São os
caminhos de sempre. O rio e a luz. Os sorrisos e as vozes da memória. Qual o
peso do tempo quando regresso ao Porto? Esqueço-me dos passeios já pisados, das
esquinas e do ar. Já não existe o campo de futebol. Agora é verdadeiramente uma
estrada depois de ter sido o que nós quiséssemos... É como um acordar de um sono profundo que é a
vida. Quem sabe a minha avó me vem chamar para a mesa ou a mãe leva a roupa à
lavandaria. E se o Armando tivesse o campeonato já preparado? As primas grandes
estão em casa. E os caminhos são os de sempre. O rio e a luz. Até os novos
semáforos e sentidos obrigatórios não conseguiram apagar esse tempo! O Porto é
a minha cidade e eu estou longe. Saí de lá demasiadamente cedo. Abdiquei da
minha cidade e abdiquei da vida. Gostava de sentir esse reencontro com ela.
Podia ser que finalmente encontrasse a paz.
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