29 de agosto de 2011

dAnÇa


Põe a tua saia roxa, bailarina
E faz-te teatro!
Calça as botas e ajeita o xaile
Puxa do cigarro
Abraça o olhar
Nos gestos mais precisos
E na voz rouca de tanta história...
Lança os teus passos no palco
Mesmo que tenham o peso das lágrimas...
Solta o teu calor
Mesmo que queime...
Apresenta a vida
Mesmo que em memórias...
Grita, se for preciso.
Vai, bailarina...
Dança!

25 de agosto de 2011

cHoRaMaIsUmRi0


Chora mais um rio
Que desague numa praia feita de paz.
Depois,
Planta-lhe flores nas margens
Enfeita-lhe os silêncios
E
Com o cheiro das tuas mãos
Grita
Canta
Corre
Faz-te céu e vento forte!
Talvez assim...
Adormeça mais um dia da morte.

22 de agosto de 2011

h0jE

Porque queimam as histórias? Porque são histórias... Porque me confundem os ventos? Porque são ventos... Porque são tantas as perguntas? Porque são perguntas? Porque os meus olhos choram? Porque são olhos... Porque a minha voz tem um grito lá dentro capaz de me cegar? Porque... existe no meu peito um mar que se abre sob um céu de onde um dia um pássaro virá para me buscar... Para onde? Para o infinito. Quanto é o infinito? Mais de corenta...

dEuMsÓtRaGo

Levanto as minhas mãos e tenho o mar defronte
O meu peito respira saudade e inquietação
Trago de um só trago o sabor que corre no horizonte
Feito de pele, de ternura e de uma eterna paixão
.
Levo, poeta, a minha alma que nasce como uma fonte
A cada silêncio, cada permanente respiração
Trago de um só trago o meu abraço que corre no horizonte
Feito de todos os minutos em que me faço poema e canção
.
Volto, regressando ao rio, como margem, como ponte
Que se inventa jardim, leito e vento forte coração
Trago de um só trago o calor imenso que corre no horizonte
Feito de gritos, fomes, dores e ondas que vêm e vão

19 de agosto de 2011

sEnTiR

Sentir a pequenez do Homem dentro de si próprio. Tão gigantesca inquietação que consome e explode a todo o momento. Sem controlo. Sentir o corpo voar e perder-se no tempo. Deixar o vento passar, ele que nunca passa e morre cá dentro e volta a nascer como um vulcão sempre aceso e pronto transformar-se num jardim de mar ou num inferno de cardos. Sentir a vida a correr como um fogo que vai passando perto e longe de tudo e de todos. O meu coração é um manto carregado que nunca sossega. A minha voz uma maré eterna de sonhos e saudades. Os nomes das minhas mãos, abraços que me dou a cada sentir. Sentir...
.
.
.


17 de agosto de 2011

mAr


Vou mergulhar nos teus olhos e ficar
Percorrer o fundo de ti e sonhar
Perder-me nas tuas entranhas e cantar
Esconder os meus olhos nas mãos e gritar
Ter-te juntinho a mim e nada perguntar
Sorrir à saudade e chorar


E depois, muito devagarinho,
para sempre,
te chamo mar!

15 de agosto de 2011

2aNoS


Canto uma lágrima quente Pousada na minha mão Fonte de uma saudade que corre ardente De um passado que desagua tão presente Que um dia me assaltou o coração... Esse dia, tão vivo em mim, abriu essa janela A que chamamos morte ou vida E eu, que nunca fiz a despedida Não a farei: Porque, minha mãe mais bela Fazes-me falta para respirar. E é por isso que nunca paro de cantar! Por todos os mares que ainda não descobri. "Só para dizer que consegui!"

13 de agosto de 2011

dEsCuId0


Que as estradas todas do mundo se percam no vazio. Não existe o olhar atento.
Que os ventos desbastem as almas cegas. Carrego-me e já não aguento!
Que os mares desapareçam de vez. Estou cansado de poesia.
Que a noite me afogue para sempre. Só quero de novo o dia!
Que a ternura regresse às minhas mãos. Tenho saudades de cantar.
Que estas lágrimas se desfaçam em pó. E que nunca mais voltem a chorar!
Que os meus passos morram eternamente. Vagabundo perdido nunca mais!
Que grite a morte e a vida sem me cansar. E outras coisas que tais...
Que se calem as vozes e os beijos. Abraço a solidão e com ela faço amor.
E sem saber de mim me deixo derreter no calor!
E fico uma migalha à mercê dos impulsos do que acontece...
Numa teia de choques que ninguém tece....
E calo-me hoje vermelho de raiva numa autoestrada que não existe.
E adormeço oco, velho, gordo e triste...

11 de agosto de 2011

sÃo


São os caminhos perdidos no futuro
São lágrimas à espera de chorar
Fonte de um coração rico e puro
Que não conhece os segredos do seu caminhar

São os labirintos do silêncio inquieto
São marés que nunca chegam a parar
A pele, num vagabundear atento e secreto
Que se perde sempre, só para se reencontrar

São asfixias vertidas sobre um corpo quente
São desejos do reencontro para de novo cantar
A voz, trémula, cheia, rouca e potente
Que se grita neste tempo de viver e esperar

8 de agosto de 2011

In

No céu à deriva, sem saber do tempo
Um sossego guardado
No infinito dos meus olhos...

6 de agosto de 2011

aRmAdAdEmIm


Abre-se o mar ao dia
No horizonte dos sonhos e das viagens
Poema embrulhado
Canção perdida
Gota de um calor que não enferruja...
Abre-se o dia ao mar
Na calmaria da eternidade
Grito inquieto nos silêncios
Vento que se deseja mais que sempre
Armada de mim
Nos cheiros que o meu corpo mistura
Aos poucos
Devagar
A medo
Talvez
Só para ficar...

4 de agosto de 2011

eStAvIdA


Existe uma vida, existe
Para lá do horizonte, para lá
Feita de respiração alegre e triste
E de tudo o que o amor nos dá
A vida que existe, a vida
Somos nós e o que queremos, nós
A eterna inquietude sentida
Dentro do peito, junto à foz
Junto ao rio
Arrepio
Sangue frio
Do calor todo que me persiste
Esta vida que assim existe!

1 de agosto de 2011

oTeMp0

O tempo que passa Leva uma flor ao vento Que se faz poesia e raça Fonte, porta e lamento Curva-se o peregrino Sem ter medo da desgra...