13 de abril de 2010

EsTeLaGoDeMiM


Sabemos das marcas que nos ficaram na pele. As amarras do tempo em corrente e leito. Sabemos sempre as canções todas de cor. A dor de ter tanta dor a escorrer no peito. O vento mais-que-perfeito. E em ti faço amor, me desfaço em amor e me deito...
Sabemos das fechaduras da história. As esquinas todas que o corpo nos deixou. Sabemos sempre tudo quanto em nós passou. E não ficou. Pousou. Arriscou ser e se transformou. Lágrima a lágrima e o rio transbordou. Sabemos tudo deste caminho que nos juntou...
Sabemos das dores do passado entre os dedos. Os passos andantes de um vagabundo dentro de si próprio. Cada nova rima outra paisagem. Cada verso, prisão e miragem. Cada memória uma nova viagem. Cada grito, sangue que inflama!
E é assim que a minha voz te chama. Quero morrer em ti. Sobre os pedaços da tua raiz. Entre o ventre que te trouxe petiz. Na tua voz doce de contos infantis. Neste parto de vir e ficar matriz. Cicatriz. Imperatriz. Eterna e sempre, Paris! Este lago de mim onde me sorris. Para outra vez nascer e ser feliz!

5 comentários:

Maria disse...

Percorres as palavras e o tempo como se fosse a última vez. Sei da dor de ter tanta dor a rasgar o peito.
Pousas o olhar no rio que queres mar e lago ao mesmo tempo. E vejo duas lágrimas quentes a escorrerem no leito.
Caminhas passo largo nas ruas que reconheces e queres rever. E a saudade de tudo a apertar o coração.
Oiço os teus gritos silenciosos e da tua boca nasce outra canção. Rasgas-te de tanta inquietação.
Respiras o ar em busca de novo fôlego de nova vida. Raiz de ti! Que continuas de pé e és árvore quando estendes os braços e abraças os teus frutos. Que com sorrisos te vão sarando a cicatriz.
Com tempo no tempo e a tempo voltarás sempre a nascer. E sei que já és feliz!

É deste lago de ti que te sorrio. E te abraço, num abraço que é só nosso.
(as lágrimas também podem aquecer o peito...)

Filoxera disse...

Linda, a foto. O post também.
Mas estampa uma dor que não conheço nem vou comentar.
Um beijo.

M(im) disse...

Se juntasses todas as palavras que escreves num lago, mergulhava nele, inexoravelmente.
Consciente de que me afogaria em tanta beleza.
Feliz.
Lindo, como sempre!

Mª João C.Martins disse...

E os lagos que somos, de dores tantas, pedaços de encontros e desencontros dentro e fora de nós..

Gostei muito!

... a cada instante ... disse...

As cicatrizes invisíveis aos olhos, mas que sangram frescas no nosso peito...

Perfeito, como sempre!Parabéns!

Abraço apertado.

oTeMp0

O tempo que passa Leva uma flor ao vento Que se faz poesia e raça Fonte, porta e lamento Curva-se o peregrino Sem ter medo da desgra...