4 de janeiro de 2011

nAr0uQuIdÃoDeMiM

Posso ter um olhar de terunura
Uma fonte no peito de doçura
Quem sabe um rio que perdura
Ou talvez só um silêncio mais...
Posso cantar as horas da madrugada
Em sossegos fortes, de mão dada
Quem sabe a alma esvaziada
Me diga onde estás e onde vais...
Posso sentir o mar mesmo aqui em frente
Riscar do mapa as colinas do presente
Quem sabe um manto de um tempo ausente
Na rouquidão que atiras ao meu ouvido...
Posso deixar que sonhos morram sem saber
Chorar a inquietação ao anoitecer
Quem sabe jogar a vida e perder
Numa gruta onde me econtro, perdido...
Posso ser tanta coisa e poema e fecundo e maré em sobressalto
Que dos meus pés, nascerão flores do asfalto
Sempre que na saudade o amor gritar mais alto
E enfim descansar, como quem acorda mais um beijo...
Posso nem sequer conhecer as palavras do mundo
Ou desfazer-me num orgasmo louco e profundo
Entre um cavaleiro à solta e um vagabundo
Que namora o seu próprio desejo...
Posso e posso, quero e quero, mas tudo dança
O pecado de um toque doce de criança
Quem sabe na cor mais viva da lembrança
Entre o que há, mesmo que sejam só versos tristes...
Posso atirar tudo ao ar e outra vez nascer de mim
Feito uma história que nunca terá fim
Quem sabe o mais belo e tenro jardim
Na minha pele, só porque existes!

2 comentários:

Maria disse...

Muito forte.
É só o que quero deixar aqui escrito.

Abraço-te.

Anónimo disse...

é tão bonito. tão doce. tão Tu.

beijo e um abraço apertadinho.

oTeMp0

O tempo que passa Leva uma flor ao vento Que se faz poesia e raça Fonte, porta e lamento Curva-se o peregrino Sem ter medo da desgra...