Quando acordei, senti-me estranho por tal sensação. Um repentino cansaço
e vontade de correr. Uma euforia suada sem destino. Foi quando acendi a
luz no quarto e reparei que ainda era de noite. Afinal o tempo está
também cá fora, pensei. E foi nesse concluo fantástico que me levantei e
bebi um copo de água na cozinha. Afinal de contas somos animais. Quis
telefonar ao meu irmão mas não encontrei o telefone. Quis escrever-te
mas não vi a caneta. Quis obviamente cantar mas a voz saia-me
demasiadamente aguda. Quis então simplesmente olhar à minha volta e era
de noite. Regressar de onde viera não estaria nos meus planos e
assaltava-me a ansiedade de fazer qualquer coisa. Uma desbunda na
vizinha de baixo ou uma conversa de bêbados algures na cidade. Quem sabe
um passeio pelo rio simplesmente. Sentia-me estranho ainda e mal
conseguia sossego para sequer pensar. Estaria com pressa?
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