15 de fevereiro de 2010

eSpEr0-tE

Espero-te neste tempo de silêncio e grito
Que passa tão devagar, sem fim...
Solto-me em lágrimas de um poema ainda não dito
De um sofrer interdito
Um sangue maldito
Só porque ainda te tenho em mim...
.
Espero-te, mãe. Com um sorriso e uma flor de Primavera
E fico tão nu, perdido no meio do teu jardim...
Ansioso como quem se dilacera
Aos poucos em forte quimera
Um sossego que não se gera
Só porque ainda te tenho em mim...
.
Espero-te e rouco me deixo vagabundo perto de uma qualquer ponte
Que me levará em fugas sem dono ou Alecrim...
Na ilusão que me consome de fronte
Eterno e turvo horizonte
Secura entre a foz e a fonte
Só porque ainda te tenho em mim...
.
Queria dizer-te adeus ou quem sabe cantar
Chorar tudo e deixar-me assim...
Para que consiga de novo chegar
Ao teu ventre para outra vez me gerar
E tudo recomeçar.
Só porque ainda te tenho em mim...

12 comentários:

Maria disse...

Engoli todas as palavras que me ficaram atadas em nó na garganta e agora não querem sair. Sei-te, ah, como te sei! E a canção ainda a oiço cá dentro. E arranca-me bocadinhos...

Abraço-te. Tanto...

Ailime disse...

Estive agora a revisitar algumas das coisas que vou deixando no meu cantinho e detive-me na expressão que teve a amabilidade de sublinhar num esboço de "poema" com que me atrevo por vezes a deixar a minha alma falar.
Desculpe este meu desabafo, mas só para lhe dizer que gostei muito, mas muito deste seu poema em que também retive esta expressão "ainda te tenho em mim"!
Muito bela esta forma de continuar a amar sua Mãe.
Muito grata pela sua visita e se me der permissão vou acrescentá-lo à minha lista, porque gosto de muito de poesia, desta poesia.
Um beijinho.

Ailime disse...

Peço desculpa por vir aqui de novo, mas deixei um "de" a mais no comentário acima.
Isto é também um pretexto para lhe dizer que li alguns dos seus poemas e voltarei para os ler todos, porque são...notáveis.
Bem-haja.

_Sentido!... disse...

E terás sempre Pedro, porque há ADEUS que não sabemos dizer.

Beijo.

Maria Oliveira disse...

Há memórias que são inabaláveis...

Parabéns pela poesia.
Abraço

Mª João C.Martins disse...

Não, não vou comentar o seu poema...
Prefiro sentir apenas o que o conjunto das palavras faz em mim, imaginando-as ditas, projectadas cá dentro.
Ser poeta é ser mais alto... entender o poeta é, ter a humildade de se sentir pequeno ao seu lado.

Um abraço e, volte sempre!

cristal disse...

Pedro

Palavras que doem...porque há uma dor omnipresente cravada na pele e que faz empurrar as lágrimas...as lágrimas que são imensas e tão teimosas!!
E lembrei Mafalda Veiga: "....Fica em mim que hoje o tempo dói..."
E quando o tempo dói...faz-se um esforço ENORME,mas ENORME mesmo... para recordar/reviver os momentos doces que a vida vai proporcionando.
E aqueles que nos amaram (e que amámos)ficarão para sempre dentro de nós.

Abraço Grande

Anónimo disse...

só quem passa por estas situações sabe...

Tens e Terás sempre em Ti a Tua Mãe. a dor ainda está colada á "ausência" que é apenas não çhe poderes tocar, abraçar...
de resto ninguém nos tira o que é nosso.
A Tua Mãe será sempre a Tua Mãe.
e o Vosso Amor é eterno.

Desde miuda que foi a minha avó e o meu avó que tomaram conta de mim, hoje não os Tenho. No entanto hoje estão comigo. sempre. Já passaram 17 anos desde que a minha avó partiu no inicio parecia o fim, agora muitas vezes penso Nela e Nele para andar com a minha vida para a frente.

desculpa estas palavras todas, mas toca-me muito ler-te. ouvir-me. e sentir tudo isso.

um abraço Pedro

Anónimo disse...

tenho alguns erros em cima "lhe" e avô...
fiquei com os olhos embaciados.

Som do Silêncio disse...

A ti, e só para ti, deixo o meu abraço e o meu beijo.

Beijo meu
Som

Som

viajantes disse...

é lindo...
quanto amor.
um beijinho.

Filoxera disse...

Ainda não encontrei as palavras certas para te dizer. Porque este poema merece mais que trivialidades.
Gostei do facto de o título ser como o do meu post :-)
Um beijo, Pedro. De quem sabe que os que partem continuam connosco, de alguma forma.

oTeMp0

O tempo que passa Leva uma flor ao vento Que se faz poesia e raça Fonte, porta e lamento Curva-se o peregrino Sem ter medo da desgra...