Pode um rio ser um corpo, um nada?
Em corrente de memórias apenas…
Calar-se e nunca mais ser estrada
Perder a cor, as vestes amenas
Com que sempre vestiu as suas margens…
Pode um rio ser um manto de passagens?
Pode um rio ser um espelho morto, fechado?
Em túmulos presos aos seus próprios gritos…
Perder a voz, onde o retrato nem sequer é guardado
Tricotar-se em labaredas de dor e saudade, interditos
Com que sempre o vazio se veste de gala para dançar
Enquanto as chagas se vão deixando sangrar…
5 comentários:
um rio pode ser tudo, e pode ser nada!
pode encher-nos de cor na sua transparência, misturar com o seu caudal as nossas lágrimas...
pode abraçar-nos no ziguezaguear do seu caminho, quando ao longe as suas margem parecem tocar-se de mansinho.
deixo-te um beijo, pedro
Pode. Por um tempo. Depois solta-se a água da fonte e o rio volta a ser rio. Com o tempo. Verás que o rio voltará a serpentear montes e vales e a reconstruir as suas próprias margens. A seu tempo. Como a Vida!
Abraço-te, Pedro
Pode :)
Se queremos...pode !!!
Bjito
O Rio é sempre igual a si próprio, comprimido nas margens que o apertam, o seu tom verde deve ser provocado pela natureza que por norma o rodeia, no rio correm memórias, vidas.
Mas o Rio não muda, apenas o nosso olhar se altera e a imagem fica deturpada.
Se os olhos são o espelho da alma, a visão do rio é um reflexo disso mesmo...
bem, parece que me deram corda :)
um beijo
Um rio é um princípio, mas é também um fim. Mas fica muito dele nas suas margens.Que permanece depois da passagem das águas.
Eu sei que me entenderás.
Agora todas as palavras estarão a mais, tantas vezes, quase intrusas na dor que é tão singular.
Um abraço
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