Percorro a avenida deserta na manhã de nevoeiro. Não vou a lado nenhum. O tempo não existe. Sei que do outro lado da estrada não estás. Pouco me inquieta mais que o silêncio dos meus passos perdidos. Procuro o leito do rio para me abrigar. Nada melhor que a certeza das margens para perder o medo. Também não interessa. Não o sinto. Deixo-me simplesmente avenida abaixo, grito sufocado e sem nada no corpo. Não estou nu. Existo apenas avenida abaixo. Vagabundo nos sonhos que passam ou ficam. Talvez um chilrear me acorde. E aí consiga voltar a olhar-te nos olhos e dizer-te que um dia te desejei mais que o próprio caminho!
4 comentários:
Pssssiiiiuuuu!
Olha ali um passarinho...
Apeteceu-me brincar para ver se a neura passa. É do cinzento do dia ou da chuva...
Volto depois, Pedro.
Olá Pedro!
Gostei particularmente deste texto.
E mais não digo!!!!
Beijo meu
Som
Hoje vou por aí...assim...deixo-me ir por aí!
Desalento, desânimo, desilusão... será?
Na espera da tal avezinha que surgirá cantando para o despertar... atrevo-me a deixar-lhe a "Claridade" de Miguel Torga
"...Clareou.
Vieram pombas e sol,
E de mistura com o sonho
Posou tudo num telhado...
Eu destas grades a ver
Desconfiado
Depois
Uma rapariga loura
(era loura)
num mirante
estendeu roupa num cordel:
roupa branca, remendada
que se via
que era de gente lavada,
e só por isso aquecia...
E não foi preciso mais:
Logo a alma
Clareou por sua vez.
Logo o coração parado
Bateu a grande pancada
Da vida com sol e pombas
E roupa branca, lavada..."
Fique bem, Pedro
e
Abraço GRANDE
Não está nu.
Está vestido de muita alma este texto. PODEROSO a mexer comigo.
Imagem fabulosa de amor não correspondido. Mas doce?
Adorei!
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