Ser onda, em marés de ir e vir!
Ser pedaço de uma inquietação funda!
Arrancar a dor mais pesada, mais fecunda
Acordando a ternura de te desejar e sentir.
Ser este desejo em macios fogos de alto mar!
Ser a raiz dos calos que me pisam a estrada!
Abraçar a noite em perfume de eterna madrugada,
Vagabundo que se entrega em solidões de nunca estar.
Ser a palavra, o verso, o arrepio tremendo da flor!
Ser terra, cheiro rústico em pele que chora por mais!
Acreditar que sou nuvem no céu por onde te vais
Quando me cantas o perfume a que chamas amor.
Ser nada. Ser nada. Ser mesmo nada e disto me servir!
Tudo é vã memória e simplesmente assim!
Mesmo quando eu chegar ao fim...
Só porque sou onda, em marés de ir e vir.
1 comentário:
Um poema magnífico!
Beijinhos,
Ailime
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