1 de julho de 2010

oChEiRoDoMeUcAiXã0


Leva-me o vazio em tons sépia de tanta sede
Leva-me o reflexo do passado de encontro à parede
Leva-me a saudade em alicerces de solidão
Levo-me eu, passo a passo por entre o cheiro do meu caixão.
Leva-me o silêncio dos gritos animais e perdidos
Leva-me o corpo dos momentos de suores já esquecidos
Leva-me a ternura do vento que me abraça a palma da mão
Levo-me eu, passo a passo por entre o cheiro do meu caixão.
Leva-me o olhar que espera na ferida de um tempo que não pára
Leva-me a paz, a fome, a guerra, a miséria, o toque leve no amarelo da seara
Leva-me quem chama, em chama, no Sol da inquietação
Levo-me eu, passo a passo por entre o cheiro do meu caixão.
Levam-me as cores que se pintam nos versos e nas paisagens
Levam-me as telas, os papéis, os lápis de todas as paragens
Levam-me os Homens que se amam no ódio da insatisfação
Levo-me eu, passo a passo por entre o cheiro do meu caixão.
Leve. Leve com o peso deste leito que se carrega assim
O improvável sorriso de quem se sente perto do fim
Que de leve leve vem o pioneiro de uma vida em paixão
E um dia, quem sabe, se deixará levar, no pó de todos os cheiros do meu caixão.

4 comentários:

Maria disse...

Ainda me consegues surpreender com aspalavrasquenosunem.
Desfaço-me em suores. Acho que vou beber água e uma bebida forte.
Volto depois. Posso convidar-te para jantar?

Beijo
:)

OUTONO disse...

A palavra "caixão" escurece a vontade de continuar...
Mas o teu orlar de sentires tão naturais...dão um perfume a esta poesia...e amamos "o cheiro" que rasgas neste poema.

Força amigo!

Anónimo disse...

Então Pedro?
Ok! é um poema! Mas que raio de palavra "caixão"...

deixas-me assim cheia de nós na garganta.

vou fumar um cigarro e volto mais logo.

como é que um rapaz de olhar meigo e sorriso malandro pode sequer pensar em semelhante?

beijo volto já.

Maria disse...

Levo-te, cheio de ti, em todas as cores
Trago-te as minhas mãos cheias de tantos amores
Levo-te com o vento voando sem destino
Trago-te numa nuvem azul em desalinho
Levo-te na nortada, maré de ir e vir
Trago-te no sudoeste sempre a sorrir
Levo-te nas asas do pássaro da paixão
Trago-te quando os teus passos forem solidão
Levo-te num campo de trigo seara à espera
Trago-te numa papoila ceifada à terra amarela
Levo-te mar adentro com cheiro a sargaço
Trago-te, por fim, sempre no meu abraço.

E beijo-te.

oTeMp0

O tempo que passa Leva uma flor ao vento Que se faz poesia e raça Fonte, porta e lamento Curva-se o peregrino Sem ter medo da desgra...