5 de novembro de 2013

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Se fores a Paris
Diz ao Sena da minha tristeza.
Conta-lhe as coisas que fiz
Mostra-lhe a cor da minha mesa
Do meu leito ou regaço.
Se fores a Paris
Conta-lhe que as coisas que faço
São da magia do nosso amor
Do ventre e do teu calor
Onde choro e rio também.
Se fores a Paris
Lembra-te da minha mãe.

Se fores a Paris
Diz ao Sena da minha voz.
Conta-lhe que ainda sei ser feliz
Como um rio junto da foz
Da margem ou da fonte.
Se fores a Paris
Deixa-te ficar numa ponte
E lança os teus olhos na corrente.
Cada lágrima passará junto dos cais
Para te cantar mais e mais
Aquela dor que ainda se sente e sente
E que teima em não ser cicatriz...
Se fores a Paris
Procura a minha morte no passeio junto ao rio
Essa é a minha história, o meu fio.
A passagem entre o cá e o lá
Essa terra que não há
Ou a que teimosamente me diz:
Pára de chorar e canta
Deixa que quando for a Paris
Deitarei o teu sangue como uma manta
Sobre o espelho do teu passado
Esse que te consome por todo o lado
Que te fala verdade e que te mente
Que se confunde com o presente
Ou que te fecha os punhos em luto puro
Só porque ainda não alcançou ou futuro
Ou tudo o mais que se pode dizer de quem
Traz no ventre a sua própria mãe
E grávido de muito, te grita num beijo doce
Vai a Paris como se fosse
Fazer amor por todo o lado
E depois, de mansinho e sem perguntar
Adormece o meu desassossego acordado
Para finalmente eu poder regressar...
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15 dezembro 2009. Foto retirada da net.

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O tempo que passa Leva uma flor ao vento Que se faz poesia e raça Fonte, porta e lamento Curva-se o peregrino Sem ter medo da desgra...