1 de janeiro de 2010

qUeReSqUeTeCoNtEuMsEgReDo?



Respira-me a pele por entre o naufrágio.
Sabemos bem a cor da saudade!
Abre em mim vôos sem tempo nem idade,
Pequenos momentos de fome e contágio
Tão cheios de água em versos eternamente quentes.
Assim são os gritos dos amantes ausentes...

Morde-me o mel de cada beijo ainda vivo.
Sabemos bem o sabor da saudade!
Cola em mim mais uma solidão da cidade,
Rasgões vagabundos de frio intenso e cativo
Tão vazios de passos, presos e meio dormentes.
Assim são os gritos dos amantes ausentes...

Prova-me o peito do desejo que brilha.
Sabemos bem o calor da saudade!
Floresta de ventos e marés na eternidade,
Labirintos e rendas de um caminho que se trilha
Tão fortes, tão sonhos, como os hinos das almas crentes.
Assim são os gritos dos amantes ausentes...

Bebe-me o leito perdido no sangue dos infernos.
Sabemos bem a dor da saudade!
Margens e lençóis uni
dos da humanidade,
Sedentas da memória, de amores eternos
Tão inquietos caminhos de rios e correntes.
Assim são os gritos dos amantes ausentes...
.
.
.
.
Queres que te conte um segredo?
Sem nunca ser tarde nem nunca ser cedo?
Passemos então o dedo pela linha do papel:
A cor da saudade é uma tela desenhada na pele
Cheia de sabor, como um pote cheio de mel
Que se guarda em cima da mesa...
Passemos depois o sorriso leve, mas sempre a direito:
O calor da saudade é uma cicatriz gravada no peito
Lambuzada de lágrimas e dor, como um leito
A que chamamos vida e natureza!

8 comentários:

Paula Barros disse...

Que poema bonito, diferente, intenso, pulsante....

A saudade cravando no peito os dedos afiados.

Gostei das imagens contidas nas palavras.

Maria disse...

Como comentar um poema que fala de tanto, de quase tudo...
Consigo ler pedaços de ti em cada verso, como se o teu andar hoje fosse um pouco disperso e as palavras te saíssem assim, num jeito menos sisudo
Gosto quando contas o segredo assim, como quando não há medo, quando o amor vem sempre cedo e os amantes ausentes gritam em voz muda...
Como falar da saudade pintada com todas as cores, como o são todos os amores não importa se dormentes ou quentes, com frio ou em desvario, mas presentes, em rios ou mares, mas presentes, de vento sul ou de vento norte, talvez ausentes...
Digo-te que há amores presentes nas ausências, como os há ausentes nas presenças. E são todos muitos fortes...
Como falar do resto que é tudo o que escreves... do beijo que sabe a mel, do toque doce da pele, da vida que respira em ti...

Tantas palavras escrevi e disse nada, pelo menos não disse tudo. Porque o teu olhar diz tanto, e é nele que eu hoje mergulho...

Abraço-te, Pedro!

Maria P. disse...

Lindo, que dizer mais?...

Feliz 2010*

Beijinho, Pedro.

OUTONO disse...

Procurei comentar...e voltei a ler.
Busquei palavras para comentar...e voltei a ler.
Apenas...INTENSO!

Um abraço!

zmsantos disse...

Sempre esse teu universo de eterno menino, lambuzado em mel e telas desenhadas. Mesmo com as cores da saudade...

Abraço.

cristal disse...

Pedro

O sabor da saudade também pode ser a mistura de lágrimas e gotas de chuva que o vento vai secando...

Mas esta Saudade adoçada num mel de palavras é simplesmente deliciosa.

Belíssimo post!

Desejo um Feliz Ano de 2010!

Um Abraço

Anónimo disse...

Quero...
Conta-me. assim com cores. assim doce.
conta-me. estou aqui a ouvir-te.
sempre.


um beijo meu (o 1º deste ano...) :))

Lídia disse...

... o amor é um segredo bom.

oTeMp0

O tempo que passa Leva uma flor ao vento Que se faz poesia e raça Fonte, porta e lamento Curva-se o peregrino Sem ter medo da desgra...