26 de novembro de 2009

f0MeDoVeNt0


De olhar pousado na solidão
Sirvo a fome do vento
Piso os calos da rouquidão
Porque sem ti, não sei se me aguento

Perco-me nos passos da imensidão
No ronco forte deste sonho lento
És assim, doce manto e canção
Dentro de mim, como mel e alimento

Felina, fera e perdição
Névoa, tabuleiro e cimento
Voltas sempre no regresso da minha mão
Partes no perfume que no meu peito acorrento

Gota de lágrima e perdão
Felicidade nua e sofrimento
Devolves-me o olhar em inquietação
E meu corpo em cada momento

De ti, de mim, memória e alçapão
Fortaleza de viagens e esquecimento
Este querer calado em sofreguidão
Este ser e ter, como um monumento

4 comentários:

Ana Cristina Cattete Quevedo disse...

Ah, essa entrega tão profunda...
Esse amor desmedido, essa loucura sem solução...

Tanto gozo e alegria, e ao mesmo tempo tanta desilusão, tanta lágrima, tanto esquecimento...

E vale a pena? - pergunto.
E respondo: Cada momento.

Maria disse...

Reconheço o azul deste mar no brilho do teu olhar. Faço a estrada passo na passo sempre com o cheiro a sargaço. Na minha memória em pedaços deixo a tua inquietação. De um amor assim sofrido não há sentido ou perdão. Talvez um dia possas voltar quem sabe ao mesmo lugar. E a lágrima do cansaço secará quando sentires o meu abraço.

Se eu soubesse do que é a minha fome... mas gosto da tua, do vento...

Um beijo, Pedro

Anónimo disse...

Um dia vou conseguir fazer um poema
com as palavras que não Te sei dizer...

Um, beijo, um abraço, e muitas saudades.

Maria disse...

Sabes que hoje matei um pouco a minha fome? E ontem?
Quase rebento de tanto de tanto de tanto... de tanto!

Quantos beijos posso deixar?
Então esses todos...

oTeMp0

O tempo que passa Leva uma flor ao vento Que se faz poesia e raça Fonte, porta e lamento Curva-se o peregrino Sem ter medo da desgra...