14 de janeiro de 2010

VaMoSiNvEnTaRuMp0eMa?


Vamos inventar um poema?
Vamos! O que é preciso?
Nós.
Nós?!!! Mas quais? Os que nos prendem ou o que nos unem?
Não é a mesma coisa?
Claro que não. Pensa bem.
Para inventar um poema não se pode pensar bem...
Ah, pois...
(Silêncio)
Como começamos?
Pode ser com uma palavra. Gosto dos poemas que começam só com uma palavra.
Diz tu.
"Amor".
Hum... isso determina logo o sentido do resto. Prefiro assim algo mais... livre.
O amor não é livre?
De um certo ponto de vista, não.
E tem de ser assim sempre?
Eu acho que não tem de ser assim sempre. Mas a vida já ditou as suas regras há muito tempo. Por isso é que o amor também é triste.
E o amor tem regras?
Claro que tem! Que disparate o teu...
Diz uma!
Deixa ver... "Tens de respeitar quem amas."
E não fará o respeito parte do amor?
Sim.
Então é uma regra desnecessária. Diz outra.
"Amar é dar-se todo."
Achas isso possível? Se nos damos todo, ficamos sem nada; tipo, vazios. E depois como é que alguém que está vazio consegue amar?
Pois... tens razão.
Estás um pouco baralhado, não estás?
Estou.
Já amaste?
(Silêncio)
Mas tu és poeta!
Hum... deixa ver. O meu caso. Não. O meu caso não é para aqui chamado...
Pois... por isso és poeta...
Ora aí está: sou poeta porque não sei explicar o amor.
Deixa-te de coisas. Não me digas que nunca tiveste uma mulher nos braços; que nunca pensaste numa pele, na saudade de uma pele; que nunca quiseste transformar poemas em vida...
Boa! Transformar poemas em vida!
Desculpa?
Sim! Vamos transformar um poema em vida.
Qual poema?!! Ainda não o inventámos!
Vamos inventar um poema?
(Silêncio)

6 comentários:

Maria disse...

Assim te fazes poema!
Assim o transformas em vida!
Tu, Poeta cheio de tanto, também por dentro...

Sorrio-te. Sei lá porquê. Porque me apetece, pode ser?

ruth ministro disse...

:)

Só tu para me fazeres ler letras deste tamanhinho, até ao fim... E com um sorriso no rosto!

Beijos

MisteriosaLua disse...

Tão simples! And yet, tão repleto!

Beijos, Poeta!

zmsantos disse...

Um belo diálogo que, por certo é um monólogo ditado pela inquietação.
Vamos inventar um poema. Vamos inventar a vida, ela também, como o amor, tão inexplicável.

Abraço.

Anónimo disse...

"Para inventar um poema não se pode pensar bem..."

e

"pensar é estar doente dos olhos"
Fernando Pessoa.


um lindo poema ao amor.

beijos Pedro

as velas ardem ate ao fim disse...

so tu para me fazeres sorrir....

um bjo poema!

oTeMp0

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