29 de junho de 2007

rEsPiRaÇã0

Volta o sol ao meu jardim, nas pétalas da flor anunciada...
Caminhamos inteiros, em ti, em mim, sem perdermos o amor e a enxada...
Levantamos o olhar e a voz carmesim, a cada nó que nos damos de mão dada...
Regressamos finalmente, talvez não, talvez sim, a nós, por entre a alma apertada...
A vida... de novo começada!

26 de junho de 2007

h0rIz0nTe


São ondas que desaguam na minha vida. Espumas de amor e respiração que lentamente, cruelmente, sofregamente, sentidamente, nunca prudentemente, ardentemente, repentinamente vou abraçando neste vai e vem da maré. Dos horizontes de mim que vou construindo e matando a cada passo, a cada palavra... Da ternura da luz. Do calor que de dentro me transporta de novo à vida e ao areal. A este areal que somos todos nós. Onde cabem todos os corações. Por onde correm todas as almas. Onde me deixo ficar porque aqui sei que te encontro. E sou feliz.

23 de junho de 2007

c0m0sEnÃoExIsTiSsE

Perco-me nas plavras à solta nos mundos inventados de todos os dias nos querermos inventados de todas as noites nos pedirmos perdoados de todas as manhãs nunca mais acordados de todos os gritos mais que calados de todos os aromas de fel perfumados de todos os silêncios na chuva abençoados de todos os olhares serem cegos e pesados... Por entre mim e mim, na eterna e inquieta rota de existir no fundo e secreto desejo de novo partir na ternura e longínqua sombra de em tudo porvir. Sou seu. Assim.
Como se ao mesmo tempo não existisse...

22 de junho de 2007

mAiSuMpAsSo

Forte a tua mão que me agarra
Que me prende na loucura do salto
Que me aconchega os gritos
As revoltas de mais um passo no asfalto...
.
Doce o teu punho que me amarra
Que me atira de novo os soltos perfumes
Que me traz e me leva, sem cessar
As canções mais cruéis dos meus queixumes...
.
Quente a tua pele que me cola
Que me refresca de fonte pura em ti
Que me rodeia de muralhas no mundo
O desejo de nunca mais sair daqui...

21 de junho de 2007

CaDaCaCoQuEfIc0uPaRtId0


Cada caco que ficou partido
No caminho onde colheste o mel
Deixou-se abandonar ao desaparecido
Enraizando o mar numa simples folha de papel...

Assim ficou e assim se perdeu
Aquele jarro procurado.
A simples folha de papel ardeu
Sem que nada fosse conquistado.

O mel e o caminho
Permanecem sós,
Bordados à toa no teu ventre de linho.

Foi quando se rebentaram os nós
Que seguravam os barcos ao cais
E eu, pela primeira vez,
Desejei que não partisses mais...

19 de junho de 2007

oAm0rÉ...

Só o amor sabe o que é
Só a saudade e a dor aconchega
Que nem sempre o amor sabe quando é
Que a vida se desfaz e desassossega
Porque o amor deve ser dito
Mesmo quando for interdito
Ou quando estiver zangado
Mesmo quando adormecer em paz
Ou andar muito calado
O amor só é amor quando se faz
Quando se incomoda, quando se diz
O amor só existe na raiz
De cada palavra, cada gesto, lembrança...
O amor é sempre criança
Por isso não pensa...
E isso é que é tão bom!

18 de junho de 2007

eNtRe

Por entre as noites de perdição
A vida morre devagar
Embrulhada nos ventos da paixão
Dos poemas abertos de par em par
Que nos fazem canção
Que nos acordam outra vez ao sonhar

Por entre as noites de amor fugidio
A vida volta-nos as costas a rir
Dá-nos calor e dá-nos frio
Mostra-nos que temos de partir
Que somos um nada sem vazio
Que somos tudo em cada fugir

Por entre nós mesmos perdemos o norte
Damos tudo e ficamos pequenos na serra
Perdidos nos sonhos de maré forte
Nas luas que iluminam esta terra
De onde nascemos com sorte
De onde morreremos na guerra

Entre...

16 de junho de 2007

dEqUeLaDo?


De que lado estou eu? De dentro de mim, na corrente forte que inunda todas as

margens? De fora de mim, na peugada de uma nuvem? De que lado? Aberto à respiração do tempo? Prisioneiro no seu próprio nome? Talvez do lado de cá, como num espelho... Talvez no lado de lá, na intimidade da luz... Ou será que é só deste lado que as palavras têm forma? Ou desse, por onde tudo se arrisca. Assim. De um lado, onde o avesso se torna mais que a simetria de uma nova reconstrução. Do outro, onde nunca chegamos a partir nesta viagem de andarmos de lado para lado sem nunca chegar. De que lado estou eu? Interessa?

14 de junho de 2007

tUd0eNaDa

Não me dês o outro lado do descanso se me roubas a paisagem. Só sei do silêncio nos jardins floridos.
Não me dês um colo sem o odor da pele.
Só sei do desejo nos olhos de dentro.
Não me dês uma flor de costas voltadas.
Só saberei de ti nas janelas abertas.
Não me dês nada.
Dá-me tudo!

13 de junho de 2007

oMeUn0mE

Por onde anda o meu nome?

Perdido na corrente de algum trilho?

.

.

.

Encostado a uma sombra secreta?

No reflexo do teu gatilho?
O meu nome existe. À solta de mim?
Na busca de um segredo ou desejo?
Perto de mais, longe também
Onde cada um se esquiva do seu beijo...
Farejo-te, nome meu, por aí?
Sigo-te, claro, sem pedir licença ou perdão.
Porque tu, ó nome que afinal sou eu
Possuis-me para os outros e para mim não!

11 de junho de 2007

EuSoUaSsImSoUeU

Não me roubem esta tristeza!
Não quero ficar sem um pedaço de mim.
Que seria da insegurança sem a certeza
Do princípio sem o fim?
Não me roubem. Não me esqueçam. Abraçem-me!
Que no calor de cada mão
Brotará uma nova flor
Para me aquecer este cansado coração...
Eu quero desta maneira.
As lágrimas... as palavras... as ternuras
Como também te quero a ti
Nesta tua magia de águas puras.
Como também acredito nas lágrimas
Que dão de beber às margens futuras.
Como também aceito as palavras
Que me rompem de jornadas inseguras

10 de junho de 2007

PoNt0sSoLt0s



Pelo rio o espelho se fazPela corrente tu aconteceCada guerra semeia de novo a pazDe tudo o que é amor e nunca se esquecePelo vento, forte trilho das paixõesNem a morte teve tanta procuraPorque somos nós, pontos fúteis nas multidõesQue em palavras muitas lhe vai dando a curaPelo sangue da lágrima caídaPela retina da memóriaSempre entrando pela porta da saídaPara irmos quem sabe além da nossa históriaPelo desejo de tanto serEstar aí, aqui, alémPela vontade de que ao morrerPossamos renascer também

8 de junho de 2007

p0eTa

Apetece perguntar de novo: Onde está o poeta? Talvez na praia à espera que uma onda lhe traga uma palavra em cor de verso... Talvez à beira-rio no reflexo das águas que lhe devolvem o olhar e lhe recebem as lágrimas... Talvez no monte, perto das estrelas e de todos os aromas que um dia alguém plantou... Talvez...
.
- . _ - . _ - . _ - . _ - . _ - . _ - . _ - . _ - . _ - . _ - . _ - . _ - . _ - . _ - . _ - . _ - . _ - . _ - . _ - . _ - . _ - . _ - . _ - . _ - . _ - . _ - .
.
O poeta é um esperador. Fingidor? Quem sabe. Esperador, seguramente. Porque quem assim espera sabe que não passa um segundo sem que o seu pensamento não voe em direcção a mais uma ternura!

6 de junho de 2007

NaMiNhAfReNtE

Na minha frente. Ali. De sorriso em punho.
Por momentos desejei mergulhar-me. Em demasia.
Fico-me pelas palavras à solta. Em rascunho.
Para talvez derramar-te no meu olhar que não se desvia.


Na minha frente. Hoje. Quem sabe amanhã talvez.
Límpida. De água fresca de rio transparente.
Fico-me pelas palavras. Que correm. Outra vez.
De ti só ganho. Mesmo quando só te tenho à minha frente!

5 de junho de 2007

ReLeVo

Cada pedra é (será?) uma sombra a mais...

UmDiA

Será que ficamos alguma vez sem nada no peito?
O que é um peito vazio, ainda por cima num colo de ternura?

Um dia saberemos encontrar todos os embalos de nos arranhar no peito as correntes da nossa memória em direcção aos olhares mais atentos. Um dia encontraremos nas palavras o que falta?

4 de junho de 2007

vAi!

Parei. Olhei para cima. A escada imponente era a porta daquele momento. Hesitantemente deixei-me a contemplá-la pensando no que será se a subisse ou no que seria se lhe virasse as costas. O silêncio também não me ajudou. A escada mantinha-se fria e inerte. Apenas à espera que uma fracção de milésimo de segundo decida uma vida inteira!

1 de junho de 2007

nÃoTeNh0

Hojeédiadacriançaenãotenhoimagens.Talveznemtenhaatépalavras.Nãoporserodiadacriança.Ésóporserhoje.Estoucheiodecoisasquenãotenho,hoje.Nãotenhotempoparasaltarnapraia.Nãotenhopaciênciaparameirritar.Nãotenhovontadedemeirritarmastambémnãotenhofeitioparaengolirsapos.Nãotenhodescansadonemtenhodescanso.Hoje.Nãotenhoacertezasequerdeamanhãteralgumacoisa.Nãotenhocoresnemcantigasnempoemasnempalavrasnemimagensnemsequervazios...Nãotenhonada.Eissodenãoternadaéestarcheiodetudo!

oTeMp0

O tempo que passa Leva uma flor ao vento Que se faz poesia e raça Fonte, porta e lamento Curva-se o peregrino Sem ter medo da desgra...