29 de outubro de 2007

rEnTe

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Amanhece no meu coração
Rompe-se a madrugada no meu peito
Ando descalço, frio pelo chão
Onde encontro tudo vazio e desfeito
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Fujo das plantas e do vento
Nas janelas abertas de mim
Sou tão pesado que às vezes nem aguento
Mais um sopro, uma palavra de cetim
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Agasalho-me às vezes no manto
De retalhos e retalhos de todos nós
Para de novo acordar de espanto
Desatando e refazendo todos os nós
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10 comentários:

pin gente disse...

nós, laços, emendas e voltas é comigo mesmo... direito, de azelha, de barca, de fiel mordida, de prancha, de borboleta...
o que mais uso, é a volta de cotovia.
o que "mais" gosto, é o de cirurgião.
o que ainda não consegui fazer, é nó pinha de retenida
o que toda a gente sabe fazer, é o de meia volta e o nó simples também chamado laçada).
mas, o difícil é escolher o nó certo para a ocasião certa...

beijo sem nó
luísa

Maria disse...

Há nós que jamais se podem desfazer...

Um beijo, Pedro

Maria P. disse...

Palavras entre nós.

Beijos.

Anónimo disse...

Que linda esta tua "manta de retalhos" ...
um beijinho

tufa tau disse...

rente ao coração
amanhece o meu ser
na luz desse sol
que teima aparecer

teimoso ele seja
que volte a brilhar
e aqueça o chão
por onde eu andar

o desfeito se enche
o corpo refeito
plantas e vento
tudo fica direito

o peso aligeira
o sopro alimenta
palavras tecidas
em seda magenta

manto que acalenta
pespontos, retalhos
acordam serenos
da alma agasalhos

sem nós que me prendam
a nenhum tecido
desfeitos na pele
de um corpo querido


um beijo de cetim

ruth ministro disse...

Lindo. Este é o desafio mais importante da vida, desfazer e refazer nós... Laços.

Beijo

Adelaide Vala disse...

É no entrelaçado de nós, em nós, que nos sentimos. Que nos sabemos.

sombra e luz disse...

Que lindo poema...
Acordar de espanto é o melhor de estar vivo...

Maria Romeiras disse...

Pois, os nós é que doem a desatar... Beijinho.

tchi disse...

Cérceo e tangível.

oTeMp0

O tempo que passa Leva uma flor ao vento Que se faz poesia e raça Fonte, porta e lamento Curva-se o peregrino Sem ter medo da desgra...