações perdidas nas imagens das flores. As noites que se estendem sobre o leito vazio. O espelho da lua pousado sobre mim. E tudo permanece enfim outra vez novamente. Entre a máscara e o embrião...

18 de junho de 2009

m0mEnToS


Dos silêncios somos carne, veias e grito
Carregamos o peso de memórias cada vez mais fundas
Voamos por entre o futuro e o interdito
Dos versos que vomitas e me inundas
Jardins de calor
E dor
Ao mar atirados
Viagens,
Passagens,
Canções, um doce travo a pele queimada
Sinto os sonhos vazios e cansados
De uma morte tão viva e anunciada
São apenas respirações, passos e regresso
Andorinha de ir e vir entre tanto sentir
Forte a ventania entre a brisa que te peço
Balada e beijo de ficar e de partir...

17 de junho de 2009

sAnGuEéSaUdAdE



Os silêncios que me deixaste fervem-me no sangue entre a corrente que de tempestade em tempestade turva o caminho. Os meus passos cansam-me nas memórias roucas da tua partida. O enorme olhar da paixão sobe-me pelo corpo arrepiando-me os versos nas trémulas vertigens que me devolvem a morte a cada novo dia. E depois perco-me. E aí sei que te encontro outra vez. Que entre cada ida e vinda há uma nova onda que se forma e que saberá adormecer no teu leito. Como uma praia que se eterniza na saudade...

16 de junho de 2009

rEgAnHaRf0rÇaS

Hoje escrevo sobre lágrimas de tanta tristeza. Sim, mesmo neste período de tanta ternura e amor, da mão dada e do punho fechado, da amizade e da solidariedade, fui outra vez atirado à parede. Por mim. Custa-me a desilusão. Acho que nunca vivi bem com isso e dificilmente conseguirei voltar atrás. A desilusão que os outros me provocam é tão funda e intensa como a dedicação que lhes tive. Tão forte como a entrega dos tempos vividos. Por isso, cada nova desilusão é um traço no meu desenho; uma cruz no meu calendário. Mas não me incomodarei. Ganharei seguramente forças para os que ficam. Longe da traição e perto do peito. Sou assim. Sobre mim. Em lágrimas ou em abraços. Desculpem o desabafo, mas hoje precisava de mil olhares dos nossos.
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(Nada do que disse se aplica aos habituais desta nossa casa. São outros carnavais...)

15 de junho de 2009

sErSoLiDáRi0éSeRf0nTeDeGeNtE


Quando se gosta, tudo é possível.

É com enorme prazer, orgulho e responsabilidade que participarei nesta iniciativa, que espero se possa repetir, para que a voz, o talento e a entrega do ROGÉRIO CHARRAZ tenham aquilo que ele tanto merece: o primeiro de muitos discos.

Será, sem dúvida, uma marca que ficará em todos nós.

(Não sei dizer melhor... o importante deixei mesmo em verso, no cartaz...)


Espero que mais pessoas se juntem a nós!

12 de junho de 2009

mArEmMiM



Saberei eu inventar-me em mar


E talvez uma tempestade nascesse


Arrancando do meu peito um novo amor


Cantando marés entre ternura e calor


Só para que tudo grite e regresse


Ao mais fundo do nosso olhar...


Saberei eu inventar-me livre em corrente


Como quem agarra o tempo e o areal


Arrancando em nós o tempo seguro


Cantanto as fontes de um rio mais que puro


Que desague no limiar do bem e do mal


E a noite adormeça finalmente...

Saberei eu ser-me solitário e poeta


Pelos trilhos da nossa peregrinação


Forte onda que se entrega no abraço


Sargaços, pegadas de amor e cansaço


Maresia eterna da minha mão


Que em mim, se faz madrugada inqueita

10 de junho de 2009

vIdA

Voltam-se as sombras dos meus passos


Carregadas de pequenos pedaços


De uma espécie de vida em estilhaços


Que me consome o tempo de mim...


Soltam-se os gritos todos dos cansaços


As memórias fecundas nos meus braços


Praia-onda de cheiro a sargaços


Que turvo em cores de jardim...

7 de junho de 2009

iReViR



No fundo da página em branco


No pesado toque de um punho em brasa


Tudo me corrói e me entrega


Este tempo feito poema que se atrasa


Soltam-se os versos embriagados e sôfregos


Os olhos arrepiam os minutos sedentos


E este peito arde, entre o céu e o inferno


De tudo ser apenas paisagem e momentos


Ser poeta nos labirintos da alma


Carregando o peso por onde me vou seguindo


Os pés secos, em chaga forte e silêncio


Que de tanto ser assim me vou consumindo...

4 de junho de 2009

c0nTrAdIçÃo



Danço a solidão de cada amante

Preso aos passos de ir sempre adiante

Em jeito firme, quente e possante

Que de todas as valsas se faz por dentro de nós...
Canto o riso e a saudade em forte maré

Nos versos de quem sabe e de quem é

Nas lágrimas da ternura que nos deixamos ter

Como um rio que em nós se desagua para de novo nascer
Fundas são as linhas da paixão

O trilho livre de deixar ir o coração

Solto em tudo, em todos, na sua direcção

Que nos deixa em paz, nunca sós...

2 de junho de 2009

aPeNaS

A solidão que me deixasteTraz-me a vertigem de todas as falésiasGrita-me os silêncios das memóriasOs caminhos de todos os sonhosE não descanso...A minha voz é um moribundo rouco à procura de uma luz.E eu, apenas eu, sempre eu, fico-me em mim...

1 de junho de 2009

LiBeRtAçÃo


Nos dias em que os versos são silêncios. Os nós inquietam-nos demais os passos e todas as vertigens são marés de nos ferir as mãos. Deixamos que cada segundo se transforme num tempo infinito e pesa-nos a alma sobre o leito. Que às vezes se torna próximo demais da morte. E cada corrente em fortes braçadas aprisiona as saudades e a libertação percorre uma longa viagem sem destino. E cada rio é mais que um simples carreiro... É a alma à solta na prisão dos momentos que das cores se dilui em vazio. Sim... no dia em que os versos, como os pássaros, não voam.

oTeMp0

O tempo que passa Leva uma flor ao vento Que se faz poesia e raça Fonte, porta e lamento Curva-se o peregrino Sem ter medo da desgra...