29 de outubro de 2007

rEnTe

--
Amanhece no meu coração
Rompe-se a madrugada no meu peito
Ando descalço, frio pelo chão
Onde encontro tudo vazio e desfeito
--
Fujo das plantas e do vento
Nas janelas abertas de mim
Sou tão pesado que às vezes nem aguento
Mais um sopro, uma palavra de cetim
--
Agasalho-me às vezes no manto
De retalhos e retalhos de todos nós
Para de novo acordar de espanto
Desatando e refazendo todos os nós
--

27 de outubro de 2007

n0s0mDoNó

Na corrente do rio que me passa diante da janelaVejo as lágrimas de amor do mundo que esperaReflectem-se-me as dores e os aromas do tempo que se dilaceraPor tão perto e tão longe andar ele d'elaNa corrente dos ventos, das marés, dos dias passadosCada um exibe o seu desesperoNa intranquilidade fervente do seu temperoPor tão dentro e tão fora serem nossos estes fadosNa corrente às avessas dos sonhos escurosVoltados no tempo que passa e repassa sem pararQueremos todos só por um minuto que seja poder pararPor tão forte e tão frágil serem estes pensamentos puros
Tenho-me intensificado ao sabor das palavras. De todas. Não gosto de as escolher ou procurar. Sou assim. É como respirar. Alguém escolhe o ar antes da inspiração? Ou se preocupa se alguém se vai preocupar com isso?Tenho-me intensificado e assim quero continuar. Palavras da minha respiração. Párem de me trair!

25 de outubro de 2007

sEmPaLaVrAs

Sem rasto... os caminhos percorrem-nos de olhos fechados. Sem rosto... os horizontes vagueiam-nos por dentro. Sem casa... os aconchegos libertam-nos em dor. Sem cor... as marés geometricam-nos a alma. Sem tempo... os gritos ficam-nos em cânticos nocturnos. Sem ti... eu fico-me.

23 de outubro de 2007

fRuToSiLvEsTrE

Serei o fruto silvestre que rompe todas as distâncias. Que chega ao profundo olhar da interrogação. Que se despeja por entre o suor de cada passo trémulo. Que percorre demasiadas estradas. Que se enrola dentro de cada palavra. Para de novo ser. Fruto Silvestre.

sUf0c0

Não atires mais palavras à calçada
Não fundas as tuas lágrimas em qualquer futuro incerto
Perdes-te no vazio. No tudo cada vez mais nada
Num encontro que nunca se dará assim tão perto
---------------------------------------------------------------
Não me empurres. Não me mates outra vez
Quero a liberdade solta de todos versos
Na margem de mim, junto a cada olhar que se fez
De novo reflexo dos amores perdidos e dispersos
---------------------------------------------------------------
Não me olhes. Não me cantes. Não me sorrias
Não quero. O meu grito só ecoará na solidão
Na que cada um procura em si, nas noites frias
Em que tudo arde por dentro de cada coração
---------------------------------------------------------------
Vai. Corre por entre as pedras dos sonhos e caminhos
Na luz de todos os partos e viagens do mundo
Sangra-te nos pés, nas cores dos espinhos
Para renascer-te viva, num porvir profundo

22 de outubro de 2007

cAnSaDo

Pouso e repouso o meu olhar
Na vertigem das palavras em rodopio
Catavento de viagens,
Entre o calor e o frio
Por onde navego sem nunca parar
Pouso e repouso este cansaço ardente
Nos aromas de todas as paixões
Nas correntes fortes das emoções
Por onde me atiro, imprudente
Pouso-me e repouso-me nas cores fortes da vida
Nos areais dos sonhos eternos
Nas ventanias de todos os invernos
Por onde regresso, à despedida

rAsGã0

Podem as palavras parar a minha ânsia? Pode um verso travar-me o sangue quente?

20 de outubro de 2007

h0mEnAgEm

Pelo rio de tantos dias perdidos
Perto de cada arranhão de amor
Deito-me nos teus versos idos
Na espera cruel de te ter sem dor

Pela corrente forte das manhãs eternas
Longe de mim, dentro da tua saudade
Navego solto nos teus braços, nas tuas pernas
Para morrer, em ti, Eugénio de Andrade...
.
.
.
.
............................................................................... (ousei)

TrAnÇa

Os meus passos são seguros, apesar do caminho... Os meus olhos abrem-se, apesar da escuridão... As minhas mãos tocam, apesar do cansaço... O meu corpo ergue-se, apesar de ti...

17 de outubro de 2007

oLhAr-Te

E se não dissesse nada? Se ficasse simplesmente calado a olhar-te. A tentar perceber o tremer dos teus lábios. Com as pétalas das cores que sempre temos à flor da pele. Com a ternura da cumplicidade. Com a tremura na voz de quem se queima com as palavras de amor. E se não dissesse mais nada?

16 de outubro de 2007

oPaSs0éVeRtInGeM

Não pousarei o olhar para te ver de novo chorar assim... Sei que no teu quintal as flores são coloridas. Que o teu aroma é mais do que um simples passo. Que cada vertigem das tuas palavras é um rio que corre em mim. Não pousarei o olhar para te ver. Pouso-o para te saborear...

15 de outubro de 2007

c0rEsDaMiNhAaLmA


São as cores da minha alma que nos meus olhos navegam. Pelas palavras que digo. Que oiço. Que dizes. Perto demais. Às voltas numa tela de afectos onde nos perdemos. Porque a vida colore-se e colore-nos a cada passo de todas as sensações.

14 de outubro de 2007

aCoNcHeGo

É na ponta dos meus lábios que as palavras se encruzilham em todas as procuras. Em todos os labirintos e cores dos afectos. Aconchegados pelo olhar sempre mais profundo. Certas de que a sua vida é o meu peito.

oTeUn0mE

Não é o meu espelho que trago para te ver. Não é o seu reflexo que me alumia o caminho. Não é a tua voz que me adormece. Não é o teu tempo que me estremece. Não é o teu olhar que me abre. Não é o teu silêncio que me desagua. Não é a tua fome que me consome. Não é o teu rosto que me embala. Talvez o teu nome, que dentro dele tudo contém. Espelhos. Reflexos. Voz.

Tempo. Olhar. Silêncio. Fome.

12 de outubro de 2007

sEmFiCaR

Faltou o olhar no chamamento. A voz trémula da procura. O roçar da pele por dentro. A magia das palavras ao ecoar. Faltou a distância ou a permanência. Faltou-me o teu respirar na minha dança... Sem ficar, andamos todos por aqui.

11 de outubro de 2007

PeLe


Voltaria a passar por cima dos teus passos. Só para sentir outra vez o respirar dos teus sonhos. Só para adormecer de novo no aroma da tua pele... Vale a pena ir.

10 de outubro de 2007

v0lÚpIa

Perco-me em mim a cada fuga. Pelas marés violentas das tempestades e dos labirintos que invento... a cada passagem da tua alma por mim, do teu corpo pelos meus sonhos... Sou o meu próprio monstro dentro da minha paixão e da minha vida. A cada fuga, a cada passagem. Soam as palavras soltas por entre todas as fogueiras acesas nos vulcões que nos penetram por dentro sem pedir licença. Perto demais. Longe demais. Se calhar nunca chegando. De cada vez que nos procuramos...Perco-me em mim a cada fuga. Pelas marés violentas das tempestades e dos labirintos que invento... a cada passagem da tua alma por mim, do teu corpo pelos meus sonhos... Sou o meu próprio monstro dentro da minha paixão e da minha vida. A cada fuga, a cada passagem. Soam as palavras soltas por entre todas as fogueiras acesas nos vulcões que nos penetram por dentro sem pedir licença. Perto demais. Longe demais. Se calhar nunca chegando. De cada vez que nos procuramos...Perco-me em mim a cada fuga. Pelas marés violentas das tempestades e dos labirintos que invento... a cada passagem da tua alma por mim, do teu corpo pelos meus sonhos... Sou o meu próprio monstro dentro da minha paixão e da minha vida. A cada fuga, a cada passagem. Soam as palavras soltas por entre todas as fogueiras acesas nos vulcões que nos penetram por dentro sem pedir licença. Perto demais. Longe demais. Se calhar nunca chegando. De cada vez que nos procuramos...Perco-me em mim a cada fuga. Pelas marés violentas das tempestades e dos labirintos que invento... a cada passagem da tua alma por mim, do teu corpo pelos meus sonhos... Sou o meu próprio monstro dentro da minha paixão e da minha vida. A cada fuga, a cada passagem. Soam as palavras soltas por entre todas as fogueiras acesas nos vulcões que nos penetram por dentro sem pedir licença. Perto demais. Longe demais. Se calhar nunca chegando. De cada vez que nos procuramos...Perco-me em mim a cada fuga. Pelas marés violentas das tempestades e dos labirintos que invento... a cada passagem da tua alma por mim, do teu corpo pelos meus sonhos... Sou o meu próprio monstro dentro da minha paixão e da minha vida. A cada fuga, a cada passagem. Soam as palavras soltas por entre todas as fogueiras acesas nos vulcões que nos penetram por dentro sem pedir licença. Perto demais. Longe demais. Se calhar nunca chegando. De cada vez que nos procuramos...Perco-me em mim a cada fuga. Pelas marés violentas das tempestades e dos labirintos que invento... a cada passagem da tua alma por mim, do teu corpo pelos meus sonhos... Sou o meu próprio monstro dentro da minha paixão e da minha vida. A cada fuga, a cada passagem. Soam as palavras soltas por entre todas as fogueiras acesas nos vulcões que nos penetram por dentro sem pedir licença. Perto demais. Longe demais. Se calhar nunca chegando. De cada vez que nos procuramos...Perco-me em mim a cada fuga. Pelas marés violentas das tempestades e dos labirintos que invento... a cada passagem da tua alma por mim, do teu corpo pelos meus sonhos... Sou o meu próprio monstro dentro da minha paixão e da minha vida. A cada fuga, a cada passagem. Soam as palavras soltas por entre todas as fogueiras acesas nos vulcões que nos penetram por dentro sem pedir licença. Perto demais. Longe demais. Se calhar nunca chegando. De cada vez que nos procuramos...

9 de outubro de 2007

sÓp0rNóS

Sópelotoquedasmãos a pele macia saberá o quanto se espera... No canto da paixão, perto de nós. Sópeloventoforte os sorrisos saberão da voz sincera... No aroma das noites em que nos perdemos sós...Sópelofogodentro cantarei a vida... Sem te perder, nem mesmo à despedida!

8 de outubro de 2007

cHã0qUePiSo

Chão que piso. Em passadas que me pesam os anos.
Chão que piso. Em jornadas de amores e desenganos.
Chão que piso. Em cantos roucos da vida a passar.
Chão que piso. Em lágrimas de memórias de as pisar.
Chão que piso. Volta-te para mim, num olhar mais que profundo.
Chão que piso. Jardim de afectos, aromas do mundo.
Chão que piso. É em ti, que meu cansaço descansa.
Chão que piso. É em nós, que se confunde a dor e a dança.
Chão que piso. Leva-me contigo em braçada forte.
Chão que piso. Levo-te comigo na hora da morte.

7 de outubro de 2007

pErDã0

Não me tragas mais paz a minha casaQue o teu areal me inunda cada sonhoMe consome o peito e me arrasaSó porque sou palavra que em ti ponho...Não me mostres mais esse marQue cada onda é uma facada mais que mortalApontada à minha boca de tanto te cantarNo sangue fresco, perfumado e visceralNão me cales outra vez este cantoQue de saudade nos fere e beijaPerdoa-me apenas e assim me levantoPor um momento que seja...

5 de outubro de 2007

EmTi

-------------------------------------Perdi o beijo de tão forte
Perdi o abraço de tão preso-------------------------------------
-------------------------------------Perdi a vida ao olhar da morte
Perdi a distância num fogo indefeso-------------------------------------
-------------------------------------Perdi a memória nas ondas do passado
Perdi os rios em labirintos de dor-------------------------------------
-------------------------------------Perdi o encanto num caminho pesado
Perdi a fome nas mãos do meu amor...

4 de outubro de 2007

sAnGuEeMaR

Abre os braços assim. Para um abraço nosso. Onde cada sopro do teu respirar se torna um fogo na minha pele...

2 de outubro de 2007

p0uSo

Pouso o olhar na corrente
No sossego de cada passagem
Volto-me para ti, no teu andar doce e quente
De tudo ser fome, abraço e viagem
Pouso-me por entre todos os pés
As mentiras de cada passo dado
Regresso-me entre tudo o que para mim és
Na espuma do tempo distante e cansado
Solto-me no verso fundo que se silencia
Perto do mistério que em mim ouso
Tudo é mais que forte poesia
Sempre que fico e apenas me pouso...

1 de outubro de 2007

sEdIsSeRaDeUsÉoLh0sNoSoLh0s

Hoje dirijo-me directamente a todos. Talvez das poucas vezes que o faço. Mas apetece-me. Sim. Talvez das poucas vezes que me apetece. Não por achar que quem aqui passa não merece uma resposta. Mas só pelo facto de que assumi um estilo e assim pretendo continuar. Deixo-me aqui. Simplesmente. Nas palavras que nos podem ou não unir. Nas palavras que me escorrem no meio das outras, das imagens e das sensações. Nas palavras que não são para ninguém em particular e podem ser de todos. Nas palavras que apenas existem só pelo facto de que através das outras ou apenas da vontade as faço existir. Sem saber como. Nem porquê. Nas palavras que a pouco e pouco me foram transportando para o meio dos outros. Nas palavras que também criaram fantasias... Nas palavras que aprendi aqui que podem pesar mais do que eu pensava. Nas palavras que sei brotam do meu interior como um pássaro que se solta em direcção ao desconhecido. À liberdade. Porque este espaço é acima de tudo um lugar de liberdade. Não serve para prender ninguém. Muito menos a mim. E é isso que me sinto hoje. PRESO. Porquê? Porque pensei assim: Pedro, e se não houvesse palavras? Que seria de ti?
Porquê? Porque pensei assim: Pedro, e se não houvesse palavras? Que seria de ti? PRESO. E é isso que me sinto hoje. Não serve para prender ninguém. Muito menos a mim. Porque este espaço é acima de tudo um lugar de liberdade. À liberdade. Nas palavras que sei brotam do meu interior como um pássaro que se solta em direcção ao desconhecido. Nas palavras que aprendi aqui que podem pesar mais do que eu pensava. Nas palavras que também criaram fantasias... Nas palavras que a pouco e pouco me foram transportando para o meio dos outros. Sem saber como. Nem porquê. Nas palavras que apenas existem só pelo facto de que através das outras ou apenas da vontade as faço existir. Nas palavras que não são para ninguém em particular e podem ser de todos. Nas palavras que me escorrem no meio das outras, das imagens e das sensações. Nas palavras que nos podem ou não unir. Simplesmente. Deixo-me aqui. Mas só pelo facto de que assumi um estilo e assim pretendo continuar. Não por achar que quem aqui passa não merece uma resposta. Talvez das poucas vezes que me apetece. Sim. Mas apetece-me. Talvez das poucas vezes que o faço. Hoje dirijo-me directamente a todos.

p0eTa?


Não morrerei de madrugada
Talvez no mar
Deixarei minha voz calada
Só para nunca mais me calar

Não comerei à tua mesa
Talvez a fome
Cantarei então de novo tua beleza
Inscrita em cada letra do teu nome

Não verto mais lágrimas no teu caminho
Que os teus pés me sugam os odores
Parto no cais de andar sempre sozinho
Acompanhado por muitos sonos, demasiados amores

Sendo assim, paisagem, queda-te por mim
Agarra-te à memória e a tudo o que me dás
E de novo, transforma cada pedra num jardim
Onde a cada guerra possamos beber de novo a paz

Não morrerei nem comerei
Viverei a terra que me floresce
Nas palavras que nunca encontrei
Em tudo o que de dentro me cresce

Poeta? Pode ser, nas entrelinhas do nada
No jogo poderoso e improvável de cada verso
E assim, outra vez, à noite ou de madrugada
Tudo se transforma no seu próprio inverso

Por quem, afinal, tanta dor?
O silêncio do mar não existe
O poder da mesa no seu esplendor
Na corrente de tudo o que é mais que triste

oTeMp0

O tempo que passa Leva uma flor ao vento Que se faz poesia e raça Fonte, porta e lamento Curva-se o peregrino Sem ter medo da desgra...