27 de março de 2014

mÃe

Porque te choro ainda, mãe? Porque é que vagueio inconsciente entre as memórias e o esquecimento? Porque é que parece que falta qualquer coisa na minha vida? Porque é que também quero recusar mais lágrimas? Que o tempo foi tamanho e a minha pele está carregada do teu cheiro e do teu toque. Que a minha voz sussurra-se na ternura das tuas histórias. Que as minhas mãos transportam o poder dos teus passos. Que o meu olhar quer voar longe. Gostava de poder dizer-te tantas coisas... ouvir-te a rir. Sentir a tua emoção no calor da minha loucura. E descansar. Sabes, mãe, todos os filhos descansam junto das suas mães... Os dias correm entre o cinzento e a balbúrdia de cores, nos gritos de todos e mesmo assim sinto vazio. Há tanta gente a gritar, mãe. E eu também quero gritar. Mas não consigo. Não estás cá.

2 comentários:

Parapeito disse...

como eu entendo este grito...porque acho que é um grito...
É uma saudade que não passa...só se acomoda...mais nada.
brisas doces *

Maria disse...

Falta sim. E vai faltar sempre. E não passa com o tempo. E cada sorriso que atiras ao vento pode trazer o cheiro que tão bem conheces. Porque é assim mesmo. Logo terás mais um sorriso ao pé de ti. Logo. logo...

oTeMp0

O tempo que passa Leva uma flor ao vento Que se faz poesia e raça Fonte, porta e lamento Curva-se o peregrino Sem ter medo da desgra...