23 de maio de 2017

DeHoJeDeSeMpRe

Esta flor que nasce no vento
Este sorriso que trago em mim
Sabe-me melhor no momento
Em que me acordas assim
Este mar que se abre (às vezes com medo)
Este sopro de grande saudade
Sabe-me ao ínfimo e sentido segredo
Em que devolves a verdade

A verdade de ser cheiro
A verdade de ser rio
De ser eu em corpo inteiro
De ser corpo, calor e frio

A verdade de te querer
A verdade entre nós e na mão
De inventar o tempo só para te saber
De te saber entre o choro e o coração
Amo-te muito e sou desta maneira eu
Entre o que escrevo e a magia do leito
Entre o que sonho e ainda não aconteceu
Entre o que pergunto a cada passo refeito

19 de maio de 2017

ViDa

Devolve-me a pequena migalha, o pardal.
Deseja o caminho em passo sereno...
Tanto saber naquele grande animal
Que apesar de tudo, é demasiado pequeno.

Arranha-me os sonhos, a serpente.
Aquece cada pedaço de mim...
Tanta ousadia em tão profundo vaguear presente
Que se dá ao futuro como um lençol sem fim.

Floresce apenas, a flor na mariposa.
Concebe o ventre materno e parte...
Tanta vida tão longa em verso, canção e prosa!
Tanto amor e dor, em arriscada ânsia de arte!

16 de maio de 2017

nArRaÇõEsImEnSaS

A vida perde-se em narrações imensas
O rumo de cada passo às vezes é incerto
O meu lugar estende-se nas praias das noites tensas
Onde cada fuga me devolve a mim, demasiadamente perto

O suor dos tropeções
As memórias e mentiras
As vozes 
As iras
Os fogosos corações
As pontes e os desejos
Os silêncios entre beijos
Os poemas arredondados
Os sonhos tão pesados
Já em mim entre crenças...

De vida perdida em narrações imensas.

13 de maio de 2017

vEnToSdEgUeRrA

Aqui, no sabor deste andar vazio
Encontro um nada que me segreda sonhos
Inquietante e cruel
Arrepiante e sagaz
Este nada não me dá paz...

Assim, nos silêncios do tempo longo
No meio das cores e magias de sempre
Ousado e penetrante
Calado em gritos loucos
Tudo em mim se encerra:
Esta paz em ventos de guerra!

11 de maio de 2017

rEtNçÃo

O vagabundo sabia que um dia haveria de voltar e que o regresso seria penoso. E feliz. Abriu a porta da casa e reteve os cheiros de sempre. Encontrou as janelas abertas e as camas por fazer. Estavam todos lá. Procurou que os silêncios lhe devolvessem as canções de amor. Quis que o tempo dançasse de novo pelos sonhos muitos. Eternamente, chorou. E regressou à solidão.

10 de maio de 2017

0nDaEmMaRéSdEiReViR

"Tu partes, mas voltas sempre..."

Ser onda, em marés de ir e vir!
Ser pedaço de uma inquietação funda!
Arrancar a dor mais pesada, mais fecunda
Acordando a ternura de te desejar e sentir.

Ser este desejo em macios fogos de alto mar!
Ser a raiz dos calos que me pisam a estrada!
Abraçar a noite em perfume de eterna madrugada,
Vagabundo que se entrega em solidões de nunca estar.

Ser a palavra, o verso, o arrepio tremendo da flor!
Ser terra, cheiro rústico em pele que chora por mais!
Acreditar que sou nuvem no céu por onde te vais
Quando me cantas o perfume a que chamas amor.

Ser nada. Ser nada. Ser mesmo nada e disto me servir!
Tudo é vã memória e simplesmente assim!
Mesmo quando eu chegar ao fim...
Só porque sou onda, em marés de ir e vir.

c0nTiGo,0c0nCeRt0

É contigo que agora estou
É contigo que quero estar
A minha história passa aqui
No perfume deste cantar

É contigo todo o sentido
De ser gente e poesia
A minha vida corre assim
E contigo se anuncia

É contigo de tão dentro
É contigo em doce manto
Que o meu tempo é um rio
Que desagua neste canto

Contigo, sim, contigo sempre
Roda viva, inquietação
Obrigado por estarem cá
Sou do vosso coração!


Foi uma noite memorável, onde todos contribuíram para levarem estas cantigas, estas palavras, esta arte... para uma dimensão outra. Só me posso sentir cheio!

oTeMp0

O tempo que passa Leva uma flor ao vento Que se faz poesia e raça Fonte, porta e lamento Curva-se o peregrino Sem ter medo da desgra...