Haja a morte em cada passo que dás
Haja o tempo das palavras e o tempo do que se faz
Haja a vontade de não olhar para trás
Haja o tumor secreto de tanta dor nesta paz
Haja o medo e a revolta, o grito que ecoa
Haja o sorriso perdido pelas ruas de Lisboa
Haja uma lágrima mais que tanto me magoa
Haja o tumor secreto do verso que se escreve à toa
Haja o caráter e a cegueira imparável
Haja o rosto da verdade insaciável
Haja a solidão na casa impraticável
Haja o tumor secreto numa fome instável
Haja uma chaga negra de tamanha fundura
Haja uma pele seca à espera da ternura
Haja o corpo que foge e que não se cura
Haja o tumor secreto que me consome e que dura