30 de dezembro de 2011

eScReVo-Te

Escrevo-te a saudade no espelho desta luz que me sorri
Sou a corrente da minha pele em todos os olhares
Percorro as palavras, plantadas pelos sonhos e pelos lugares
Onde a tua voz ecoa, flor cheirosa que um dia abri!
Escrevo-te nu, como um rio solto no monte.
Escrevo-te forte, como a água fresca da fonte.
Escrevo-te tudo, no canto leito deste amanhecer.
Escrevo-te assim, porque só assim sei ser...

26 de dezembro de 2011

qUe!

Que os trilhos se plantem fortes nos canteiros! Que as saudades ecoem os seus cantos sempre pioneiros! Que as trovas escolham os seus beijos e abraços! Que cada respiração nunca me troque os passos... Que os aromas sejam ondas na minha voz! Que os rios sejam felizes ao dar à foz! Que nunca se esqueçam as janelas e os laços! Que cada respiração nunca me troque os passos... Que o sol seja meu eternamente! Que o peito teça o manto colorido, seguro e quente! Que o mundo aconchegue na ternura os seus cansaços! Que cada respiração nunca me troque os passos... Que os meus irmãos entrem na minha casa para ficar! Que os sorrisos sejam punhos na alegria de lutar! Que o vento me torne a enfeitar os braços! Que cada respiração nunca me troque os passos... Que todos se encontrem para um salto aberto ao mundo! Que o passado me devolva o saber mais profundo! Que sempre se encontrem os amores e os regaços! Que cada respiração nunca me troque os passos...

25 de dezembro de 2011

EsPeRa

Varre o chão que encontras na passagem. Escolhe bem cada silêncio. Depois senta-te e espera. Talvez um dia as folhas do outono se revoltem com o vento.

22 de dezembro de 2011

nAtAlSoLiDã0

Fortes silêncios no cheiro de cada respiração
Corrente que teima em fazer-se perda e solidão
Mesmo no azul que o mar cobre
Talvez não haja mesmo nada que nos sobre...

Trémulas inquietações pelos lábios abertos
O rio segue rumos seguros mas incertos
Mesmo no azul do céu que nos canta agora
Talvez se sirva uma ceia mais pela noite fora...

Quentes abraços à volta de estar e ficar
Tinta de cobrir cada pedacinho do teu lar
Mesmo no azul da noite escura que ainda não existe
Talvez a semente te dê a luz que nunca viste... ou pediste.

18 de dezembro de 2011

sAuDaDeEmEsTaR

Visto mais um poema nos silêncios dos olhares
O branco de mim na voz rouca e cansada
Que canta o amor tão alto e feliz
Estar foi tudo o que sempre quis
Viagem de plantar flores na estrada
Ondas de cobrir todas as praias e todos os mares

Visto mais um canto meu no toque das mãos
A viola que ecoa no profundo sangue que corre
Que das palavras a minha alma de novo se refaz
Estar é tudo o que me dá paz
Nesta partida da chegada constante que nunca morre
Fontes de fazer crescer todos os céus e todos os corações

14 de dezembro de 2011

BiNóCuLo

Reluz a saudade já no peito que sangra assim
Uma corrente de viagens entre o futuro e o passado
Carregada de versos que se escrevem sem fim
Pelas histórias que vão teimando em manter-me calado

Vozes de silêncios loucos que desaguam inquietações
Punhais brilhando ao sabor do desejo
São mais que muitas as palavras das canções
Na solitária embriaguez perdida num só beijo

Nada mais que a noite para o sossego do poeta
Uma morte mais na gravidez de um novo dia
Ficam-se os abraços loucos e a ternura inquieta
Para fazer nascer a dor de mais um grito que se anuncia

12 de dezembro de 2011

vIoLêNcIa

Sentado apenas na noite como se ela fosse um pedaço de chão de nos receber. O frio colhe cada suspiro da inquietação. Os silêncios rasgam-se numa folha de papel em branco pronta para ficar vazia. Nasce um pequeno emblema mais. Furtivo, embriagado e terrivelmente pesado. As estrelas pedem um pouco desse sorriso perdido. O vento foi-se de vez. E o peito do pobre poeta pinta-se de solidão. Nem as paredes brancas da casa se entendem... Neste mundo feroz onde cada paz parece um atentado sabe-se lá a quê... Senta-te, rapaz. E morre.

10 de dezembro de 2011

f0sSe

Fosse o sol sempre essa bola de fogo quente...
Fosse o tempo capaz de me manter o corpo ardente...
E o meu coração jamais choraria de dor
Aconchegado no leito que cheira a pele e amor!

Fosse o céu todo, manto de sorrisos e abraços...

Fosse a terra canteiro de semear lutas e passos...
E o meu corpo jamais morreria sem manto
Aconchegado nos versos teus que nos meus olhos canto!

Fosse o mar aberto lume de aquecer cada respiração...

Fosse o rio a corrente de nos unir para sempre na eternidade da mão...
E a minha voz jamais gritaria sem destino
Como se não fosse importante este ser-se sempre menino!

O sol, sempre presente

O tempo, nunca ausente
O céu, que se sente
A terra, permanente
O mar, potente
O rio, que se sente

7 de dezembro de 2011

m0rTeNaViDa

Pode o vento regressar frente ao mar?
Pode cada onda ser um beijo mais que forte?
Posso eu, nas mãos de tudo inventar
Encostar mais uma lágrima à morte?
Pode o teu nome vestir-se de mim outra vez?
Pode o silêncio perder-se sem nada que o conforte?
Posso eu, no parapeito da minha pequenez
Vaguear em gritos de chorar a morte?
Pode a viagem fazer-se de pé, mais um dia, mais um dia...?
Pode o azul devolver ser cor abandonada à sua sorte?
Posso eu, no recanto da minha alegria
Cantar as chagas que se teimam em mais uma morte?

4 de dezembro de 2011

p0dEr

Pode um rio pousar o seu reflexo em mim
Sempre que canto na batida de um sonho que vem?
Posso eu deixar-me voar assim
Em busca da foz, sempre mais aqui e mais além?

Pode uma onda correr em direção ao abraço
Quando piso a terra dos caminhos sem medo?
Posso eu adormecer no sorriso que traço
Linha a linha, como se nunca fosse cedo?

Pode um verso romper pelo firmamento
Às voltas em ternuras de tudo inventar?
Posso eu ser tudo a cada momento
Como uma história que nunca se chega a calar?

Pode a vida ter tanta força ao nascer
E de novo lágrima, de novo semente forte?
Posso eu ser grito que se dá ao perder
Os estilhaços brilhantes de mais uma morte?

oTeMp0

O tempo que passa Leva uma flor ao vento Que se faz poesia e raça Fonte, porta e lamento Curva-se o peregrino Sem ter medo da desgra...