Dança na noite perto do peito
Carrega toda a sua história num passo
Num gesto de ave,
Suave
E desfeito
No pó do amor, dos calos e do cansaço
O céu de estrelas e sorrisos de calor
O aconchego do toque de um tango ardente
Dança junto ao rio,
Frio
Lágrima de amor
Que corre em mim, em ti, em toda a gente
Eterniza-se a canção, a cidade e o olhar vagabundo
Nas voltas e revoltas dos corpos e solidões
Marés que consomem,
E comem
Cada abraço do mundo
Entre restos de nós, partos e vagas aos tropeções
Vale a pena esta maré forte de intenso apertar!
Qualquer coisa de sangue, qualquer coisa de sal e mar...
Por onde me perco dias sem fim fora de mim como se fosse
Carregar todos os pesos da morte amarga e doce
Com que pinto os contornos trémulos deste sorriso
Ternura acesa, momento forte e preciso
Em que tudo regressa...
Sem pressa...
Depressa...
Tropeça...
Vento norte que me atravessa
Para ficar perdido no meu leito.
E na noite que se dança perto do peito.