30 de dezembro de 2011

eScReVo-Te

Escrevo-te a saudade no espelho desta luz que me sorri
Sou a corrente da minha pele em todos os olhares
Percorro as palavras, plantadas pelos sonhos e pelos lugares
Onde a tua voz ecoa, flor cheirosa que um dia abri!
Escrevo-te nu, como um rio solto no monte.
Escrevo-te forte, como a água fresca da fonte.
Escrevo-te tudo, no canto leito deste amanhecer.
Escrevo-te assim, porque só assim sei ser...

26 de dezembro de 2011

qUe!

Que os trilhos se plantem fortes nos canteiros! Que as saudades ecoem os seus cantos sempre pioneiros! Que as trovas escolham os seus beijos e abraços! Que cada respiração nunca me troque os passos... Que os aromas sejam ondas na minha voz! Que os rios sejam felizes ao dar à foz! Que nunca se esqueçam as janelas e os laços! Que cada respiração nunca me troque os passos... Que o sol seja meu eternamente! Que o peito teça o manto colorido, seguro e quente! Que o mundo aconchegue na ternura os seus cansaços! Que cada respiração nunca me troque os passos... Que os meus irmãos entrem na minha casa para ficar! Que os sorrisos sejam punhos na alegria de lutar! Que o vento me torne a enfeitar os braços! Que cada respiração nunca me troque os passos... Que todos se encontrem para um salto aberto ao mundo! Que o passado me devolva o saber mais profundo! Que sempre se encontrem os amores e os regaços! Que cada respiração nunca me troque os passos...

25 de dezembro de 2011

EsPeRa

Varre o chão que encontras na passagem. Escolhe bem cada silêncio. Depois senta-te e espera. Talvez um dia as folhas do outono se revoltem com o vento.

22 de dezembro de 2011

nAtAlSoLiDã0

Fortes silêncios no cheiro de cada respiração
Corrente que teima em fazer-se perda e solidão
Mesmo no azul que o mar cobre
Talvez não haja mesmo nada que nos sobre...

Trémulas inquietações pelos lábios abertos
O rio segue rumos seguros mas incertos
Mesmo no azul do céu que nos canta agora
Talvez se sirva uma ceia mais pela noite fora...

Quentes abraços à volta de estar e ficar
Tinta de cobrir cada pedacinho do teu lar
Mesmo no azul da noite escura que ainda não existe
Talvez a semente te dê a luz que nunca viste... ou pediste.

18 de dezembro de 2011

sAuDaDeEmEsTaR

Visto mais um poema nos silêncios dos olhares
O branco de mim na voz rouca e cansada
Que canta o amor tão alto e feliz
Estar foi tudo o que sempre quis
Viagem de plantar flores na estrada
Ondas de cobrir todas as praias e todos os mares

Visto mais um canto meu no toque das mãos
A viola que ecoa no profundo sangue que corre
Que das palavras a minha alma de novo se refaz
Estar é tudo o que me dá paz
Nesta partida da chegada constante que nunca morre
Fontes de fazer crescer todos os céus e todos os corações

14 de dezembro de 2011

BiNóCuLo

Reluz a saudade já no peito que sangra assim
Uma corrente de viagens entre o futuro e o passado
Carregada de versos que se escrevem sem fim
Pelas histórias que vão teimando em manter-me calado

Vozes de silêncios loucos que desaguam inquietações
Punhais brilhando ao sabor do desejo
São mais que muitas as palavras das canções
Na solitária embriaguez perdida num só beijo

Nada mais que a noite para o sossego do poeta
Uma morte mais na gravidez de um novo dia
Ficam-se os abraços loucos e a ternura inquieta
Para fazer nascer a dor de mais um grito que se anuncia

12 de dezembro de 2011

vIoLêNcIa

Sentado apenas na noite como se ela fosse um pedaço de chão de nos receber. O frio colhe cada suspiro da inquietação. Os silêncios rasgam-se numa folha de papel em branco pronta para ficar vazia. Nasce um pequeno emblema mais. Furtivo, embriagado e terrivelmente pesado. As estrelas pedem um pouco desse sorriso perdido. O vento foi-se de vez. E o peito do pobre poeta pinta-se de solidão. Nem as paredes brancas da casa se entendem... Neste mundo feroz onde cada paz parece um atentado sabe-se lá a quê... Senta-te, rapaz. E morre.

10 de dezembro de 2011

f0sSe

Fosse o sol sempre essa bola de fogo quente...
Fosse o tempo capaz de me manter o corpo ardente...
E o meu coração jamais choraria de dor
Aconchegado no leito que cheira a pele e amor!

Fosse o céu todo, manto de sorrisos e abraços...

Fosse a terra canteiro de semear lutas e passos...
E o meu corpo jamais morreria sem manto
Aconchegado nos versos teus que nos meus olhos canto!

Fosse o mar aberto lume de aquecer cada respiração...

Fosse o rio a corrente de nos unir para sempre na eternidade da mão...
E a minha voz jamais gritaria sem destino
Como se não fosse importante este ser-se sempre menino!

O sol, sempre presente

O tempo, nunca ausente
O céu, que se sente
A terra, permanente
O mar, potente
O rio, que se sente

7 de dezembro de 2011

m0rTeNaViDa

Pode o vento regressar frente ao mar?
Pode cada onda ser um beijo mais que forte?
Posso eu, nas mãos de tudo inventar
Encostar mais uma lágrima à morte?
Pode o teu nome vestir-se de mim outra vez?
Pode o silêncio perder-se sem nada que o conforte?
Posso eu, no parapeito da minha pequenez
Vaguear em gritos de chorar a morte?
Pode a viagem fazer-se de pé, mais um dia, mais um dia...?
Pode o azul devolver ser cor abandonada à sua sorte?
Posso eu, no recanto da minha alegria
Cantar as chagas que se teimam em mais uma morte?

4 de dezembro de 2011

p0dEr

Pode um rio pousar o seu reflexo em mim
Sempre que canto na batida de um sonho que vem?
Posso eu deixar-me voar assim
Em busca da foz, sempre mais aqui e mais além?

Pode uma onda correr em direção ao abraço
Quando piso a terra dos caminhos sem medo?
Posso eu adormecer no sorriso que traço
Linha a linha, como se nunca fosse cedo?

Pode um verso romper pelo firmamento
Às voltas em ternuras de tudo inventar?
Posso eu ser tudo a cada momento
Como uma história que nunca se chega a calar?

Pode a vida ter tanta força ao nascer
E de novo lágrima, de novo semente forte?
Posso eu ser grito que se dá ao perder
Os estilhaços brilhantes de mais uma morte?

28 de novembro de 2011

aPaReDeDoSmEuSs0nHoS

Na parede dos meus sonhos o sol pinta flores. A parede dos meus sonhos é para onde fores.
Na parede dos meus sonhos o espelho é azul de mar. A parede dos meus sonhos faz-me cantar.
Na parede dos meus sonhos ouve-se a manhã que dança. A parede dos meus sonhos tudo alcança.
Na parede dos meus sonhos cada dor pode ser um rio. A parede dos meus sonhos é um abraço sem frio.
Na parede dos meus sonhos os poemas soam na sua cadência. A parede dos meus sonhos é a minha essência.
Na parede dos meus sonhos todas as histórias são contadas em pele ardente. A parede dos meus sonhos é um caminho sempre em frente.
Na parede dos meus sonhos o meu corpo adormece lento. A parede dos meus sonhos é o sopro do vento.
Na parede dos meus sonhos as viagens fazem-se de pé. A parede dos meus sonhos é!

26 de novembro de 2011

aCoRdAr

Da corrente que o meu sangue teima
O olho da leoa a espreitar...
A pele que se deixa cheirosa ao acordar
No tempo em que até um abraço queima!

Do rio na minha vida a nascer assim
No toque de sorrisos, fonte de me desaguar...
Nas manhãs de tudo se inventar:
O beijo que se deixa renovado e aberto em mim!

Do sonho feito respiração rente ao peito
Onde nascem os desejos de nunca calar
Porque essência é ter esta verdade no andar
Num futuro que me transforma e onde me deito.

23 de novembro de 2011

SuSsUrRo

No sussurro dos silêncios mora a inquietação
Rompem chagas e gritos
Que aperto na minha mão!
Lágrimas de suores aflitos
À deriva nas tempestades da paixão
Junto ao lago fundo
De perder todo o mundo...
Os meus passos, voz cansada de chamar
Corpo fraco de cantar
Carregado de um tempo por encontrar
Na corrente dos meus versos turvos que nada mais sabem que um buraco tão escuro que tudo revela no frio das suas entranhas, jaula da aflição.
No sussurro dos silêncios mora a inquietação...




21 de novembro de 2011

f0g0qUeAmA

No meio da tempestade existe a calma da minha paixão
Melodias feitas fogo e emoção
Um pouco da minha pele em brasa
Outro toque. A minha casa.
No meio da tempestade, a viagem.
O sonho embriagado de tanto querer
Um sopro que se tem, sem nunca se perder...
A mistura quente da inquietação.
Paris, cidade eterna da minha pele que queima e seduz
Em forma de vento, em tons de luz.
Que o mar é a minha voz rouca que chama.
Porque tudo é tempo e fogo que ama!

19 de novembro de 2011

fAzErAc0nTeCeR


Fazer de cada passo um sonho,
Um sorriso,
Um grito,
Algo que no peito ainda esteja por nascer...
É preciso fazer acontecer!

Fazer de cada lembrança uma força,
Um abraço,
Outro abraço,
A memória transporta o quente de nos aquecer...
É preciso fazer acontecer!

Fazer de cada sombra uma dança,
Um rosto,
Um vento que sobra,
Todas as tempestades que se saberão envolver...
É preciso fazer acontecer!

Fazer de cada árvore a tela,
A tela de vestir mundos,
O respirar bonito da fecundação!
Como um canteiro que cuidamos ao nascer..
É preciso fazer acontecer!

Fazer de cada luta a posse!
Vozes e punhos ao alto no céu,
Na revolta louca da sabedoria,
E nunca desistir deste amante viver...
É preciso fazer acontecer!



Pelo 11º aniversário da MIAU, Associação Cultural

16 de novembro de 2011

j0ã0

Qual o teu nome?
Que se desfaz no pó ao vento,
Que se entrega ao desespero,
Que foge,
Que fica,
Rápido e lento
Perdido no encalço de cada momento...

Qual o teu destino?
Que se esconde na ânsia,
Que inquieta fome...
Que procura,
Que desiste,
À deriva naquela distância
Entre a dor, o vazio e a inconstância...

Qual a tua canção?
Que gritas no silêncio dos sonhos loucos,
Que se afogam e se despedem por aí,
Que morrem,
Que existem,
No nascimento diário dos moucos
Embriagado no sabor amargo dos roucos...

Qual o teu nome, João?
Uma tatuagem cravada na pele
E que transporta todas as histórias por fazer.
Emoção. Calor e paixão
Com que me escreves as lágrimas que faço chover.

14 de novembro de 2011

pRiNcEsAd0mEuCaStEl0

Mora uma princesa no meu castelo
De sorriso que cobre o mundo inteiro
Que me beija no toque mais certeiro
Faz de mim forte cavaleiro
Para voar, cantar e até chorar...
A minha princesa tem a cor do mar!

Mora uma princesa no meu coração
De passo que pinta de cada vez que vem
Que me abraça e me salva também
Faz de mim o sumo doce do bem
Para voar, cantar e até chorar...
A minha princesa tem o cheiro do mar!

Mora uma princesa no meu sangue
Rio de água pura e transparente
Que me cobre e me transporta na corrente
Faz de mim a fome e o viver mais ardente
Para voar, cantar e até chorar...
A minha princesa tem a cor do mar!

A minha princesa,
A do meu castelo,
Do meu coração,
Do meu sangue,
Nunca está perdida
Porque o seu nome tem eternidade: Margarida!


11 de novembro de 2011

rEsPiRaÇã0qUeSeEnTrEgA

Respiração que se entrega
Na palma da mão molhada de terra...
Nenhuma flor morre ou se nega
No sangue quente que no meu peito se encerra!
A vida, solta viagem,
Às vezes é nada;
E tudo fica na sua paragem
Como um canteiro à beira da estrada.
Outras vezes é tanto!
E o mundo faz-se em sorrisos.
Por isso há gritos que são os manto
Dos dormires mais precisos.
Que o meu canto é a alma a acordar
Que as minhas lágrimas são a água de um rio que não sossega...
Essência de mim é este continuar
Nesta mágica respiração que se entrega! 

7 de novembro de 2011

v0z

Sopro de um sangue quente
Sem tempo, com tempo...
A minha voz é nunca te estar ausente
Sem tempo, com tempo...
Rasgo de rio solto na corrente
Sem tempo, com tempo...
Meu caminho é este aqui è frente
Sem tempo, com tempo...
Lágrima que queima sempre rente
Sem tempo, com tempo...
Os meus passos, gritos de gente
Sem tempo, com tempo...
No mar, de corpo forte e presente
Sem tempo, com tempo...
Em mim, cada dor se refaz semente
Sem tempo, com tempo...
Leito onde derramo suor de amor ardente
Sem tempo, com tempo...
Porque tudo sou eu neste passo crescente!



















6 de novembro de 2011

rEcAd0

Que as sombras tragam a luz dos sonhos, meu irmão! Respiro-te na essência deste rio de corrente forte. As minhas mãos apertam as palavras que trazes fechadas no peito. Os meus olhos, a ternura do teu sorriso. A minha voz, a espera dos abraços...

1 de novembro de 2011

jAuLa

Se o sol se prende
Enfeitiçado de amor
Em passos leves mas pesados
Nada mais se entende
Nem a saudade louca da dor
Nem os dias são lavados

Se a luz cega
Os corações amantes 
Por entre palavras sempre novas
Tudo regressa no futuro que desassossega
Como as estrelas dos jardins dançantes
Que embalam todas as trovas

27 de outubro de 2011

mAnIfEsTo

Se respiro a eternidade nos sonhos que tenho
Se me visto de mim, deste ou do outro lado
Nunca me deixarei a dormir sobre a terra a sorrir
Nos olhos de um punho que se quer calado!
Vagabundeando serei grito, fonte e tudo o mais
E cantando ouviremos os passos de tanto querer
Que não se iludam os revolucionários!
O meu sangue é estar sempre a nascer!

26 de outubro de 2011

FiCo

Regresso ao cais de pés molhados e nus
A minha história rompe-se a cada tempestade
Corre como o rio da eternidade
No bater de um coração que me prende e seduz
Seus olhos azuis de mar
Sorriso cheio de tempo e vontade
Carregam-me no colo a verdade
De toda a ternura que a noite me faz chorar
Chama-se saudade, desejo, tudo
E o meu peito brota como terra de jardim
Flores postas ao vento em nuvens de cetim
Ou em lençóis que espalham sussurros de veludo
Regresso a este canto meu no abraço apertado
Na respiração que se faz verso e canção
Secreto canteiro no meu coração
Onde descansa o meu corpo cansado

23 de outubro de 2011

oFuTuRo

Vento que me levas os olhos
Diz-me do sossego da casa
Canta-me uma história de sonho
Que no meu peito se demora e não se atrasa...

Vento que me levas o sorriso
Diz-me do silêncio das dores
Segreda-me os beijos molhados
Que me levam para onde tu fores

Vento que descansas em paz
Na vigilância dos abraços por dar
Dorme na mão estendida sempre e sempre
Que o futuro é esta forma de já cá estar

12 de outubro de 2011

oTeMp0dEmIm

Sobre as águas passa o tempo de mim
Num rio que corre tranquilo e silencioso
Manto de me tapar a alma assim
Junto ao peito de um grito tão precioso
Espelho de uma voz que canta cega
Cada tempero deste caminho que não sossega
Poeta de olhos abertos e vagabundo
Que carrega cada minuto do mundo
Para existir louco e sabe-se lá se moribundo:
O enterro é seguro. No abraço cansado
Às voltas nas viagens do passado
Que me consome ainda por todo o lado
E o meu sangue parece não ter fim
Sobre as águas deste tempo de mim...

5 de outubro de 2011

jÁbAsTaTuDo

Não digas nada. Deixa que o silêncio traga a noite e a noite me devolva o rio. As minhas lágrimas são fontes desta minha inquietude. Nas margens de todos os sonhos. No sussurro da paixão. Na intranquila maré do meu grito. Não digas nada. Por favor. O dia tem demasiada luz... Talvez encontre um tempo vazio onde consiga finalmente adormecer. Ou simplesmente ficar para sempre. Já basta tudo!

3 de outubro de 2011

oScAmInHoSdAfLoReStA

Nos  caminhos da floresta encontram-se os medos e os segredos todos da alma. Pequenas histórias e enormes sonhos. Os silêncios da saudade estrada acima na ânsia da porta aberta. Os sussurros que pedem calma. Os heróis todos metidos num só gesto. Surpreendentemente como o tempo: umas vezes sim; outras sabe-se lá! Ai, os caminhos da floresta que recolhem a minha vida toda como um pote onde germinam os cânticos, os beijos, os sorrisos, a plenitude de SER!

1 de outubro de 2011

eMtAnTo

Num sussurro de vento, pleno de alegria
Num silêncio de sol, aberto enquanto é dia
Num olhar vagabundo, que na minha boca se anuncia
Numas mãos de poeta... e o meu corpo se alumia!

Num rasgo de sonho, eterno amor ardente
Numa trémula vertigem de sangue, misturada na corrente
Num cantar imenso, aberto e permanente
Numas mãos de poeta... nunca o tempo ausente!

Num instante apenas, soluço do coração
No mar que é meu, no medo que é chão
Num grito, num salto, num lugar feito ondulação
Numas mãos de poeta... ternura deitada na inquietação!

No fogo que me afoga nas noites de estar a sós
Nas memórias de mim, como um rio à deriva na foz
No labirinto da vida, cheia de jardins, cheia de nós
Numas mãos de poeta... rouco, cansado e sem voz!

30 de setembro de 2011

DiAnTeDoSiLêNcIo

Diante do silêncio, surge a palavra. Eterniza-se na parede mais uma vez. Como tijolo ou cimento. Num edifício que fica e tapa o mar. De um lado, a escuridão de tanta gente a passar. Do outro, um campo de sonhos plantados desde sempre. Por cima, um céu todo cobre-o e abraça-o potente. Por baixo, o estrume que faz germinar todas as sensações. Ninguém dança. Ninguém canta. Nada se mexe em tamanha velocidade que não deixa perceber o que se vai passando. Nem os gritos aflitos da besta ou o choro terrível da solidão se perde. Tudo se encontra diante do silêncio. Palavra a palavra...

29 de setembro de 2011

0mEuLuGaR

Não me devolvas o silêncio se tens um grito no peito
Não corras na praia para longe, não.
Há um caminho de flores que nunca será desfeito
Nem no azul do mar, nem no tudo da solidão.

Não me entregues a dúvida se tanto há a dizer
Em cada esquina de um casulo pintado p'la nossa mão.
Deixa que chova na terra e que nunca pare de ferver
Nem no azul do mar, nem no tudo da solidão.

Regressa pelo tempo dos sorrisos... só assim vale a pena
A jaula dos sonhos é uma viagem em contramão
Por isso o meu lugar é esse, junto ao Sena
Perto do azul do mar e do tudo da solidão!




25 de setembro de 2011

AsCoReSdEMiM

Escrevo as noites e os cheiros
Entranhados no meu corpo macio
Como quem navega os sonhos primeiros
Nas águas claras de um rio

Dou à margem beijos e abraços
Tão fortes em sorrisos de liberdade
E canto a ternura em todos os passos
Que me levam até ao mais fundo da cidade

Deixo na foz sementes de ternura e prazer
Só porque existo nesta essência de ser jardim
Quando o tempo me faz voltar a nascer
Sempre que regresso de novo a mim

Mais um toque, uma gargalhada
A minha vida é um poema eterno que se canta
Entre este tudo inventado numa estrada
Que me cobre no seu rendilhado e me espanta

São cores de azul nos labirintos onde descobri
Nesta paisagem de ir e vir ainda
As certezas que me fazem estar aqui
Dentro, sem medo, na história mais linda!




22 de setembro de 2011

EsTeLaDo

Segreda-me o teu nome no mais fundo de mim
Faz de conta que existe mesmo um tempo forte
Depois, deixa-me voar num qualquer rio sem fim
Só para poder dizer que não sei da morte...

Canta-me o teu segredo no canteiro da minha vida
Como se fosse uma flor apenas, novamente a nascer
Depois, faz ecoar essa tua dor cansada e perdida
Que um dia cobriu todo o céu que havia por viver...

Rompe-me no peito as chagas vermelhas do amor
Que o meu amanhecer é um sorriso. Mesmo ao passado.
Por isso, na voz que se pinta na infinita cor
Há o eu, o tu, o nós que fica sempre deste lado!

18 de setembro de 2011

pArTiDaDeChEgArPaRaFiCaR

Espera-me na margem do rio, junto ao cais. Sabes que é lá que me encontro. De olhos pousados nos sonhos. De mãos fortes. O corpo ainda quente... Não te esqueças de que o rio - aquele rio - é onde moro. Mesmo longe do mar e no meio da grande cidade luz os silêncios são as marés que respiro. Encontra-me na margem do rio, junto ao cais. Vento meu que danças na pele das viagens. Existem noites que cobrem todas as palavras e dias que se inquietam em todas as ausências. As águas, a terra que faz florir os reflexos. Os barcos, os sorrisos e as lágrimas que a vida tem. Os passos adiante. O descanso encostado à parede. Os olhos que ficam... Nesta partida de chegar para ficar.

16 de setembro de 2011

SeR-tE

Vamos cantar um abraço Guardado para sempre na nossa mão E juntando pedaço a pedaço Dessa saudade irmão O mar irá abrir-se como sempre em nós E os rios doidos, numa dança perto da foz, Como um manto de nos cobrir Esse canto abraço ainda por vir...
Vamos abraçar uma cantiga Que trazemos no peito eternamente Na ternura que é a nossa mais antiga Forma de caminharmos para a frente O Bailarino, Valdemar ou Secreta Aguarela De novo pintados nesta nossa tela Onde tudo tenho, tudo posso Neste canto abraço sempre nosso!

14 de setembro de 2011

cHaVe

A porta vai bater!
Como quem atira um suspiro...
O meu peito, esse, só sabe arder
Em cada segundo que, mesmo chorando, respiro.

Ficam os gritos,
Tombam os sonhos,
Cantam as aves,
Ouvem-se os cacos aflitos
Que rompem os sorrisos medonhos
No desassossego dos gestos suaves
Que talvez saibam acontecer...
A porta vai bater! 

O ramo vai partir!
Como quem morre outra vez...
O meu sangue não quer mentir
Pintado numa tela que já se desfez.

Guardam-se os passos,
Chama-se o veludo,
Carrega-se o manto da vida,
Entoam-se os poemas  dos estilhaços
Que navegam perdidos entre o nada e o tudo
E não se juntarão à deriva
Só para de novo existir...
O ramo vai partir!

12 de setembro de 2011

c0nTa-Me!

Conta-me do sonho
Conta-me da ilusão
Não me contes da realidade
Da realidade, não!

Sei do tempo que me escapa
Em cada silêncio medonho
Por isso me inquieto em cada etapa
Conta-me do sonho...

Sei da morte e da vida que escorre
No poder da minha respiração
Por isso me entrego e nada me socorre
Conta-me da ilusão...

Sei da pele que os caminhos cantam
Nos labirintos da noite na cidade
Por isso há ventos que ainda me espantam
Não me contes da realidade...

Sei que um dia serei feliz
Sei mesmo, sem hesitação!
Por isso vivo na busca do que sempre quis
Da realidade, não!

Conta-me tu agora e sempre
Conta-me sem nunca (me) hesitar
Não percas o tempo nas palavras ditas
Pela ilusão que ainda te faz sonhar!

8 de setembro de 2011

oNdEm0rAaEtRnIdAdE?

Onde mora a eternidade?
No peito dos poetas...
Na alma dos amantes...
Na calçada mais sensata da cidade?
Onde mora a eternidade?
Na agenda do sol...
No volante urgente...
Na memória de cada idade?
Onde mora a eternidade?
Nos gritos soltos...
Nas canções...
No desejo forte, na vontade?
Onde mora a eternidade?
Na fascina de olhos fechados...
No labor de um orçamento...
No peso louco da realidade?
Onde mora a eternidade?
No amor que se faz...
Nos leitos carregados...
No abraço de cá da felicidade?
Onde mora a eternidade?
No que faço...
No que penso...
No que quero...
No que sinto...
No que encontro...
No que procuro...
No que perco...
No que conquisto...
No que cuido...
No que invento...
No que passa...
No que fica...
No que existe...
(mesmo que triste)
No que os meus lábios derretem para construir paredes e castelos por entre os canteiros que surgem mesmo que por vezes não se tenha a devida atenção de perceber que para além, muito para além de cada segundo da identidade mora toda a minha eternidade!

oTeMp0

O tempo que passa Leva uma flor ao vento Que se faz poesia e raça Fonte, porta e lamento Curva-se o peregrino Sem ter medo da desgra...